A Esquerda que eu conheci era revolucionária, acreditava que todo e qualquer rico enriquecera expropriando os demais, que a “culpa” pela pobreza existir era por um esquema, sistema de soma zero, se alguém ganha é porque alguém perdeu, mas a Esquerda contemporânea é pior, ela parte do princípio de que mesmo não tendo uma relação de exploração instaurada, a desigualdade é imoral e para restabelecer esta moral, a expropriação dos ricos tem que se dar. A antiga Esquerda condenava a exploração, a atual endossa a exploração em sentido contrário. No que uma certa Direita coaduna com ambas as Esquerdas? Quando alguns direitistas acham que uma elite global, que alguns ricos mantém outros povos, com seus ricos, pobres e remediados em situação de pobreza relativa. A solução para estes vira então, um belo e pomposo discurso com polpa nacionalista, mas cuja semente não passa de protecionismo, isolamento e medo. Esta é a raiz do sentimento anti-imigratório em países que se formaram e desenvolveram com a imigração. Esta é a raiz do pré-julgamento contrário e negativo sobre uma empresa global, cujo criador e principal detentor expressou opinião simpática a uma Esquerda (ainda que moderada). O que os une não é senão um sentimento de fraqueza que não trata todos por igual, sobretudo se o que “o outro” crê é algo distinto de mim. Para estes pseudo-liberais que falam em “censura” não existe o questionamento de quando se pode censurar alguém, pois nós o fazemos todos os dias em nosso ambiente privado. Ambiente PRIVADO, difícil entender? Sim, para muitos, as regras valem só para os outros. Para quem realmente defende a Liberdade, ela vale inclusive para quem quer se manter um idiota, desde que seja com sua própria vida, em seu próprio espaço e em sua própria EMPRESA.
Agora lembre-se, o raciocínio que guia a Esquerda contemporânea, dita Pós-Moderna de que devem existir cotas para “minorias” — mesmo que pardos sejam maioria em nosso país e haja mais mulheres que homens, estes são exemplos de “minorias” na novilíngua — é o raciocínio de quem acha que deve regular um espaço público. O que você espera que irá acontecer quando a regulação de um espaço privado pelos seus descontentes for sacramentada? Todos os espaços de convivência terão interferência alheia por força de Lei. Vai vendo, mas se depois vier chorar aqui, eu devo dizer “eu não te avisei” ou “VTNC”?
Enquanto nossos PhDs de Facebook se digladiam sobre censura, gênero, doutrinação e globalismo, dia 24 passado foi comemorado o 25º aniversário mundial da redução da pobreza. E não apenas em termos proporcionais (já que a população global segue aumentando), mas em termos absolutos mesmo.
No início do Século XIX tínhamos 94% da população mundial vivendo em pobreza extrema, com menos que $1,90 ao dia (ajustados por poder de compra atual, claro). Em 1990, este índice caiu de mais de 90% em 1820 para 34,8% e agora, em 2015 para apenas 9,6%. E ainda tem louco achando que o mundo vai de mal a pior…
No último século, mais que 1,25 bilhão de pessoas deixaram a extrema pobreza — o que equivale a mais de 138.000 indivíduos todos os dias. Se você levar cinco minutos para ler este artigo, outras 480 pessoas irão sair dessa condição de miséria também. Enquanto em 1820 tínhamos apenas 60 milhões de pessoas que não viviam em pobreza extrema, em 2015 eram 6,6 bilhões.
40% dos miseráveis que ainda restam no mundo vivem na Nigéria e na Índia. Segundo dados do Banco Mundial, em 2013 tínhamos 746 milhões nesta situação, dos quais 380 milhões residiam no continente africano, 86 milhões na Nigéria. Outros 327 milhões na Ásia, com a maior parcela na Índia (218 milhões) seguida da China que adotou, ainda que parcialmente, o capitalismo com 25 milhões. Outros 35 milhões estão na América do Sul (19 milhões), América do Norte (13 milhões, não esqueça que esta inclui o México), Oceania (2,5 milhões) e Europa (700 mil).
O que está acontecendo? Tomemos o caso indiano como exemplo: desde as reformas liberalizantes em 1991 que a renda média do país cresce 7,5% ao ano. Em cerca de 25 anos, a média nacional triplicou mais que no quartil anterior. Dos anos 90 até hoje, a taxa de pobreza indiana declinou quase 24%. Se tomarmos a casta mais pobre da sociedade indiana, a redução da pobreza foi ainda maior, 31%.
