sexta-feira, setembro 27, 2013

Aprendizado com a liberdade

Quando se tem um gostinho de liberdade, logo se cospe no grilhão da escravidão...

Cf.: Siete médicos cubanos demandan a Cuba y Venezuela por “esclavitud moderna” http://www.noticias24.com/actualidad/noticia/144581/siete-medicos-cubanos-demandan-a-cuba-y-venezuela-por-esclavitud-moderna/ via @noticias24

quinta-feira, setembro 26, 2013

Intolerância racial e abertura econômica

Sobre: Como as pessoas funcionam | Mapas mostram nível de racismo e de diversidade étnica em diferentes países
A matéria tem um trecho 'gratuito', ao menos na forma como foi redigida:
"O Washington Post, então, foi atrás desses dados e fez o 'mapa do racismo' que você pode ver aqui. Os países em azul tiveram o menor número de pessoas que disseram não querer vizinhos de uma raça diferente – o que, segundo a teoria dos suecos, significa que elas são menos propensas a manifestar atitudes racistas. Nos em vermelho, mais as pessoas fizeram isso – e seriam, portanto, mais propensas ao preconceito.Isso confirma o resultado obtido pelos pesquisadores, de que liberdade econômica não tinha correlação com tolerância racial – Brasil, EUA, Canadá, Suécia e Noruega, por exemplo, estão entre os menos preconceituosos."

Se há uma correlação ela é positiva, pois a liberdade econômica não pode ter a intolerância racial como significativa, sob risco de prejudicá-la. Em tese é isto, mas o que se vê é que há países, como o Brasil notadamente, nos quais a tolerância racial é enorme e, no entanto, somos uma economia muito fechada. Por isto, a referência da matéria, uma pesquisa divulgada pelo Washington Post parece ter sido bem mais ampla em questionamentos que o resumo da Superinteressante lembrou apenas um detalhe conclusivo. E lembremos que 'correlação' não é necessariamente sinônimo de causalidade, embora estejam relacionadas. Pois podemos ter a tolerância racial como um condicionante para esta liberdade econômica ou o avanço desta como fator histórico de enfraquecimento da intolerância racial devido à migração que provoca. 

Enfim, a nota (matéria da Super) acerta quando diz que o tema é complexo, o que se presume uma multiplicidade de causas que não se circunscrevem a condicionantes econômicos. Ela se pergunta em determinado momento de se os finlandeses são mesmo mais intolerantes (racistas) que os noruegueses e que talvez apenas sejam mais sinceros(!) e mais adiante comenta o caso de países cuja população tem rixas históricas com certas etnias estrangeiras. Ora, este pode ser o caso da Finlândia, que já teve conflitos com os russos, sobretudo nos tempos da URSS. Parece-me que aqui o preconceito foi do autor da matéria ao não querer reconhecer isto em um país marcado pelo alto desenvolvimento social e econômico, uma coisa tão tão... Balcânica! 

Mas, o que me surpreendeu mesmo foi o caso da Índia... Quer dizer que no maior exportador de religiões do mundo, da espiritualidade, da meditação, não se suporta gente diferente?! Eh eh eh... É um outro mundo desconhecido mesmo.

terça-feira, setembro 24, 2013

Sofisma sobre o conservadorismo - 1

Sobre: O que é um conservador? | Bertone Sousa
Excelente post, que me permitiu concluir que Paulo Ghiraldelli não é um pensador sério. Resumir toda variedade de correntes e tendências à contrariedade em torno da questão sexual e da indefinição do termo revolução corresponde a ignorar as razões de quem quer conservar algo da sociedade, que se levou séculos para construir. Evidente que há muitos conservadores hoje que não tencionam mudar a legislação e conquistas femininas no mercado de trabalho e no código civil. O artigo de Ghiraldelli se constitui em um sofisma, dos mais difamatórios que opera com o mesmo princípio de um evangélico ao difamar cultos africanos ou que tem sua origem neste continente. Há sim várias críticas pertinentes ao que possamos enquadrar como 'conservadorismo', mas para que não se perca no vazio e 'barraco' para o qual evoluem as discussões na internet seria útil especificar quais pontos concretamente se procura acusar.


