sexta-feira, novembro 24, 2017

Vamos Falar de Bolsonaro

Vamos falar de Jair M. BOLSONARO…
Não, não será uma análise exaustiva, apenas tratarei de 4 questões relacionadas a suas opiniões, pelo menos a algumas que ele tem manifestado com frequência.
Para ser didático vou dividir em pontos positivos e negativos.
E não focarei na crítica a sua forma de se expressar, que é o que mais se vê “xucro”, “irascível”, “grosso” etc. Não que eu despreze a forma, mas ao ressaltarmos ela perdemos o que há de mais importante.
O que há de BOM na candidatura de Bolsonaro?
1) Ele é o candidato mais enfático no trato da SEGURANÇA PÚBLICA. Ele dá ênfase necessária à REPRESSÃO. E assim, recuperação, ressocialização por si só não são, nem nunca foram suficientes para garantir a segurança pública. Isto é tão óbvio que se torna difícil compreender quem não compreende isto. Muitos que rejeitam o nome de Bolsonaro à presidência pensam ou imaginam que ele vai acabar simplesmente com os Direitos Humanos. Tolice. Mas, com certeza, ele tentará por limites ou freios aos exageros do “garantismo jurídico” que torna os tais direitos mero eufemismo para privilégios. E, sem dúvida, ele tem razão ao dizer que nosso Código Penal está defasado.
2) EDUCAÇÃO. Sim, este é outro ponto que ele acerta em cheio. Não só por que ele apoia iniciativas de escolas militares, mas por que ele compreende a necessidade da disciplina escolar. E não pensem que é porque eu tenho um histórico de luta contra a doutrinação, porque ele vai endossar outra doutrinação, talvez mais acintosa até, só que com conteúdo diferente, o que não deixa de ser doutrinação também. Então, o quê?! O pior problema da Educação Brasileira não é a doutrinação, embora esta esteja relacionada, mas a INDISCIPLINA. Suas raízes são culturais, por que enquanto sabemos o que é “ser militar”, o “ser civil” é uma névoa, uma grande incógnita e a disciplina dá prumo a tal.
Agora o que há de RUIM em Bolsonaro:
3) ESTATISMO. Não adiante virem dizendo que ele melhorou, Eu não confio. Pode estar sendo bem assessorado, não tenho dúvida disso, mas ele sempre, quando sola na banda dá umas escorregadas que não são ‘escorregadas’ de fato, mas sim seu retorno à essência ligeiramente escamoteada. É como um camaleão que não domina a arte da camuflagem. Sua ideia de favorecer certas substância da indústria mineral formando clusters não é errada em si, mas A FORMA COMO PENSA, SIM. Não é abrindo linhas de crédito especiais – dá-lhe BNDES! – e sim, desonerando o setor para que capitais específicos (smart money) invistam na área que se dará uma alavancagem para a indústria de mineração E transformação. Algo como fez a China em suas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) para atração de capitais. Eu não vejo ele tendo esta noção e sim, apenas o “sentar em cima da mina”, como fizeram nossos governos militares impedindo a concorrência no setor e privilegiando parceiros que formaram oligopólios na mineração. Sem a cadeia produtiva necessária para transformar o produto, a região (Amazônica, no caso) não desenvolve, mas no máximo forma algumas ilhas de prosperidade envoltas por um mar periférico de pobreza que não usufrui daquela circulação de capitais. Ele cita o Vale do Silício como exemplo a ser seguido, mas este não foi um projeto protegido pelo governo americano. O silício não era o elemento produtivo desse cluster, mas sim a tecnologia. Portanto, quando ele diz “se os americanos têm o vale do silício, por que nós não podemos ter o vale do nióbio?” Esta não é a questão, pois os americanos não estão lá minerando silício neste vale e sim utilizando o mineral como um dos elementos a sua produção tecnológica que vem, importado ou não, mas facilitado pela baixa tributação de bens importados. Bolsonaro tem esta noção? Creio que não. Infelizmente, não. Eu gostaria aqui de estar escrevendo justo o oposto, mas não é o que vejo. Daí vamos a outro ponto negativo que considero fundamental…
4) A CHINA. Bolsonaro tem feito o que acho mais deplorável e um PÉSSIMO AGOURO em se tratando de um futuro possível presidente com tintas estatistas: ELENCANDO UM INIMIGO EXTERNO. Volta e meia ele diz que a China “está tomando conta”, “está comprando terras no Brasil”, ou “vai nos transformar em uma colônia” etc. e etc. ESPERE AÍ! ISSO NÃO É A MESMA COISA QUE A ESQUERDA SEMPRE DISSE DOS AMERICANOS COMO JUSTIFICATIVA PARA FECHAR O PAÍS AOS INVESTIMENTOS EXTERNOS PRIVILEGIANDO O MERCADO NACIONAL PARA GRUPOS EMPRESARIAIS LIGADOS AO GOVERNO?!?!?! Pensou em Lula & Cia. pensou certo. Não creio que haja um projeto claro na cabeça do deputado, mas sim uma baita falta de visão clara de como traçar linhas gerais para condução da economia. E não digo isto para entrar no coro tolo de “ele não entende de economia”, afinal o que entendiam de economia, o Lula, a Dilma, o Itamar, o Sarney, o Collor? A questão é a visão geral. Que a China tem um governo comunista que tenta controlar seu país com mão de ferro é uma coisa, mas tentar se isolar dela para evitar um suposto controle externo é o mesmo que não sairmos mais às ruas porque os camelôs estão tomando elas. Daí mesmo que eles tomarão pela nossa ausência e falta de controle. Tem é que se estender um tapete para os capitais chineses que querem investir aqui, assim como para qualquer um que o deseje e se submeta às nossas regras (e que estas sejam simplificadas, substancialmente, claro). Esta fala anti-chinesa não é uma chamada de atenção anti-comunista, mas dita assim, como tantas vezes fez Bolsonaro, não passa de um eco de montadoras sediadas no Brasil contra a concorrência de novas fábricas de veículos chinesas. “Defesa de interesses nacionais” aí é uma piada, não passa de alarmismo e protecionismo estatistas que são o mais do mesmo, só que com outra roupagem ideológica.
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Estes são os pontos relevantes para mim. Dou nota 5,0 ao deputado como candidato à Presidência da República. Tá tá tá, vou melhorar isto, segurança e educação são muito importantes, então ele fica com 6,0, mas não passa disso.
Não votarei nele? Acho que voto, apesar de tudo, mas como Plano B, se o Plano A falhar, o que acho que vai acontecer. Em termos práticos, se não tivermos melhor opção, não terei outra a não ser votar em um estatista no segundo turno.
Triste.
Um bom dia,
Anselmo Heidrich