E na Nigéria? O PIB per capita nigeriano aumentou 800% desde o novo milênio, de $270 para mais de $2.450. Ainda é pouco para as necessidades do país, mas repare na velocidade dessa mudança e veja de uma maior perspectiva. É animador…
Se pensarmos em todo o desempenho econômico mundial a partir da Revolução Industrial entre os séculos XVIII e XIX, nós assistimos a uma segunda guinada histórica ocorrida a partir dos anos 80, com o processo de Globalização.
Não, não escaparemos do eterno fado humano de sempre carregarmos nossos problemas e com eles, nossos dilemas. O envelhecimento da população global que passa por essas transformações no mercado de trabalho e processo de urbanização é apenas uma aurora do que está por vir. A robotização e a genética nos imporão questões éticas de difícil resolução (o que é tema para outro artigo), mas com certeza, a pobreza absoluta será coisa de um passado distante.
Mas no atual presente não deixa de ser preocupante a ausência da América Latina no conjunto de países que estão fazendo sua revolução liberal, a única que deu certo. Onde estão nossas elites para conduzir isto? Na verdade, países como o Brasil e Argentina têm elites voltadas para trás, como se fossem lunáticos descendo escadas rolantes ao contrário.
Então resta a vocês formarem uma nova elite do pensamento. Esta é sua principal tarefa.
Lembro-me como se fosse hoje, quando jovens de periferia marcavam encontros em massa nos shoppings paulistanos em 2014. E em liminar polêmica, juiz determina que os jovens de periferia seriam multados em R$ 10.000,00 pela prática de “rolezinho”, independente de danificar qualquer objeto nas dependências do estabelecimento privado. Na verdade, o que se viu, foi que havia “direitos distintos em choque”, o dos lojistas do referido espaço e o dos usuários que não estavam ali para gastar ou consumir qualquer produto que não fosse seu espaço gratuito.
O povo que sempre procura na legislação, brechas para seu ativismo considerou a decisão um “direito a segregação”, mas o que está em jogo aí não é só o direito de ir e vir, mas como ir e vir. É um caso análogo ao dos ambulantes, que querem trabalhar e procurar meios de sobreviver, mas não raro o fazem se apropriando de um espaço público, passeio, calçada que permite às pessoas garantir o seu direito de ir e vir e acesso aos lojistas e comerciantes que pagam suas taxas e tributos para estarem ali.
Max Weber considerava, como é bem sabido, a dominação como tipificada em três tipos-ideais (modelos), a carismática, a tradicional e a racional-legal. Para sermos didáticos, a primeira poderia ser de um líder religioso, uma aiatolá, p.ex.; a segunda, da monarquia; a terceira, comum nas modernas sociedades burocratizadas e dependentes de um corpo jurídico bem extenso. Análogo a isso, seu estudo sobre a cidade enfatizava formas de domínio não clarificados por nenhum dos modelos dessa tipologia. Na sua obra Economia e Sociedade, ele considera a tipologia das cidades através do conceito de “dominação não legítima”, isto é, não especificada por nenhuma norma legal explícita. Assim como isto ocorre no meio urbano, formas de domínio através da estruturação da cidade, outros se formam no atual ambiente virtual e não são devidamente contemplados pela legislação. Aí se insere a confusão em relação à postura do Facebook (FB) e a acusação de que esteja “influenciando as eleições”, enquanto que foi justamente o contrário.
Em primeiro lugar, o FB é uma empresa pública? Foi tombado como Patrimônio Mundial da Humanidade? Assim como comemoramos que a LATAM puniu um funcionário que assediou turistas russas porque ela tem esta autonomia, por que discordamos do mesmo princípio ao FB de deletar contas de quem entenda como discordando de seus princípios de convivência? Veja… Muitos liberais brasileiros que atualmente se enquadram como “de direita” no Brasil se posicionaram à época dos “rolezinhos” contrários a tais manifestações porque, afinal de contas, o espaço dos shoppings era privado. Então, por que diabos agora deveria ser diferente? Por quê? Só por que os envolvidos são de grupos e páginas das quais eu concordo? Além do mais, grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) sempre tão zelosos de erguer o estandarte do liberalismo parecem ter esquecido (ou nunca leram e se leram não entenderam) o que disse Milton Friedman em seu Capitalismo e Liberdade, no qual defendia que qualquer forma de contratação deveria ser válida em nossa sociedade fosse ela baseada em premissas positivas ou negativas de quem fosse o contratado, seja por critérios racistas, anti-racistas, homofóbicos, transgêneros, feministas, machistas, nacionalistas, multiculturalistas etc., o que fosse! Os governos simplesmente não deveriam se intrometer na livre contratação e atuação das empresas, então por que cargas d’água deveria o FB agir segundo uma norma estipulada por algum estado? E o MBL não está dando azo ao controle estatal? Ao contestar a liberdade empresarial do FB está sim. Está se comportando de modo anti-liberal e profundamente intervencionista, para regozijo de Mussolini.
