Defender a ditadura para acabar com outra é condenar uma futura geração à falta de opções sobre qual destino tomar e torná-la refém daquilo que, suposta, originou a revolta contra a opressão. Um ciclo vicioso sem fim. No passado chamado ouro de tolo, hoje surgem seus defensores como seringas descartadas nos parques. É um veneno ao alcance de qualquer um.
Sobre: A confusão mental dos seguidores de Olavo de Carvalho | Bertone Sousa
Gostei da crítica ao olavismo, com certeza, embora eu discorde da análise econômica dele do período da ditadura militar. O problema, p.ex., na questão agrária, não era a distribuição de terras, mas o emprego e este se dá com demanda pelo trabalho. Desejar isto para o campo é regressão política e econômica, pois o desenvolvimento para a massa de trabalhadores não está em semear e arar, mas em empregos urbanos que, por pior que sejam, ainda assim costumam ser muito melhores em remuneração. Sem contar o fato de que no meio urbano, as chances de crescimento profissional para as gerações vindouras são bem mais aprazíveis.
Ainda, sobre a dívida externa, não é o problema, mas sim suas condições de rolagem. Desenvolvimento econômico demanda crédito, que é outro nome, positivo, para a dívida. Este é o problema, os juros que pagamos e não o montante, como ficou exposto. Se não foi exatamente isto que ele quis dizer, tudo bem, mas é um detalhe do qual tenho que discordar.
Quanto à suas críticas à dupla moral dos fascistas internéticos entusiastas do picareta, sou de acordo em gênero, número e grau, com certeza. Eu mesmo já debati com este Leonardo Bruno, o "Conde", tanto quanto foi possível e nossa discussão não raro resvalou para onde não devia, a mais pura agressão verbal. Trata-se de um covarde que se esconde nos rincões da selva amazônica...
Mas, lendo o resto do artigo, quando ele acusa a oposição ao Jango de 'entreguista' já percebi que o apelo recorrente ao manancial de clichês com premissas falhas é brutal, tão avassalador quanto quando um olavette ensandecido apela para suas ridículas teorias conspiratórias. Jango, p.ex., não precisava ser 'comunista' para endossar ou adotar políticas estatizantes e controladoras que prejudicassem a liberdade de mercado ou que deixassem o estado brasileiro à mercê das máfias sindicais. Ora, dê o nome que quiser, o rótulo que quiser, mas ele foi um péssimo presidente e, claro, foi deposto de modo equivocado por um grupo de militares que também se mostrou incompetente para pôr o Brasil no rumo do desenvolvimento sustentável.
Eu gostaria de parabenizar o autor pela crítica ao baixo nível e cafajestice desses seguidores idiotizados de um guru incoerente, mas também não poderia deixar de expressar que tenho muitas discordâncias sérias em relação ao que pensa. De todo modo é bom e salutar discordar de quem tem bom caráter, pois nos focamos no que realmente interessa, as teorias sobre a sociedade.