Do contrário, o programa do Ratinho pode ser uma opção mais inteligente.

segunda-feira, setembro 23, 2013

Pontos sobre a reforma agrária

Sobre: Diplomatizzando: A morte da reforma agraria (ja vai tarde) - Zander...: Concordo quase inteiramente com o que diz este colega sociólogo e especialista em reforma agrária, que conheci muitos anos atrás, e circunst...
Permita-me discordar. Em primeiro lugar, também considero o MST como um movimento que prega a desordem e, portanto, o crime. Mas, o problema é que não consigo caracterizá-lo plenamente como 'quadrilha' por não ser estruturado segundo uma hierarquia rígida, bem como de modo centralizado. 
E para escrever sua história, no que não adiantaria para ter uma "boa imagem nos livros de história", se faz necessário que seja por alguém que conheceu o MST de dentro. Em que pese todo o viés decorrente disto há muito que se faz necessário relatar e não foi escrito em nenhum lugar que eu saiba. Percebam que para ter a força que tem hoje - ainda que não seja mais a mesma de uma ou duas décadas atrás -, o MST teve seu início como uma espécie de 'messianismo'. Ou seja, havia sim um vínculo ideológico assumido por seus pares que não fosse a mera obtenção de terras. 
Quanto à modernização agrária, eu sou plenamente favorável. Não faz sentido que se mantenha empregos artificialmente em uma determinada área do país, MAS nem tudo é assim tão simples "não temos mais empregos aqui, portanto procure em outra área". Não dá para simplesmente dar de ombros para uma panela de pressão prestes a explodir (imaginem milhões de famélicos migrando para as cidades repentinamente). Entendo um caminho para a solução deste tipo de impasse como a geração de empregos urbanos e estes teriam que ter maior vínculo com a produção agrária em destaque. E para aqueles não absorvidos, prioritariamente pelos negócios de família (rural para o meio urbano) faz-se mister que haja incorporação e facilidades para abertura de empresas. Ou seja, para que o ciclo de morte da reforma agrária se complete, a geração de empregos urbanos deve ser promovida principalmente pelos pares diretamente envolvidos e interessados. 
Claro, isto, se o estado brasileiro não for tão instrumentalizado e pesado ao ponto de sufocar a atividade livre.

sexta-feira, setembro 20, 2013

Botos na Amazônia e propriedade

O golfinho fluvial conhecido como "boto cor de rosa", "boto branco" etc. (Inia geoffrensis).
Imagem: janelaselvagem.wordpress.com
Obrigado por assinar minha petição: CRIME AMBIENTAL - SALVEM OS BÔTOS DA AMAZÔNIA - PAREM COM A MATANÇA. (assine a petição)!
Toda pessoa que se junta a esta campanha aumenta nossa força de ação. Por favor, separe um minuto paracompartilhar este link com todos que você conhece:
http://www.avaaz.org/po/petition/PAREM_COM_A_MATANCA_DE_BOTOS_NA_AMAZONIA/?tAkeafb
Vamos fazer a mudança juntos,

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Aqui está a petição para encaminhar para seus amigos:

CRIME AMBIENTAL - SALVEM OS BÔTOS DA AMAZÔNIA - PAREM COM A MATANÇA. (assine a petição)
O RIO TINTO DE SANGUE
O Brasil está encontrando seu destino e os botos da amazonia também. ESTÃO SENDO ANIQUILADOS..
Pescadores e ribeirinhos da Amazônia estão promovendo uma matança de Botos Tucuxi e Botos Cor de Rosa. Um verdadeiro massacre..
A Carne do Boto é usada pra pesca do peixe Piracatinga que tambem é conhecido como o "carniceiro do Rio".
A Piracatinga é processado nos frigorificos e embalado com o nome pomposo de "Filé de Douradinha". qué é exportado e também é vendido para os principais supermercados brasileiros.

http://www.avaaz.org/po/petition/PAREM_COM_A_MATANCA_DE_BOTOS_NA_AMAZONIA/?tAkeafb
Enviado pela Avaaz em nome da petição de (...)

Uma espécie pode ser vista como um "bem público", juridicamente falando e isto tem uma razão de ser: uma vez que seja consumida ou totalmente eliminada, o ecossistema como um todo pode padecer ou impor grandes dificuldades à sua capacidade de resiliência. Métodos de produção mais modernos, que preservem a propriedade privada ao lado da pública devem ser promovidos, como a criação de espécies para consumo em "fazendas aquáticas" (aquicultura). O outro ponto de consenso é que a prática de matar para comer pode ser moral, mas o método brutal para se obter carne, mesmo como isca não se justifica. Não é só desumano, como se devêssemos nos importar com a moral somente para nós, mas é imoral segundo uma perspectiva de como devemos proceder em relação aos animais, sejam domésticos ou os utilizados como recursos naturais. O ponto chave desta discussão para mim é como a propriedade privada - o empreendimento da pesca - deve conviver ao lado da propriedade pública - os botos em seu habitat - que, no caso citado, evidentemente não convivem bem.