Não há muito a prever, mas há muito a dizer. A demografia é daquelas condições da qual não se pode ignorar, não para quem deve se dizer estadistaou para os que desejam um desses para nosso país. Portanto, sonde seu candidato nesse e outros temas, ao invés de buscar suas qualidades míticas…
O site UOL divulgou pesquisa sobre as tendências da composição etária do país, principalmente na distribuição de jovens e idosos (mais de 65 anos). Isto é, mantido o atual ritmo de declínio das taxas de natalidade e mortalidade, em um prazo de duas décadas, o Brasil será um país com mais idosos do que jovens na grande maioria de seus estados. E isto nos convoca, sim, se trata de um verdadeiro chamado a Razão para que reformas sejam, urgentemente, feitas. Urgentemente.
O que sustenta nosso esquema (público) de aposentadorias é a tributação da parcela ativa (trabalhadora) da população e, claro, devidamente registrada no Ministério do Trabalho. Que há mais gente trabalhando do que temos com carteiras profissionais não há dúvida, mas para o esquema de funcionamento da pirâmide da previdência só contamos com os que pagam impostos e têm parcelas recolhidas diretamente na fonte. Pensando desta forma limitada, sem considerar esquemas alternativos, privados ou mistos na previdência social, a fórmula atual é uma bomba relógio pronta para estourar, na qual teremos muito em breve (em termos históricos), idosos na mais completa situação de penúria.
São apenas cinco mandatos presidenciais para tentarmos reverter este quadro. Se a Reforma da Previdência não for feita agora ou no próximo mandato, essa gente vai simplesmente apodrecer e morrer em casa, mesmo porque a mão de obra da saúde não ficará aqui vendo o navio afundar. A relação entre idosos e jovens vai mudar completamente. Hoje temos cerca de 43% de idosos em relação ao total de jovens, mas em 2031, tende a ser mais de 100%. Segundo a matéria:
A projeção é feita com base no índice de envelhecimento da população, que é a razão entre os dois grupos etários. Atualmente, o indicador é de 43,2% de idosos com 65 anos ou mais para cada cem crianças de até 14 anos. Daqui a 21 anos, na média nacional, a estatística ultrapassaria os 100%. [IBGE projeta Brasil com mais idosos do que crianças em 21 anos]
Obviamente, que a mudança não é uniforme, o Rio Grande do Sul já superará a marca em 2029, Rio de Janeiro e Minas Gerais, quatro anos mais tarde. Essa é a tendência geral para todos os estados brasileiros, com exceção de Amazonas e Roraima que em 2060 ainda teriam mais jovens que idosos, mas como se diz, serão exceções que confirmariam a regra, caso as atuais tendências se mantenham. Agora, já lhes passou pela cabeça a extinção do gaúcho e a formação de um estado-pária em Roraima?
O gaúcho vai se extinguir, pois tendo mais idosos que jovens por volta de 2030, a população declina, morrendo dois para cada um que permanece vivo. Brincadeira… Temos que considerar a imigração no cálculo, mas não resisti ao comentário só para irritar meus conterrâneos tradicionalistas. O fato é que a população do estado não é formada só pelo crescimento vegetativo (natalidade menos mortalidade), a própria colonização no seu passado veio de outros estados, como os Bandeirantes.
Agora, o que é um estado? Uma de suas condições necessárias, em tese é a capacidade de auto-financiamento, de gerar receita própria — calma! eu disse, “em tese” — o que não se observa em estados como Roraima e que tende a piorar com isso. Imagine a vida do jovem nesse estado que hoje tem mais de 34 áreas indígenas que perfazem mais de 46% do seu território, alguma chance de se empregar e crescer trabalhando? Alguém quer fazer um bolão para apostar que mais gente irá resgatar sua “ancestralidade indígena” para viver de algum esquema de financiamento?
Outra desigualdade induzida — por quem? ora, pelo estado-provedor — é a diferença no tratamento entre homens e mulheres. Se atualmente as mulheres (79,8 anos) vivem em média quase sete anos a mais que os homens (72,7), por que diabos podem se aposentar mais cedo? E essa diferença está prevista para se manter até 2060 (84,2 para as mulheres; 77,9 para os homens). Ok, se ainda pensam que há razão para isso, mas onde deveriam enfiar aquele discurso de que elas “são iguais aos homens”?