segunda-feira, novembro 20, 2017

Qual a Cor da Alienação? Uma crítica ao Dia da “Consciência” Negra

Bom dia, hoje é o “Dia da Consciência Negra”, não? Então vou falar do contrário, da alienação, que não tem cor, que não pertence a nenhuma raça ou etnia, mas que se adquire indistintamente ao desprezar o valor individual e nosso maior atributo: a vontade de compreender.
Bora lá…

Alienação Não Tem Cor *


A luta de classes utilizada como subterfúgio para racismo pouco dissimulado tem sua aplicação hodierna no Brasil e alguns negros, tão cegos por seu ódio histórico aos brancos serão, provavelmente, mais uma vez, úteis.

Números racistas

Existe um discurso da militância do movimento negro que acusa a sociedade brasileira de discriminá-los. Especialmente, as “elites” que seriam “brancas“ por definição. Ele se baseia em dados objetivos, como a renda média do branco pobre no Brasil estipulada em 400,00 reais mensais ao passo que a do negro pobre rondaria os meros 170,00. A causa de tamanha desigualdade seria simples: trata-se da mais pura e ostensiva discriminação contra a categoria, ou “raça” se preferirem.
Se for verdade que o Brasil é um país racista, nosso empresariado é míope e, sinceramente, não creio que este seja o caso. Se eu fosse um destes empresários, com certeza empregaria mais trabalhadores negros, pois ganham menos! No entanto, não é o que acontece. Segundo pesquisa do IBGE em 2001, Salvador, 45% dos negros estão desempregados, em São Paulo são 41% e, em Porto Alegre, 35%. Lembremos que a pesquisa não averiguou o trabalho, mas o emprego formal, aquele com carteira assinada.[1]
Tanto quanto dizer que todo trabalhador fora da situação de trabalho regulamentar é um desocupado, o que não faz sentido algum é dizer que não há mais indivíduos negros empregados por que por pura discriminação. A tese (óbvia) que endosso é que o maior de desemprego se dá por que o nível de educação dos mesmos é inferior ao dos brancos em 2 anos e 3 meses na média. Apesar de pouco em termos absolutos é muito em termos relativos, especialmente para um país cuja escolaridade média é de 6 anos.
Em alguns aspectos, o “negro estatístico”, aquele que nós podemos avaliar através dos censos está bastante distante do “negro virtual” imaginado pelos críticos da democracia racial brasileira e, não muito distante do branco avaliado pelo censo.
O que verificamos é que além de uma “questão de raça” o que pesa mais, senão por inteiro, é o nível educacional e a condição feminina relacionada ao grupo. Mais do que negros, são as negras que sofrem com falta de oportunidades.
Segundo os mesmos dados do IBGE/Pnad, a média de anos de estudo de instrução formal por cor ou raça segundo a faixa etária no Brasil e Grandes Regiões em 2001[2], a população branca tem 8,3 e 8,1 anos de escolaridade formal entre 15 a 24 anos e 25 a 44 anos, respectivamente. A população negra, por sua vez, apresenta 6,4 e 5,8 anos de escolaridade formal para os mesmos intervalos.
Da mesma fonte, a taxa de analfabetismo em pessoas de 15 anos ou mais é de 12,4% em 2001; apenas 7,7% para brancos, mas 18,2% para negros. Existe aí uma maior taxa de evasão escolar da população negra: enquanto que 97,5% de jovens brancos entre 7 e 14 frequentam a escola, a taxa entre negros não é tão diferente: 95,4%. Mas o gap aumenta significativamente quando analisamos a população de 15 a 17 anos: 84,1% de brancos contra 78,1% de negros. Ao longo do processo é que as diferenças se acumulam.
