quinta-feira, outubro 29, 2015

Uma crítica ao panfletarismo na discussão sobre as armas e o crime no Brasil


No texto abaixo, Carlos Góes analisa a crença de que o Estatuto do Desarmamento teria reduzido o número de assassinatos no Brasil:

Desse desvio da taxa de homicídios de sua tendência histórica, pode-se extrapolar para quantas vidas teriam sido salvas por causa do Estatuto do Desarmamento. Isso faz sentido? Faria, se todas as outras coisas que influenciam a mortalidade por armas de fogo tivessem sido mantidas constante no Brasil. Mas essa abordagem ignora outras variáveis importantes para a taxa de homicídios que passaram por uma mudança histórica mais ou menos na mesma época em que a taxa de homicídios passou a cair no Brasil: a desigualdade de renda e a taxa de pobreza.
Cf. O Estatuto do Desarmamento salvou 160 mil vidas?
http://mercadopopular.org/2015/10/estatuto-do-desarmamento/

O que é salutar neste texto é que se sai do simplismo panfletário de ficar torcendo dados estatísticos para defender uma tese, seja ela favorável ou desfavorável ao desarmamento. Apesar de favorável à posse de armas, nem por isto vou me furtar ao debate científico e à eterna busca pela verdade que, no caso, significa saber o que causou ou quais fatores causaram a queda do número de homicídios no país.
O foco do artigo é a mudança, mais do que a permanência de uma tendência, mas intuo que a persistência de um elevado índice de homicídios no Brasil se deva mais à impunidade e frouxidão legal do que a posse de armas. Assim como se pode acreditar que é difícil que uma única variável seja suficiente para explicar toda uma tendência e fenômeno social, também creio que soluções únicas a título de panaceia não vingam, seja a posse de armas para acabar com a violência, seja o fim da doutrinação escolar para elevar o nível de ensino, seja uma intervenção militar para resgatar supostos valores morais perdidos e por novamente a nação nos trilhos. Na verdade, a 'solução' não é uma, mas um conjunto de reformas que, no caso da criminalidade, tem a posse de armas como uma peça da engrenagem e não um sistema completo.


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