E por fim, mas não finalmente, mais um alerta para quem acha que basta transferir recursos de outros setores (afinal é assim que se faz por aqui) para a previdência social. A conta não aumentará apenas porque teremos mais idosos, mas porque o número de dependentes aumentará:
Em 2060, o país teria 67,2% de cidadãos considerados dependentes (acima dos 65 ou abaixo dos 15 anos) para cada cem pessoas em idade de trabalhar. A razão de dependência hoje é de 44%.
Pior que isso? Sei lá, talvez um apocalipse zumbi… Piorado, com residentes das casas de repouso fugindo dos morto-vivos com seus andadores. Ou seja, em um cenário futurista do Brasil, a série Walking Dead não teria graça nenhuma, tamanha a disparidade de chances entre caça e caçadores.
Fonte: Thomas E. Sherer, Jr. The Complete Idiot’s Guide to Geography. Alpha Books, 1997.
O comentário acima foi extraído de um guia para estudo de geografia americano. E diferentemente do que se diz por aqui, o “analfabetismo geográfico” do americano médio não deriva de um preconceito infundado por este cidadão em relação ao resto do mundo, mas por uma proposta educacional equivocada.
A Geografia, assim como outras disciplinas análogas, História, Economia, Sociologia e Antropologia são incluídas em um conjunto genérico chamado Estudos Sociais e, consequentemente, o nível de especialização cai. Ainda mais se levarmos em conta de que a própria Geografia já é, de per se um estudo generalista (contemplando desde a climatologia aos estudos urbanos, p.ex.), a generalização suplanta qualquer tentativa de aprofundamento e especialização. E o tipo de profissional requisitado será menos expertise e mais conhecedor de assuntos gerais.
Não desprezo esta perspectiva, mas temos que reconhecer suas vantagens e limites. Para um mundo em crescente Globalização, a ignorância sobre outras regiões globais fecha um tipo de ciclo. Líderes populistas como Donald Trump que advogam uma espécie de isolacionismo e egoísmo diplomático — A América em primeiro lugar — reforçando a ignorância sobre seus vizinhos e outros problemas mundiais que estão relacionados à própria atuação de seu país. Não precisamos ir longe para percebermos que a última grande leva migratória de refugiados à Europa tem a ver com a Guerra da Síria promovida, em parte, por EUA e Rússia.
Em que pese a importância que dou ao tema discordo da obrigatoriedade do ensino de geografia. Acho que os currículos modernos em um mundo de crescente especialização e demanda por mão de obra especializada deveria ser modular. Mesmo porque o básico sobre conhecimentos gerais pode ser obtido pelas diversas mídias e canais disponíveis, dentre os quais o YouTube é um dos melhores, ou sites como Quora para pesquisas etc.
Mas este alerta deve ser estendido aos brasileiros, cujas tentativas de reformulações do ensino pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), cujas tentativas remontam ao Governo de FHC, com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que enfatizavam o estudo por eixos temáticos, como meio ambiente, sexo, ética etc. Temas transversais são úteis e conectam diferentes disciplinas, mas o risco de um mau uso é quando se diminui a riqueza e profundidade em torno de um discurso simplista e homogêneo, coisa distante da realidade e da verdade.
Muitas narrativas acadêmicas, que não passam de elaborações ideológicas mais rebuscadas acabam sendo empurradas por pedagogos em tais reformas. Dos ditos PCNs se passou para a atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nos governos petistas, especialmente com a direção de Renato Janine no MEC e agora permanecem no governo Temer.
Muitos grupos de oposição, sejam liberais ou conservadores têm posição claramente contrária a imposições e conteúdos como a Ideologia de Gênero inscritas na BNCC, mas não atentam para o conjunto que deteriora a visão tradicional e mais ampla. O governo sinaliza de modo ambíguo introduzindo disciplinas como filosofia, sociologia que em uma grade curricular saturada de disciplinas sobra pouco tempo para o aprofundamento das que já existiam. Então, ao invés de enriquecer as disciplinas de Geografia e História temos menos tempo para elas e mais para outras que são costumeiramente utilizadas por doutrinadores marxistas. E isto que nem cheguei a mencionar a redução das disciplinas de biológicas e exatas durante a semana.
Meu alerta vai para vocês que dizem se preocupar com a educação em geral: parem de ver só a questão da sexualidade, que tem sua importância inegável, mas vejam o conjunto pernicioso das reformas.