Tais taxas não confirmam “racismo”, pois a diferença volta a diminuir na faixa de 18 a 24 anos, 35,9% entre brancos contra 31,7% de negros nas escolas, quando a maioria já está procurando emprego. A diferença maior é prévia e está ligada ao período da adolescência. Uma queda brutal de alunos matriculados se verifica do ensino fundamental para o ensino médio no país: cai de 93,3% para 37,8% (!). Mas ela é muito mais pronunciada entre a população negra, 22,5% maior[3]. No cômputo final os brancos têm certa vantagem, com quase 1/3 a mais de anos de estudo. Em um país cuja média é de apenas seis anos isto é irrisório, se considerarmos as atuais necessidades do mercado de trabalho.
O que os militantes do movimento negro e críticos da situação social negra deveriam realmente se perguntar é:
Por que nossa “raça” evade mais da escola?
Como a resposta é complexa, envolvendo vários fatores melhor explicados por estudos de antropologia urbana, fica muitíssimo mais fácil e de forte apelo emocional aludir a discriminação em grau inexistente.
Alguns desses fatores envolvem a localização dos “discriminados” em bairros pobres, mais sujeitos ao tráfico como opção, às gravidezes de jovens negras que estimulam a sair da escola, casamentos precoces etc. Todos eles teriam que ser meticulosamente avaliados, para evitar que especulações se tornem conclusões.

Ideologias conflitantes

Para o articulista Hamilton Cardoso[4], não houve reconhecimento da raça negra como fato político, ou seja, não houve qualquer consideração à respeito. Ao que o autor chama de “alienação branca”, podemos chamar esta de “alienação negra”? Na verdade, tudo não passa de uma imensa bobagem, pois desde quando alienação tem cor?
Para este tipo de intelectual negro, os grandes líderes inspiradores da causa abolicionista só tomaram alguma importância quando estes se “racializaram”. Nesta “conexão metafísica com a senzala”, o perigo é que este processo se perdesse no “branqueamento da sociedade brasileira”. Para ele, candomblés baianos, escolas de samba cariocas e paulistas, congadas, moçambiques e outras agremiações negras como pagodes, blocos de carnaval, “verbalizam críticas à situação social brasileira”. Ao passo que a maioria de nossos antropólogos assinalarem o sincretismo cultural como uma marca característica de nossa sociedade, Hamilton vê em tais manifestações um tipo de ruptura com a sociedade branca, onde fica bem expresso que:
(…) o movimento dos trabalhadores negros (…) jamais [viverá] a contradição teórica raça e classe porque são o que são: a alma, o espírito e a matéria-prima do proletariado.
Lembrou de algo?
Sim, sim, eles rodam, rodam e rodam, mas sempre caem no mesmo ponto: sua luta racial é, na verdade, uma oposição de classes sociais:
(…) não têm vergonha de trabalhar na Casa Grande, onde, ao limpar banheiros ou aparar jardins, conspiram contra as culturas das elites. Nas madrugadas. Este movimento definiu o perfil cultural do país do futebol, do samba e da cachaça: um país negro, chamado Brasil.
Se esta não é uma proposta de luta racista, me digam o que é.
Outro ponto muito interessante, abordado pelo militante, é a duplicidade deste tipo de política e movimentação social:
(…) há petistas hoje capazes de verbalizar noções de política para a Casa Grande e outros que as verbalizam para as senzalas. Tudo é uma questão de opção. Mesmo porque há uma nova conspiração em movimento. Axé. (Grifos meus.)
Denis Lerrer Rosenfield já tinha chamado a atenção para este “conflito”, em que se namora o autoritarismo de esquerda, mas em outros momentos se “aceita” a democracia. A duplicidade não é funcional por muito tempo. Ou ela é engendrada para confundir mesmo, ou este drama tende a se dissolver de modo a atrelar o estado às posições ideológicas conflitantes. Como eu não acredito em dialética marxiana (original de Marx, diferente da dos marxistas, que eu também desprezo), apenas uma das posições irá predominar.

