Sobre: Ciencia, Politica e Religião: A inteligência da elite social brasileira: Por Henrique Abel em 07/08/2012 na edição 706 Um dos preconceitos mais firmemente bem estabelecidos no Brasil é aquele que afirma que a culp...
Esta crítica abaixo é, parcialmente, correta. Em seu favor, o autor está certo sobre o papel decisivo na condução de um país por suas elites, de modo que realmente não procede atribuir o insucesso pelo desenvolvimento econômico e social de uma nação, exclusivamente, ao grau de incultura e analfabetismo de seu povo. M A S, só tem um detalhe: a formação de elites em qualquer sociedade com relativa mobilidade social depende sim de condições de aproveitamento do sistema educacional em vigor, como é o caso da Dinamarca onde já se registrou 100% das meninas frequentam até o ensino médio. Outras sociedades, caricaturadas como "burras", como é o caso dos EUA têm que ser definidas em que ou quais tópicos são deficitárias. Como é bem sabido este país peca pelo conhecimento de geografia e história do resto do mundo, mas a questão é em que medida isto contribuiria para a melhor eficácia do seu sistema econômico? Nós no Brasil, em contrapartida, temos o ensino obrigatório de geografia e história nas escolas públicas, MAS de que forma? Altamente ideologizados, com um ingrediente de ressentimento e auto-vitimização que parecem ser obrigatórios em nossos currículos. Então, sinceramente, se for desta forma, me pergunto como podemos tirar alguma vantagem disto?
No entanto, o caso brasileiro é um pouco mais complexo, como suponho seja a maioria das sociedades que não devem ser explicadas apenas pelo seu sistema educacional. Perpassa nas relações de poder político brasileiras, seja no Império, na República, no Estado Novo, na Ditadura Militar, na Nova República etc., a base clientelista. O clássico Coronelismo, Enxada e Voto de Victor Nunes Leal teria que ser estendido para outras regiões brasileiras e não se limitar à Região Nordeste. É comum conversarmos com pessoas que dizem, claramente, não votar em candidato X "porque ele não nos dá nada". Ora! O que temos que ganhar? O certo seria exigir que ele executasse ou defendesse propostas A, B ou C divulgadas em sua campanha e programas. Portanto, atribuir o problema de uma sociedade, como a brasileira, ou criticar esta visão limítrofe de que tudo reside no analfabetismo ou analfabetismo funcional é deixar de ver o problema de um modo mais abrangente, o que deveria necessariamente envolver a cultura política vigente em uma dada sociedade, no caso, a nossa.
Mas, como disse, o artigo não é de todo equivocado. Concordo em parte com o mesmo.
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