A malandragem deste vídeo é puxar com um gancho - pena de morte - outro assunto, o principal, de maneira sutil de que há duas justiças no país, justamente para manipular a conclusão de que o PSDB não é julgado e o PT, injustamente(!!!!), sim. E claro, com uma apresentadora charmosa e sedutora com trejeitos que nada remetem à política, mas sim a um canal de programa de variedades matinal. O que mais me incomoda não é sua defesa de uma posição adversa ou contrária a minha, mas o modo ardiloso, sofista com que conduz seu argumento.
Eu não descarto essa possibilidade de um futuro muito mais “amigo do meio ambiente” e um tempo de sobra proporcionado pelo avanço tecnológico (robótica etc.) que nós sequer teríamos imaginado algumas décadas atrás. O que me torna cético é a visão de panaceia que alguns nutrem com isso e isso não quer dizer que eu não seja otimista com relação à tecnologia nem seja uma espécie de “tecnófobo” ou algo do gênero.
Não sou exatamente a pessoa que acorda como se estivesse em um comercial de margarina, muito pelo contrário… De manhã pareço mais um robozinho com pouca corda que fica batendo a cabeça na parede até que eu me sirva com um chima ou xícara de café. Sim, cafeína é vida! E isto vai determinar minha maneira de ver o mundo. Acho que felicidade se produz, enquanto que a ideia corrente é que somos tragados por ela como se estivéssemos flutuando sobre as turbulentas águas do rio da vida. Não, o posto de capitão é meu mesmo.
Não há como achar que outros fatores externos ao próprio indivíduo nos trarão felicidade. Mesmo quando se trata de uma droga necessária a nossa estabilidade, ela depende da interação com NOSSO organismo e não com o ambiente em geral. Sempre me impressionou como nas condições mais adversas, as crianças encontram alegria, o que na verdade significa PRODUZEM alegria.
Daí surge a questão de se o futuro com mais desenvolvimento tecnológico produzirá um mundo mais feliz, não, óbvio que não. Assim como também não produzirá um mundo mais infeliz. Será a mesma coisa a depender, claro, da percepção hegemônica sobre a época, em uma palavra, a IDEOLOGIA.
Isto sim é fundamental… Imagine o mundo como uma imensa floresta. Aliás, não só imensa, como DENSA. Tão densa que não conseguimos visualizar seus detalhes, os animais pequenos, esguios, peçonhentos por dentre as folhas largas das árvores e arbustos mais baixos e quando levantamos a cabeças temos apenas alguns fachos de luz penetrando por dentre as copas. Tentando compreender melhor o montante de informações que temos, abrimos a mochila e colocamos um óculos… Vermelho. Piorou. Colocamos outro azul e não distinguimos claramente o céu do dossel da floresta. Pomos um verde, outro amarelo, um roxo, um rosa e nada resolve. Tais óculos são ideologias, disponíveis e que se reproduzem como a nova linha de lentes e armações a cada estação. Por conta disso, muitos reproduzem o dito de um demente de que “não há fatos só interpretações”, o que é um erro grosseiro, pois basta caminhar um pouco para dar de cara com um tronco quebrando o nariz ou tropeçar nas raízes e beijar o chão. A realidade, assim como nossa selva está lá. Use o óculos que quiser e deforme sua visão, mas ela está lá.
É assim que eu vejo o passado, ou melhor, como veem o passado. No Pós-Guerra havia a ameaça de um holocausto nuclear; nos anos 70, a superpopulação e fantasma malthusiano da escassez de recursos; nos anos 80 e 90, o intermezzo da “Nova Ordem Mundial”, o fim do Comunismo no Leste e uma indelével onda de otimismo, mas com o temor ambientalista do Aquecimento Global; na virada do milênio, o envelhecimento das sociedades, a onda imigratória (que já existia) e o Choque de Civilizações. Não precisamos mesmo de nenhum Nibiru ou asteroide gigantesco em rota de colisão para alimentar nossas paranoias, mas se você perguntar a qualquer um de nossos profetas do apocalipse como foi o SEU passado, ele provavelmente lhe cantará odes a um “tempinho bom que não volta mais”, um idílico paraíso perdido. A verdade é que quanto mais clean fica nossa tecnologia, mais punk fica nossa alma.