Conspirando contra negros e brancos

Segundo Hamilton se trata de uma conspiração. E, embora eu nunca tenha visto uma conspiração anunciada pelo conspirador, vamos admitir sua possibilidade segundo uma lógica marxiana.
Para o próprio Marx, seria uma heresia buscar equivalência entre raça e classe social. Mesmo por que, para estes militantes são duas classes em conflito e para o filósofo Karl Marx existiam mais de duas em disputa, mas duas em oposição estrutural. As classes médias eram vistas como oscilantes, não predestinadas, mas que dependendo da conjuntura poderiam ser úteis.
Outro ponto óbvio que entra em contradição com as especulações místicas, é que na fonte marxiana da qual pensa se basear com coerência, é que as diferenças entre classes não se dão pela renda, mas por sua posição em relação aos meios de produção (se detentora ou não destes).
O principal “divisor de águas” entre as raças, de acordo com os dados mais acima, se refere especificamente à renda. Tanto é assim que uma das principais alegações de que existe racismo pelos militantes do movimento negro é que, desempenhando as mesmas funções, negros e brancos teriam rendimentos diferentes. Ora! Então não há a aludida divisão racial-classista sugerida por esta militância.
Se a sociedade brasileira fosse constituída de duas classes fundamentais: os exploradores (brancos) e os explorados (negros), não seria possível qualquer sutileza do modelo capitalista em sua sanha de extrair a chamada mais-valia justamente por que tal divisão estaria escancarada e não haveria como manipular massas nem provocar a chamada “alienação” estudada por Marx. E a própria “necessidade” do capitalismo ocultar ideologicamente as relações de classe seria desmascarada.
Nem o mais vulgar dos marxistas imaginou tamanha simplificação. Se eu fosse maldoso, diria que isto se dá devido à supracitada taxa de evasão escolar…
Para um marxista heterodoxo, este raciocínio se torna mais inviável ainda quando pensamos no conflito social moderno que seria “triangular”: interesses entre acionistas, gerentes e trabalhadores que é muito diferente do modelo dicotômico e “biologicista” que propunha Karl Marx no século XIX.
Talvez a análise devesse levar em conta o critério comportamental, ausente em seu racismo. Em qualquer grande corporação, temos altos executivos, técnicos e outros subordinados devido ao critério da competência, ou em grande medida a uma boa dose de “capital cultural” herdada da família, o que também foge ao alcance de qualquer teoria marxiana mais ou menos ortodoxa. Se me entenderam, a desigualdade reinante em nossa sociedade não tem origem racial ou classista, mas cultural, formada pela tradição familiar e que pode (e deveria) ser reformatada pela Educação que, como sabemos, fracassa flagrantemente em nosso país. Se há um mecanismo de reprodução da pobreza, ele não é o racismo, mas nossa péssima educação pública que não possibilita mecanismos de alavancagem dessa massa com potencial para trabalhar.
Mesmo que para militância racista isto fosse, na melhor das hipóteses, um eufemismo para a discriminação pura e simples, sua cegueira ideológica não consegue abarcar sutilezas entre classes presentes na ordem capitalista. Como enfiar goela abaixo da sociedade o critério de cotas raciais para ingresso em universidades e serviço público se admitimos a meritocracia na moderna estrutura capitalista? Fica mais fácil pressupor que nada mudou ou pouco mudou desde os tempos da Casa Grande e da Senzala.
A mistificação racista tem, no entanto, um componente estratégico que sempre se deu nas estratégias dos jogos de poder, na qual a aliança contra um inimigo remoto tem serventia contra um inimigo imediato. Isto fica claro na seguinte passagem:
