Quem nunca se deparou com uma resposta pronta “não se pode julgar uma cultura pelos olhos de outra”, quando criticou uma dada idiossincrasia comportamental induzida ou procedimento costumeiro de outro povo? Obviamente, que o relativismo cultural é útil para entendermos porque uma sociedade ou parte menor dela, uma comunidade ou tribo isolada adota certa valoração e padrão de ação social. Mas, daí a tomar como “certo” ou igualmente válido porque tem sua origem em outro contexto distinto do qual se vive vai uma enorme, abissal distância.
Não faz muito tempo eu discutia com alguém sobre cultura indígena. Já escrevi sobre isto, mais de uma vez alguns anos atrás e confesso que não mudei de opinião. E isso que não raro reavalio minhas posições, mas quanto a esta, simplesmente, não deu. O problema é que o relativismo cultural, enquanto método para se compreender culturas distintas da nossa se torna também um relativismo moral, ou seja, a ausência de parâmetros morais a seguir quando se destrói nossa própria valoração ao colocar nossa cultura, explicita ou implicitamente, em um patamar de inferioridade frente a outras. Simplesmente, se a de outros povos ou grupos tem tanto valor quanto a nossa, nenhuma deveria ser desqualificada. Mas, na verdade podemos sim escolher qual devemos seguir se partilharmos da premissa do livre-arbítrio e tendo a liberdade e responsabilidade como valores fundamentais. O problema é que os intelectuais com síndrome do politicamente correto não sabem diferenciar a análise da justificativa. Posso perfeitamente tentar entender os porquês de determinada cultura sem, contudo aprová-los ou adular seus perpetradores.
Fui assistir “Terror na Água” (Shark Night) em 3D e, sinceramente, esperava mais. Mas, como filme de “sessão da tarde” é bom e não impede de ter bons momentos. Aliás, um dos que mais gostei foi um curto dialogo: “Nick” (Dustin Milligan), o protagonista amarrado acusa o xerife (Donal Logue) de louco, um típico oficial comprado pela gangue de “lixos brancos” que criava tubarões para filmá-los devorando suas vítimas e comercializar as imagens. Este responde que esse “negócio de louco” não serve como argumento, pois o que vale é o relativismo moral. Perfeito! Eu vou usar o enredo deste filme para discutir com professores e antropólogos quando vierem me dizer que o índio tem uma posição metafísica melhor que a nossa, pois integram “o ser no mundo”, ao passo que nos não. Então, se até mesmo grupos dos quais praticam o infanticídio (dentre eles algumas tribos amazônicas) porque não a sociopatia dos assassinos imaginários da costa do Golfo do México que criavam tubarões no lago? Se vale para um tem que valer para o outro.
Só sei que se for válido defender qualquer absurdo praticado por índios então o mesmo deveria se referir aos criadores de tubarões, cujos dentes tão logo caem são substituídos por outros que crescem no lugar... Assim como os valores morais dos relativistas são permanentemente trocados.
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