É assim que vejo o futuro, as esperanças e imaginação se sobrepõem à experiência de que dias ruins intercalam-se aos bons, que dias ruins são bons dependendo da própria perspectiva. Nos dados brutos, nós vivemos mais, matamos mais, mas proporcionalmente menos, temos mais segurança, mas sentimo-nos menos seguros e reclamamos quando perdemos alguém para o câncer esquecendo que em menos tempo este que já foi perdeu alguém para uma infecção qualquer que nossas vacinas extirparam de nosso convívio. O conforto é tanto que até sobra tempo para criar um estúpido movimento antivax…
Mas existem riscos reais de que uma utopia se torne a distopia. Lembro-me sempre do Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. Quando novas formas experimentais e criadas no laboratório da engenharia social são introduzidas sem levar em conta a vontade e associação entre as pessoas, o pior pesadelo pode sobrevir. Em um mundo onde o trabalho não seja mais um fardo porque ele deixe de existir ou seja irrelevante em tempo e custo, nossa orientação básica para viver também se extingue. Se não fui claro, sem um pouco de sofrimento, não se dará valor à vida e nem a família terá seu sentido de proteção e fidelidade valorizados. Um mundo em busca de êxtase perpétuo é um mundo sem troca e sem respeito. É o fim do que sobra de Humano.
Se o futuro e o passado têm seu aspecto positivo, mas também seus demônios encontramos a mesma dualidade no presente. O risco está em negar isto, ao buscarmos o super-herói como figura capaz de nos levar ao paraíso e prazer constante sem dilemas, dúvidas e dissensos. A necessidade de se conseguir alguém que seja nosso guardião é tanta que não suportamos alguém que fale o contrário. Nessa hora, o futuro facilitado pela mão de obra robótica forma um círculo que encontra o passado das tribos.
Anselmo Heidrich
19–07–2018
Para um ponto de vista plenamente otimista confira o link abaixo:
No filme de ficção, O Quinto Elemento, que para mim foi uma grande decepção começa com uma excelente piada: um arqueólogo francês busca uma pedra com poderes fantásticos que remontam a criação do universo quando atrás dele pousa uma nave gigantesca e sai dela um alien que mais parece um besouro gigante lhe falando em idioma incompreensível. Nisto, o francês baixinho com suas bermudas e chapéu cáqui fita o monstro e pergunta “você é alemão?” VALEU O FILME!
Pois é, para entendermos o sentimento nacionalista tem que se compreender este conceito um tanto em desuso, o ETNOCENTRISMO. Em desuso porque fica cada vez mais difícil no mundo globalizado falarmos em etnias quando se trata de choque de culturas nos países ricos, multiculturais que são. Mas eis que ele ressurge aqui e ali porque por mais que nos definamos e situemos em termos societários, “eu, fulano de tal, RG…, CPF…, morador da rua…., nacionalidade….” algo nos puxa vez ou outro para um lugar primal, algo de onde imaginamos ter saído, nossa tribo ou clã. Aí pode se dizer que a França mesmo não é essa dos jogadores que ganharam a Copa da Rússia, dos imigrantes africanos, árabes etc. Que a França tem sua história secular, suas conquistas, sua revolução etc. e tal. Caros, isto já foi, já morreu e reside ainda nos campos graças às tarifas impostas pela União Europeia que ainda dão sentido de sobrevivência àqueles camponeses teimosos que já deveriam ter migrado para as cidades. Morreu.
Façamos um exercício futurológico: suponhamos que Marie Le Pen, a ultra-nacionalista francesa que quase ganhou a eleição que disputou com Macron tivesse vencido e todas as fronteiras francesas fossem fechadas e mais nenhum imigrante entrasse no país, certo? Em algumas décadas, a França será cada vez menos gaulesa e cada vez mais afro-árabe, cada vez menos branca e cada vez mais morena por uma razão bastante simples: a taxa de fecundidade feminina dos antigos franceses é declinante e a dos árabes e africanos é alta, das mais altas do mundo. Enquanto que as primeiras mantém na melhor das hipóteses dois filhos por mulher, o que não repõe a população perdida (morrem dois primeiro que são o casal e ficam dois que são os filhos), os imigrantes e seus descendentes têm quatro, seis filhos. O mesmo raciocínio senhores vale para a Alemanha ou Hungria, países que ocasionalmente têm taxas negativas de crescimento, ou seja, perdem população.
Então meus caros, O MULTICULTURALISMO VEIO PARA FICAR. Acostumem-se, os minaretes das mesquitas despontarão cada vez mais no horizonte juntamente às torres das igrejas e contentem-se se estas não forem derrubadas. Mas há algo que se possa fazer? Sim, há algo…
Se tu for um podre racista, que se foda, teu tempo já era, te suicide diabo! Agora, se tu pensa no legado da cultura europeia antiga, então, que se aplique normas de integração, como alguns países têm feito (ex.: Dinamarca) e negue outras, lenientes e inconsequentes (ex.: Suécia), mas isto é outro capítulo, outra nota, outro pequeno artigo…
Agora comemorem e torçam para que a coordenação da seleção francesa seja a mesma inspiração para aplicação da lei e da ordem nos subúrbios franceses. Quem sabe o futuro distópico que os puristas tanto temem seja um mero delírio de pouca fé e esperança.