Este mesmo movimento, afinal, com seus operários e operárias deu à luz ao movimento negro pós 1978, que, de certa forma, começou a combinar o vigor da luta cultural e impor novas noções de política à sociedade. Ele, neste momento, se encontra e procura criar uma nova síntese ao lado de milhares de lideranças brancas com noções mais universalizadas do país e que se defrontam com a mesma indagação dos movimentos negros de 78: o que fazer no dia 13 de Maio, quando se comemora a abolição da escravatura no Brasil? Agora, o centenário da abolição. (Grifos meus.)
“Operários e operárias”, um vício teórico herdado de Karl Marx; “o que fazer?”, pergunta clássica feita por Lenin, líder da revolução comunista na Rússia. Não está claro que este tipo de “militância negra” tem outra agenda que nada tem a ver com condições de vida dos negros e querem sim outra coisa, têm outra agenda política?
No excerto acima, não fica claro o que se entende por “noções mais universalizadas”. O que haveria depois da sociedade ser dominada pela ideologia racista? Um alento para o “bom branco”, aliado que foi por sua serventia à causa? Ou mais tarde afloraria a máxima de “branco bom é branco morto”? Falta muito?
Assim como Marx dizia que a causa da fraqueza do campesinato francês se dava ao seu isolamento geográfico e baixa capacidade de se comunicar, esta visão racista se empenha em ultrapassar uma barreira similar ao propor uma aproximação entre seus membros da “classe-raça” através de um núcleo ideológico. E, assim como um dogma religioso, nada mais conveniente para esta agregação quando se encontra um inimigo comum.
No entanto, há obstáculos bem vindos à formação da “consciência negra”, como o papel dos sindicatos, que no Brasil são inter-raciais por excelência. Aí poderíamos assinalar um limite plausível a disseminação dessa “panaceia ideológica racial”.
Mas, seja dentro de uma socialdemocracia capitalista ou um ridículo sistema socialista, as clivagens étnicas, culturais ou religiosas sempre representaram um enfraquecimento do movimento trabalhista. Se o movimento negro pretende suplantá-lo, teremos algo pior que um estado socialista, talvez um apartheid às avessas, tão hediondo quanto seu antigo exemplo sul-africano no tempo da dominação böer.
Esse imbróglio pode ter consequências não explícitas, como aquele onde um terceiro elemento se beneficia de um conflito que não ajudou a criar. Sua sanha sectária pode aproveitar a situação para estender seu poder e amarras políticas pré-totalitárias ao traçar linhas de ocupação e direção da “classe trabalhadora” entre brancos e negros. No fundo, quem passa a comandar será nossa “nomenklatura pós-moderna”, gente como aquela ministra que acha que 30.000 mensais é pouco porque foi “vítima do racismo”.
Se para um marxista, uma luta entre facções capitalistas poderia beneficiar o operariado, nesse caso uma estúpida luta inter-racial beneficiaria a emanação dos tentáculos estatais e diminuição do prestígio da sociedade baseada no valor individual. Um movimento que beneficia o totalitarismo, do qual os socialistas bebem na fonte.
A luta de classes utilizada como subterfúgio para racismo pouco dissimulado tem sua aplicação hodierna no Brasil e alguns negros e brancos – alguns por que a imensa e absoluta maioria é formada por trabalhadores que age individualmente em busca de seu mérito –, tão cegos por seu ódio histórico serão, provavelmente, mais uma vez, úteis.
A quem esta alienação interessa, é uma questão de tempo para que os fatos falem por si.

Por Anselmo Heidrich
2017-11-20



[1] Sobre deturpação similar, confira Números não mentem. O Dieese sim!.. (link perdido de uma antiga matéria do MSM).
[2] Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
[3] A queda entre os brancos é de 94,9% para 50,7% e 91,8% para 25,1% entre os negros.
[4] http://www.fpabramo.org.br/td/nova_td/td02/td02_sociedade2.htm, acessado em 2003.

