A group of American tourists arrived in Italy not long ago. “Amazing!” one said to their tour guide, a friend of mine: “You have pizza here too.” A group of Japanese Boy Scouts landed in Chicago . “Amazing!” they told their troop leader. “They have McDonald’s here too.”
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Como os antiamericanistas enxergam a globalização frente às culturas... |
Os suplementos culturais dos jornais, geralmente são relegados ao segundo plano. O caso do Valor Econômico, por exemplo, é bastante sintomático, já que o jornal trata de economia e da política quando estreitamente relacionada à própria economia. Mas depois da dança das cotações das ações da bolsa, da crítica aos subsídios externos e ao clamor dos mais sensatos por juros e carga tributária menores, o que resta? A análise da política passa de modo rasteiro. Muitas vezes, sem dar nome aos bois ou revelar interesses, lobbies etc. E o que pode se chamar de “análise cultural”, praticamente nunca é tratada de modo sério, ou seja, revelando mais de uma visão sobre um tema tão amplo e vago.
... Mas, o que eles não perguntam é por que a aceitação e demanda crescentes por esses produtos? Apelar apenas para o clichê da "imposição" não serve para elucidação. |
Dia 13 de agosto passado[1], o suplemento Eu& do Valor trouxe matéria criticando a expansão econômica norte-americana. Nada de novo no front ideológico (proto) socialista, não fosse a matéria, um alerta sobre a supressão das identidades culturais das minorias nos EE.UU. Impressiona esta crítica ao país, uma vez que o mesmo é consagrado internacionalmente, mesmo por quem não o admira nem um pouco, como o mais internacionalizado, inclusive no plano cultural. Como todos sabemos, a taxa de migração líquida anual nos EE.UU. é cerca de 100.000 pessoas. A maioria, latino-americana que formam seus guetos, “barrios” nas grandes metrópoles americanas. Como se isto não bastasse, o número de jornais em língua estrangeira só em Nova York é de 50 e Los Angeles já ensina em espanhol nas escolas públicas, além de ser o segundo idioma mais falado no país.
Os livros didáticos no Brasil estão permeados de informações tendenciosas sobre a lei de migração dos anos 30 que previa cotas para migrantes não anglo-saxões (num contexto de crise econômica brutal), mas nada se diz sobre sua queda em 1965, bem como a lei que admitia o apoio a refugiados políticos.
O tema é tão polêmico que no livro Muitas Globalizações de Samuel P. Huntington e Peter L. Berger, os autores discutem profundamente a influência americana (e de outras culturas) no atual contexto da globalização econômica. O sucesso da MacDonald’s na China, por exemplo, não se deve apenas ao famoso sanduíche em si, mas por que suas lojas oferecem um espaço social de convívio que muitas vezes era ausente na sociedade. Esse tipo de análise passa totalmente ao largo dos editores do Valor, nem é interessante comentar que um produto de sucesso no capitalismo possa favorecer a aproximação entre as pessoas e seu bem-estar social sem a ingerência estatal.
Antes da própria unificação alemã e do próprio Muro de Berlim ser posto abaixo, milhares de berlinenses e alemães em geral migravam para o oeste para provar o capitalismo, inclusive o hambúrguer da Mac... Para os críticos socialistas, tudo não passa de fetichismo. Para os indivíduos, no entanto, era o exercício do livre-arbítrio. A mesma liberdade que faz com que nos EE.UU. vigore a gastronomia do mundo todo, muito além do fast food. Da mesma forma, a metrópole paulista, onde há maior presença do capital há uma gastronomia mais variada devido à diversidade da migração? Por que naquele país seria diferente?
Onde diabos há aí uma “supressão de identidades culturais”? Supressão não é ensinar o russo numa “comunidade” de 15 repúblicas com mais de 100 idiomas como na ex-URSS? Isto é um fato mensurável e não um simples insight tendencioso de quem quer ver “pêlo em ovo”. Uma vez perguntei a um russo aqui no Brasil por que esta prática de unificar o idioma, ao que o sujeito, professor de física me respondeu, “era pra criar um povo único”. Sim, claro que sim, à imagem e semelhança da 3a Roma. Engraçado que, assim que puderam, emigraram rapidinho de lá...
Será que os jovens de Berlim Oriental encostados ao muro quando ouviam um concerto do Pink Floyd no lado ocidental veriam a possibilidade de também enxergarem os músicos como mero “fetichismo”? Como nossos antropólogos e sociólogos e outros “ólogos” tupiniquins revelam seu ressentimento de modo tão evidente por serem relegados à periferia, inclusive, do mundo pop. Então, o que resta? Uma apologia à cultura periférica na tentativa de massificá-la e tratá-la como “alta cultura”. Os exemplos vão de Gilberto Gil ao rap de periferia que faz uma defesa do crime como "instituição social" justificado pela "exclusão social" a que são submetidos.
