Eu entendo o termo ‘cultura’ a partir do marxismo como reflexo do que Marx entendia pela ‘estrutura da sociedade’, i.e., a contradição entre relações de produção e forças produtivas. Nesta perspectiva marxista, original, não há espaço para uma ‘autonomia’ da cultura em relação a este par dialético. Religiões, ideologias, doutrinas etc, tudo do campo das ideias se tronam mero ‘reflexo’ do que ‘vem antes’. Já, quando se revitaliza o marxismo no século XX, mas mesclando-o com outras filosofias, como o existencialismo ou a psicanálise advém o fenômeno do ‘marxismo heterodoxo’ que, a partir dos anos 60 contribuiu para o fenômeno da chamada ‘contracultura’. O que temos aí então é menos marxismo e mais ‘voluntarismo’ seguindo a tradição de movimentos anarquistas criticados por Marx por não saberem detectar as ‘condições propícias’ ao advento revolucionário e quererem fazer sua revolução a partir da mera vontade. Por isso que marxistas antigos chamavam sua filosofia de ‘ciência’ crendo, erroneamente, que haveria uma ‘lógica histórica’ que prediria quando, como e onde a revolução poderia ocorrer. O que temos hoje em dia por nossas esquerdas é uma agenda política que parte de uma filosofia do ativismo, aqui e agora que não tem nada a ver com a filosofia original marxista, exceto por seu ódio e incompreensão da história e do capitalismo.
Em tempo, eu sou anti-marxista, mas prefiro focalizar bem o inimigo para saber onde ‘estou atirando’. Considero o termo ‘marxismo cultural’ uma conveniência política, mas não uma congruência teórica.
Anselmo Heidrich
2018-02-02
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