Neste texto: Socialista Morena » A volta do filho
(de papai) pródigo ou a parábola do roqueiro burguês, uma comentarista, cujo blog se chama “Socialista Morena” critica
o “endireitamento” de “roqueiros brasileiros”, como Lobão, Roger (do Ultraje à
Rigor) e Leo Jaime. Como é comum neste tipo de análise, sempre se tenta
enveredar para uma análise pretensamente científica do caso. Sabe...
Não gosto
da música de nenhum desses sujeitos. Aliás, detesto todas. De sorte que a única
coisa que me interessa mesmo em defendê-los, não é sobre a música ou sobre suas
opiniões políticas, rasas pelo que pude inferir, mas sim sobre a acusação tola
da blogueira em questão.
Como se explica que roqueiros se tornem entusiastas da
direita? Para ela, isto parece um profundo paradoxo. Olha... Não pretendo
gastar teclado a esta hora com as muitas acepções do que vem a ser “direita”,
assim como poderíamos também pensar sobre a “esquerda”, mas é incrível como há
gente picareta escrevendo com ares de cientificidade. Para a “morena”, os dois
primeiros músicos supracitados, alvos de seus ataques, são filhos de classes
abastadas e não fizeram mais do que retornar aos seus lares, no sentido
cultural e classista do termo. Ou seja, eles não optaram de livre e espontânea
vontade ou conscientemente, mas foram
carregados de volta por algo que está muito além deles, sua posição de classe.
Vejamos aqui:
Muita gente se pergunta como é que isso aconteceu. O que faz um roqueiro virar reaça? No caso de ambos, a resposta é simples. Tanto Roger quanto Lobão são parte de um fenômeno muito comum: o sujeito burguês que, na juventude, se transforma em rebelde para contrariar a família. Mais tarde, com os primeiros cabelos brancos, começa a brotar também a vontade irresistível, inconsciente ou não, de voltar às origens. Aos poucos, o ex-revoltadex vai se metamorfoseando naqueles que criticava quando jovem artista. “Você culpa seus pais por tudo, isso é um absurdo. São crianças como você, é o que você vai ser quando você crescer” –Renato Russo, outro roqueiro dos 80′s, já sabia.
O carioca Lobão, nascido João Luiz Woerdenbag Filho, descendente de holandeses e filhinho mimado da mamãe, estudou a vida toda em colégio de playboy, ele mesmo conta em sua biografia. O paulistano Roger estudou no Liceu Pasteur, na Universidade Mackenzie e nos EUA. Nada mais natural que, à medida que a ira juvenil foi arrefecendo –infelizmente junto com o vigor criativo– o lado burguês, muito mais genuíno, fosse se impondo. Até mesmo por uma estratégia de sobrevivência: se não estivessem causando polêmica com seu direitismo, será que ainda falaríamos de Roger e Lobão? Eu nunca mais ouvi nem sequer uma música nova vinda deles. O Ultraje, inclusive, se rendeu aos imbecis politicamente incorretos e virou a “banda do Jô” do programa de Danilo Gentili.
Além disto, não sei se
perceberam, mas aí um nítido “psicologismo de bolso”, quando não passamos de
uma cópia tardia dos nossos pais e seus padrões de comportamento. O que se
torna comum a este tipo de pensamento de matriz socialista, seja aplicado na
sociologia ou na psicologia, é o que o indivíduo simplesmente não existe. Ele é
um mero refém de categorias coletivas de análise, seja a macroestrutural como a
classe social, seja a menor, como a família.
Pensem: se for assim,
quem ou o que é tão estúpido que fala pela “morena”, qual partido ou
agremiação? Já que os músicos não podem ter opinião própria e escolha dissidente,
então ela também não passa de um reflexo de outros. Justamente, este tipo de
gente é que nunca vai divergir de uma opinião corrente, pois não sabem pensar
por si próprios e, na verdade, não têm nada a dizer mesmo.
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