A estratégia desse tipo de socialismo terceiro-mundista consiste, logo de cara, em associar a influência cultural norte-americana ao nazismo e o expansionismo japonês. Em que pese as brutais diferenças, do primeiro se basear no comércio externo e na democracia e os segundos na anexação territorial, para os críticos terceiro-mundistas é tudo a mesma coisa. É este o tom da matéria de Naoki Sakai. O tom das ações americanas no Iraque nunca se baseou em pressupostos “raciais”, mas políticos. Coisa difícil para ele entender, simplesmente por que não quer entender.
O autor cai no ridículo de condenar o "Patriot Act", que sacramenta, corretamente, direitos básicos dos cidadãos em nome da segurança nacional, dizendo que os subtrai. Que direito pode ser maior que a defesa da vida?
Este tipo de visão deturpada obviamente desconsidera os dados: para se chegar aos 50 milhões de televisores, o mundo levou 15 anos, e para o mesmo número de usuários de internet, apenas 5 anos.
Quem discorda que a internet é um excelente meio para responder à manifestações culturais unidirecionais mais comumente vistas na TV? Ao mesmo tempo em que o “macworld” se expande, o nacionalismo chinês também. E, melhor que isso, países como a Índia que sempre se beneficiaram e incentivaram a integração cultural ganham ainda mais espaço.
Bens se movem, capital se move, pessoas se movem e idéias são trocadas nesse cenário cultural mundial que tende a se ampliar. Um tema tão rico, tão vasto e multifacetado que é a cultura no mundo é explorado de modo totalmente enviesado pelo Valor Econômico que só faz expandir o preconceito e o obscurantismo acerca dos benefícios da globalização econômica.
Para os socialistas, “globalização” significa um processo que torna países periféricos no capitalismo global em apêndices da economia americana. Meros consumidores da Coca-Cola ou do McDonald’s, da Levi’s ou da Nike. Esta simplificação deixa ao largo o fato de que Sony se tornou sinônimo de eletrodoméstico mundialmente aceito, assim como o sushi tem um enorme número de adeptos no próprio EE.UU. Mais do que a mera transferência de bens através dos portos, a globalização acelera a troca de informações através da rede global dissolvendo o sentido das fronteiras tradicionais.
Como um consumidor (sic) compulsivo de música, inclusive da que não tenho muita intimidade à princípio, certa vez comprei um cd de música marroquina. O disco era editado por um selo novaiorquino (Ellipsis Records) e manufaturado no Canadá. Nas informações de capa dizia que este tipo de música sofria ameaça de extinção, pois o avanço do totalitarismo islâmico no país condenava-o. Qual cultura, efetivamente, ameaça as identidades culturais? A gerida por um processo econômico mundial ou a induzida por ideologias políticas?
Quando algumas culturas, livres de coerção dirigida por aparelhos estatais, ignoram algumas manifestações artísticas, elas também adotam outras. A quem cabe julgar e dirigir? A uma cúpula de artistas selecionados (e apaniguados) pelo poder eleito é que não.
Quem pensamos que somos para julgar errado se crianças chinesas regozijam-se com o Vila Sésamo, conhecido lá como Zhima Jie, por não ser um programa autóctone? Os pais que chegam tarde do trabalho têm no programa um forte fator educativo de seus filhos. Daí o seu enorme sucesso entre aqueles que apóiam seus filhos numa atividade saudável. O que incomoda aos críticos da globalização? O fato de que crianças chinesas da zona rural apresentam mais diferenças com as da zona urbana que estas com as crianças americanas. As semelhanças podem ser muitas, mas não eximem diferenças significativas... A suposta homogeneização, pasteurização não é real, no caso da Vila Sésamo, cerca de 19 países produzem suas próprias versões usando a TV para interpretar culturas singulares.
Quem pensamos que somos para julgar errado se crianças chinesas regozijam-se com o Vila Sésamo, conhecido lá como Zhima Jie, por não ser um programa autóctone? Os pais que chegam tarde do trabalho têm no programa um forte fator educativo de seus filhos. Daí o seu enorme sucesso entre aqueles que apóiam seus filhos numa atividade saudável. O que incomoda aos críticos da globalização? O fato de que crianças chinesas da zona rural apresentam mais diferenças com as da zona urbana que estas com as crianças americanas. As semelhanças podem ser muitas, mas não eximem diferenças significativas... A suposta homogeneização, pasteurização não é real, no caso da Vila Sésamo, cerca de 19 países produzem suas próprias versões usando a TV para interpretar culturas singulares.
As críticas que acusam o governo Bush de “provincianismo”, de “se isolar da ‘comunidade mundial’” com a onda de patriotismo, são as que, verdadeiramente, estariam propondo uma uniformização do discurso político mundial. Para estes, Fukuyama e Huntington são conservadores e daí nada se aproveita de suas análises.
Como se o conservadorismo de valores não pudesse conviver com diferentes formas de manifestação cultural. Podem e devem, pelo bem da Humanidade.
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