Que a ameaça de Ciro, caso eleito é um absurdo, um acinte ao estado de direito não resta dúvida, mas o caso em si é uma falácia. Por acaso a direita também se rendeu ao politicamente correto? O que há de racismo em chamar alguém de “capitão do mato”? Há sim um argumento tosco aí, típico de quem não tem argumento. Isso deveria ser explorado para atacar Ciro Gomes e não ficar tolhendo sua liberdade de expressão que convenhamos, o candidato tem todo o direito de bancar o idiota. Caso não tenham percebido, este processo contra Ciro Gomes é análogo ao feito contra Bolsonaro por este ter se referido aos negros em arrobas. Ora, todos nós pesamos e podemos ser mensurados em quilos, arrobas etc. Não há racismo aí também. O que temos hoje em dia é uma verdadeira síndrome de mimimi, até parece que vivemos em um novo período geológico, o Mimioceno… Se criticamos um negro, tudo vira racismo; se criticamos uma mulher, tudo vira machismo; se criticamos um gay, tudo vira homofobia e assim por diante. Disto tudo só posso concluir que o autor da ação, “Fernando Holiday” é ignorante ou um oportunista porque sabe muito bem o que está fazendo e tenta capitalizar politicamente em cima da estupidez de Ciro? Fica a dúvida, a insegurança e a certeza de que candidatos que falam demais e que temem demais não merecem meu voto.
Bem, o número não é tão grande (500 milhões de canudos de plástico por dia e sim, 175 milhões) e o custo para produzi-los é oito vezes maior, o que terá um custo ambiental maior, seja feito de bambu ou papel. Os críticos do vídeo abaixo estão certos em apontar a falibilidade desta solução, mas não quando dizem que os canudinhos são uma pequena parte do lixo plástico produzido pelos EUA que por sua vez, são apenas 1% do total produzido no mundo. Que seja! Isto não merece nenhum tipo de tratamento ou solução? Óbvio que esta 'solução' não pode ser algo pior, com um maior impacto ambiental, como o desmatamento provocado ou emissões produzidas para a produção de canudos de papel ou bambu, mas algo tem que ser criado.
Eu gostaria muito que os liberais fossem tão bons em apontar soluções técnicas e racionais para EXTERNALIDADES NEGATIVAS quanto o são para apontar a falha em argumentos emotivos. Não dá para cobrir um santo descobrindo outro e dormir tranquilo com isso.
5/6 da humanidade compreendidos pelos países ex-comunistas e países subdesenvolvidos não alcançaram o sucesso dos países capitalistas na geração de capital, mas:
“Por que no mundo em desenvolvimento as pessoas respeitam contratos e honram compromissos relacionados com a propriedade, acordados por elas e seus vizinhos, e ao mesmo tempo não respeitam aqueles que tentam lhes impor seus governos? Por que as pessoas aceitam assumir responsabilidades individuais dentro desses contratos sociais extralegais ao mesmo tempo em que se afastam – ou resistem a aceitar – as leis que seus governos desejam impor?” (p.13).
Hernando de Soto nos ajuda a compreender porque as leis que apoiam o capital não são tão diferentes da moeda. A chave do sucesso se estabelece, fundamentalmente, numa relação de confiança. Em suas palavras:
“Não é sua própria mente que lhe confere direitos exclusivos sobre um determinado ativo, mas outras mentes pensando em seus ativos no mesmo sentido em que você o faz. Por isso, a propriedade em qualquer de suas formas é um conceito construído a partir do consenso de muitas mentes pensando em seus ativos no mesmo sentido em que você o faz. Por isso, a propriedade em qualquer de suas formas é um conceito construído a partir do consenso de muitas mentes sobre como e por quem as coisas são possuídas; por isso a propriedade é uma trama de relações que propicia a criação de capital” (p. 14).
SOTO, Hernando de. O Mistério do Capital. Rio de Janeiro: Record, 2001.
VC RECEBE UM APELO + OU — mais ou menos assim “meu nome é Fulano de Tal dos Santos. Sou da comunidade camponesa da Puta Que Pariu, estado da Pôrra do Caralho. Lutamos para salvar o Cerrado…” Êi! Mas vc por acaso sabe qual é a origem do Cerrado e como ele pode ser ANTI-NATURAL?!
