No texto abaixo,
Carlos Góes analisa a crença de que o Estatuto do Desarmamento teria reduzido o
número de assassinatos no Brasil:
Desse desvio da taxa de homicídios de sua tendência histórica, pode-se extrapolar para quantas vidas teriam sido salvas por causa do Estatuto do Desarmamento. Isso faz sentido? Faria, se todas as outras coisas que influenciam a mortalidade por armas de fogo tivessem sido mantidas constante no Brasil. Mas essa abordagem ignora outras variáveis importantes para a taxa de homicídios que passaram por uma mudança histórica mais ou menos na mesma época em que a taxa de homicídios passou a cair no Brasil: a desigualdade de renda e a taxa de pobreza.
Cf. O Estatuto do Desarmamento salvou 160 mil vidas?
http://mercadopopular.org/2015/10/estatuto-do-desarmamento/
O que é salutar
neste texto é que se sai do simplismo panfletário de ficar torcendo dados estatísticos
para defender uma tese, seja ela favorável ou desfavorável ao desarmamento. Apesar
de favorável à posse de armas, nem por isto vou me furtar ao debate científico
e à eterna busca pela verdade que, no caso, significa saber o que causou ou
quais fatores causaram a queda do número de homicídios no país.
O foco do artigo
é a mudança, mais do que a permanência de uma tendência, mas intuo que a
persistência de um elevado índice de homicídios no Brasil se deva mais à
impunidade e frouxidão legal do que a posse de armas. Assim como se pode
acreditar que é difícil que uma única variável seja suficiente para explicar
toda uma tendência e fenômeno social, também creio que soluções únicas a título
de panaceia não vingam, seja a posse de armas para acabar com a violência, seja
o fim da doutrinação escolar para elevar o nível de ensino, seja uma
intervenção militar para resgatar supostos valores morais perdidos e por
novamente a nação nos trilhos. Na verdade, a 'solução' não é uma, mas um
conjunto de reformas que, no caso da criminalidade, tem a posse de armas como
uma peça da engrenagem e não um sistema completo.
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