quarta-feira, setembro 18, 2013

Equação de fanáticos

Sobre: A confusão mental dos seguidores de Olavo de Carvalho | Bertone Sousa
Acho que foi Henry Ford quem disse que "o dinheiro não muda o homem, apenas revela quem ele é". Analogamente, um filósofo ou, no caso, um ideólogo não muda, não vicia estas pessoas, apenas revela quem elas já eram: ávidos fanáticos esperando por um messias. E a questão não é que não possam admirar a obra de um pensador, por pior que seja, mas que sua postura, de se submeterem sem questionamentos, sem se verem como iguais, ao menos em condição, de se incomodarem ao menor questionamento ou crítica já denuncia a postura dogmática deles. E não é sintomático que Olavo só veja dogmas impostos na ciência? Porque tudo que faz neste sentido não passa de uma identificação projetiva. Na verdade, seus sete anos de estudos no marxismo foram sete anos de adestramento que, após "liberto" do marxismo passou, apenas, a perseguir estes outros fanáticos estabelecendo o mesmo tipo de crítica onde mudou o sinal, mas a equação se mantém similar.

sexta-feira, setembro 13, 2013

Foro fora de foco - 1

Há quem não acredite nas bruxas, mas afirme que elas existem. Esta parece ser a premissa dos teóricos do Foro de São Paulo... / Imagem: wallcoo.net
Foro fora de foco
-- por Anselmo Heidrich

Após o período de manifestações que sacudiram o país em junho passado, qual foi nosso saldo? Vinte centavos economizados? Brincadeira a parte, não ficou claro qual teria sido o objetivo e resultado disto tudo, sobretudo para quem não é brasileiro e um tanto orientado sobre os acontecimentos da política nacional, bem como a percepção política e ideológica de nosso país. Para se entender melhor a dificuldade de entendimento que possa atingir um estrangeiro lembre-se de outro país, também considerado emergente, cujos protestos ao seu presidente, Erdogan se iniciaram devido a uma interferência urbanística em Istambul, a maior cidade da Turquia. Interferência esta que versava sobre uma singela praça. Como é que é? Sim, este foi o estopim, mas claro que esta não é a situação cuja combustão foi iniciada por uma simples interferência urbanística. O que chama atenção neste caso são as duas ordens de causas, a imediata, como a 'revitalização' de um parque público na cidade de Istambul enquanto que, no fundo, a população que protestou era movida contra a “islamização sutil” do país.[1] No Brasil, muitos que aderiram aos protestos nunca teriam se movido por 20 centavos de aumento na tarifa de ônibus, mas aproveitaram a deixa para incrementar os protestos com suas próprias plataformas individuais.
Dentre os motivos de protestos que se avolumaram no Brasil, de um simples aumento da passagem de ônibus em São Paulo até a revisão do código penal, como a posição favorável à redução da maioridade penal, o que se viu foi um variado espectro de demandas, da esquerda estudantil, comandada pelo PSOL e PSTU até o clamor conservador. É um pouco difícil definir até onde vão as manifestações na internet e onde começam nas ruas, mas parece inegável a ligação entre uma e outra. Destas, uma chama atenção por se tratar de um tema nitidamente internacional, o “Foro de São Paulo”.[2]
Esta organização criada pelo Partido dos Trabalhadores em 1990 tinha como objetivo agregar governos latino-americanos descontentes com as ditas reformas neoliberais que se encontravam, supostamente, em crise devido às “próprias contradições do sistema capitalista”. Com o objetivo de assegurar um “giro à esquerda” na América Latina, se impunha a necessidade de elaborar estratégias práticas para tanta diversidade nas formas políticas assumidas pelos aliados. Como se lê na página do próprio Foro de São Paulo:

Embora costumem lançar mão, cedo ou tarde, da violência militar, as classes dominantes de cada um de nossos países e o imperialismo investem cotidianamente na luta política e ideológica, para o que contam com um imenso aparato educacional, uma indústria cultural potente e o oligopólio da comunicação de massas. A partir destas plataformas, buscam entre outros objetivos manipular a seu favor as diferenças estratégicas e programáticas existentes entre os governos, partidos e movimentos empenhados no “giro à esquerda” que nosso subcontinente vive desde 1998.
Alguns destes governos, partidos e movimentos declaram abertamente seu objetivo de construir o socialismo. Outros trabalham, assumidamente ou não, pela constituição de sociedades com alta dose de bem-estar social, democracia política e soberania nacional, mas nos marcos do capitalismo. Importantes setores, embora integrantes de partidos de esquerda, adotam premissas neoliberais. Há também profundas diferenças estratégicas acerca das formas de luta e vias de tomada do poder, bem como sobre qual deve ser a relação dos governos eleitos com as classes dominantes de cada país, da Europa e dos Estados Unidos. Igualmente são distintas a visão e a postura frente aos chamados BRICS. Tais diferenças programáticas e estratégicas tornam particularmente complexo o debate sobre a natureza e o papel dos governos encabeçados por presidentes integrantes dos partidos de esquerda e progressistas de nossa região.[3]