___________
[*] Este texto data de 2006, por isso suas estatísticas podem estar desatualizadas, mas o seu sentido teórico não mesmo. Reitero tudo que escrevi, com algumas correções já introduzidas em seu corpo.

sexta-feira, novembro 17, 2017

Kopperfield - Tales Untold 1974 (FULL ALBUM) [Hard Rock]





Kopperfield - Tales Untold 1974



Hard Rock 1974 USA

Tracklist:

01 - Moonride (3:40)

02 - Anatomy (3:06)

03 - Brain Rot (4:39)

04 - Watching The Time Go By (4:31)

05 - Nothing Left To Give (4:53)

06 - Truckin' On (3:43)

07 - Tales Untold (3:32)

08 - Magic In Your Mind (3:23)

09 - A Thousand Warriors (2:58)

10 - Wiseman (2:06)

11 - Dreams (4:25)

12 - Can't Find My Wine (6:24)

13 - People Are Leaving (4:10)

14 - Red Neck (3:14)

15 - Gonna Get Stoned (3:13)

16 - Wake Up People (4:31)

17 - Jam It (3:59)

18 - Naked Tears (2:30)

19 - You Pulled The Lights Down (3:19)

20 - Katie Love (6:52)



Paul Decker - Keyboards/Vocals;

Jimmy Robinson - Lead Vocals;

Chuck Eagan - Guitar/Vocals;

Tom Curtis - Drums;

Keith Robinson - Keyboards;

Jerry Opdycke - Bass;

Bill Wallace: Additional guitar and percussion on tracks 12-17

segunda-feira, novembro 13, 2017

William Waack, Boris Casoy, Diego Maradona e Ozzy Osbourne


Caros, assistam a este vídeo:


Agora minha opinião sobre um problema associado a este:


Se não fosse William Waack, jornalista respeitado pela maioria de nós por suas opiniões, não haveria tanta polêmica. Lembrei-me de outro, Boris Casoy, que foi um ícone da correção, da ética e que "elameou" tudo ao criticar garis em mensagem de ano novo na transmissão de sua emissora. Foi uma decepção muito grande, pois eu acreditava na imagem de um personagem ético que, no fundo, não existia. Analogamente, por isso quando ouço Sabbath antigo, ouço um cara cantando e não o Ozzy, sujeito que perdeu toda credibilidade como humano após pisotear pintinhos em um palco. Passou de simpático para nojo e não para meramente indiferente. Ouço o som daquela banda como quem ouve uma banda com vocalista sem rosto, se não fica difícil. A mesma coisa valeu para Ritchie Blackmore, genial guitarrista do Purple, mas que de tão intragável não passa disto, um guitarrista ou a antipatia gratuita de um genial músico, Ian Anderson do Tull, que ofendeu gratuitamente os músicos do Maiden que tentaram homenageá-lo com uma versão de Cross-eyed Mary ao dizer "fiz esta canção para uma garota cega, espero que tenha ficado surda antes de ouvir este lixo".


William Waack caiu nesta categoria, de pessoas que são só aquilo que deveriam ser, suas profissões e não a imagem de "algo mais", como símbolos de ética que foram um dia.


Outro bom exemplo de profissional excepcional que dista anos-luz da representação como modelo de pessoa é Diego Maradona. Acho que não há melhor exemplo do que eu quis dizer: vejam-no como o que é, apenas um atleta por que se pararem para prestar atenção nele como pessoa, seus sentimentos o trairão e passarão a procurar defeitos onde não há, que é o seu futebol.


Quanto às buzinas, elas são comuns em países com pouco respeito ao próximo, ou seja, países com pouca eficácia da lei, subdesenvolvidos e não necessariamente "negros" ou "pretos". Leiam sobre o trânsito em Mumbai ou no Cairo para entender o que digo. A falta de educação parece sim, algo típico de nossa cultura, o que William Waack pode nos provar, pelo seu próprio comportamento. Mas obviamente que não dá para deixar de notar que muitos dos que agora querem a carcaça de Waack não esboçaram, nem minimamente, a mesma indignação quando um nada saudoso ex-presidente chamou pelotenses de “viados”, ou colegas de partido de “mulheres de grelo duro”, ou que uma de suas assessoras sonhasse com vários policiais federais num quarto ou ainda com um de seus jornalistas financiados, Paulo Henrique Amorim ao se referir a um jornalista negro como tendo “alma branca”. Esta indignação seletiva é que reforça partidarismos em uma questão que deveria ser consensual quanto à inadequação e preconceito expressos.


Anselmo Heidrich

domingo, novembro 12, 2017

"Não Culpe o Capitalismo" (palestra proferida em 2017 11 07)

Nesta palestra faço uma análise dos conceitos Capitalismo; Socialismo; Comunismo; Democracia, entre outros. A tônica deles se dá pelo seu uso ao longo da História e não, como já fiz em outros momentos, pela visão teórica de alguns pensadores.