Alguém tem ideia de que o Bioma do Cerrado pode ter sido resultado de manejo ambiental feito pelos próprios indígenas e, portanto, nada natural do ponto de vista biogeográfico, mas sim obra de manejo ambiental, ainda que tecnologicamente primitivo? Pois é, esta é uma das teorias sobre a origem e formação do Cerrado. Assim, não sendo natural por que deveríamos achar que ele deve ser protegido na sua forma atual? Claro que não estou aqui advogando sua completa extinção ou alteração irreversível, mas sim lançando um justo questionamento, por que deveríamos nos posicionar in limine contra qualquer alteração do ambiente natural quando se sabe que muito deste é, exatamente, fruto desta alteração de séculos ou milênios? Em geral, as pessoas não procuram se questionar sobre o que isto significa, nem sobre o que é ou não ‘natural’.
Dias atrás recebi uma saraivada de mensagens no grupo de WhatsApp da rua. Criado com o intuito de resolver problemas locais ou como instrumento de segurança, sua maior atividade é, como não poderia deixar de ser, falar da vida alheia. E o morador do fim da rua, que se notabilizava por plantar árvores e arbustos até no meio do passeio para impedir tráfico, presença de estranhos e consumo de drogas em área de preservação ambiental reclamou que um novo vizinho as cortara. O relato dele não foi perfeito, pois sou como “o novo devastador que está se mudando para cá está destruindo tudo que plantei ao longo de dez anos”, mas conheço o sujeito e sei que ele cultivou isto tudo muito além de sua propriedade e o fez, inclusive, em via pública prejudicando a passagem.
Agora, já faz quase uma semana que caminhões vão até o fim e voltam carregados de terra. Daí começou o pavor “vão construir uma pousada, acabou nosso sossego, é proibido, precisa de licença etc.” Ao nos inteirarmos, soubemos era um casal de estrangeiros, supostamente franceses, mas na verdade holandeses e daí tudo pareceu fazer sentido, holandeses são um dos povos que mais mexem e alteram seu habitat. Totalmente sintomático que o sujeito venha e em sua propriedade a altere, adaptando a suas condições de vida. Como vivemos em um município onde 45% são área de preservação, em que não se permitem construções, na área restante ainda há quem ache um pecado que se adapte a terra a suas condições de permanência. Como aqui há muitos insetos, principalmente formigas, os holandeses reviraram-na para tocar inseticida. E daí, mais drama “e nosso lençol freático? ainda bem que não tenho poço?” Mal sabem que os produtos que utilizam uma ou duas vezes por mês em seus jardins afrescalhados para evitar ervas-daninhas também podem ser descritos como ‘agrotóxicos’ e que há medidas para sua utilização. Enfim, a obra está a toque de caixa e estou muito curioso para ver como ficará.
De onde vem isso? Essa mentalidade de que tudo que é natural é necessariamente melhor? Ou melhor, o que vem a ser esse natural? A primeira conferência mundial sobre meio ambiente — a Eco ’72 — se realizou em Estocolmo e o foco era claro, a superpopulação, seja lá o que isso signifique… Não, não dá para dizer simplesmente que é uma grande população que não consegue ser devidamente suprida pelos seus recursos naturais, pois se isto vale para Bangladesh, não é o mesmo com o Japão, só para citar dois casos conhecidos. Mas creio que isto é ainda anterior, pois quando se institui uma conferência mundial é porque já houve uma evolução da comunicação e da cultura para se chegar a um consenso, seja ele cientificamente errado ou não. Veja que isto quase aconteceu com a ideia de Aquecimento Global Antropogênico, mas já está sedimentada no imaginário popular dos países mais urbanizados que a humanidade é destruidora. E agora há pouco acabei de mencionar uma palavrinha que diz muito sobre isso, urbanizado.
Em O Homem e o Mundo Natural, Keith Thomas mostra como, justamente, em uma época de primórdios da urbanização na Inglaterra Vitoriana, os poetas e contistas traçavam perfis de sociedades lúdicas e ainda não corrompidas, algo que já era senso comum sobre o mal que adquirimos ao viver e conviver com nossos semelhantes. Esta visão era um tanto arrojada, pois contradizia a determinação natural e a racialização na explicação do desenvolvimento dos povos. Então, o que temos é um preconceito alardeado que surgiu para combater outro. É como se à determinação e visão de destino irredutível surgisse outra pautada no voluntarismo dos indivíduos e comunidades, mas ao invés deste produzir um otimismo em anos mais recentes serviu para asseverar nossos erros como se a superação deles não fosse prova de nosso sucesso enquanto espécie e sim uma linha regular de desgraças.
Bem… Talvez ter que ler vários comentários de ignorantes em redes sociais seja mesmo um castigo dos deuses.