Neste pequeno excerto se percebe no primeiro parágrafo uma nítida avaliação da conjuntura nos moldes marxistas. Para dizer a verdade, mais leninista que marxista. Lendo isto nem parece que temos uma diversidade de mídias e opiniões em nossa sociedade, mas um comitê reacionário empenhado em sufocar qualquer processo de mudança ou reformas sociais que precisa ser urgentemente combatido. O segundo parágrafo, por sua vez, mostra de forma evidente que o que se chama de “partidos de esquerda e progressistas” apresentam uma união presumida e um rótulo identificador, enquanto que na prática são tão diversos quantos os cenários culturais do subcontinente. Não há como, porque “trabalham (...) pela constituição de sociedades com alta dose de bem-estar social” presumir que sejam de ‘esquerda’. Até parece que a diferença com relação ao que também se chama, genérica e imprecisamente, de ‘direita’ seja o objetivo de desenvolvimento. É como se a ‘esquerda’ fosse a única detentora deste objetivo... A diferença, quando se mostrou nítida ao longo da história sempre foi mais de método do que objetivo. Sejam agremiações de esquerda ou direita, cada um a seu modo, geralmente se declaram a favor do desenvolvimento.
E o que diriam os opositores desta agremiação? Como eles avaliariam a situação atual em relação ao sucesso do empreendimento chamado Foro de São Paulo? Um modo de entender o que acontece é mudar o nome do que se quer entender... Ao invés de procurar se entender o porquê da crise econômica do século XXI fica mais fácil de chamá-la de socialista, isentando o capitalismo de qualquer responsabilidade. Se vocês me entenderam, o que temos aí é proposital, pois grandes grupos estariam aliados ao governo para provocar uma crise que demandaria maior intervencionismo estatal, daí a raiz (e fim) socialista. Isto é a típica teoria conspiratória. E é análoga a que faziam as esquerdas promovendo a ideia de que toda e qualquer crise era produzida pelo capitalismo, com o fim precípuo de gerar maior empobrecimento da população para, por sua vez, maior enriquecimento de elites. Na verdade, o raciocínio de ambos os grupos, esquerda no passado e esta nova direita é exatamente o mesmo. O que eles fizeram foi apenas mudar os nomes dos agentes e suas posições. O que era uma “cúpula capitalista” vira uma “cúpula socialista”, o que se tinha como objetivo aumentar a exploração pública para fins privados permanece praticamente o mesmo, sendo que apenas mudam o verbo explorar por intervir. O léxico pode se diferenciar, mas o método argumentativo é gêmeo.[4]
A verdadeira oposição a isto deveria se pautar na realidade, nos fatos. O que o ex-presidente Lula disse em uma reunião desta agremiação dá uma mostra da ineficácia em que se encontram seus propósitos:

"— Pelo fato de a esquerda estar enfraquecida na maioria dos países do mundo, a América Latina pode, neste momento, ser o grande farol para a nova esquerda que queremos criar para o mundo. A esquerda europeia perdeu o discurso porque ficou muito semelhante ao discurso da direita — disse o ex-presidente Lula."[5]

Se for assim, então esta agremiação de governos de esquerda não tem nenhuma eficácia mesmo. Tomemos o Chile como exemplo, que antes do atual presidente, Sebastián Piñera teve Michele Bachelet, auto-proclamada ‘socialista’ que em 2010 promulgou uma lei que obrigava as autoridades de seu país a declarar sua renda e bens publicamente. O que há de socialismo nisto? O que mais me impressiona é que com variantes de direita ou de esquerda, as instituições do país parecem tão sólidas que o caminho do desenvolvimento se encontra plenamente traçado.[6]
Pensemos então no Equador, cujo presidente Rafael Correa desde 2007 no poder se reelegeu como outro representante das esquerdas. O que, efetivamente, fez em termos de fomento à atividade econômica em seu país? Vejamos: em que pese a redução da pobreza apoiada na criação de empregos, seu fomento vem da exploração de petróleo. Assim como outros petro-estados, uma vez que a oferta da commodity aumente no mercado internacional e seus preços caiam, este governo seguirá o caminho de outros (Irã, Venezuela etc.), cujos estados não terão condições de arcar com os gastos sociais a que estão regularmente submetidos e, provavelmente irão sofrer com o aumento de suas dívidas públicas.
Apesar do aumento da ingerência estatal na economia, o governo equatoriano acaba de aprovar uma lei que flexibiliza as condições de exploração mineral no país para atrair investidores, para descontentamento de grupos indígenas e ecologistas.[7] Agora vejamos o que defendem os porta-vozes do Foro de São Paulo neste assunto:

Puede afirmarse, por tanto, que la crisis actual del capitalismo es el mejor momento para su sustitución por el socialismo mediante la lucha revolucionaria, que es en primer lugar (según se desprende de la concepción leninista sobre la actualidad de la revolución – antes explicada –) un deber de todo revolucionario, independientemente de que el sistema esté o no en crisis. Por otra parte, siendo el socialismo la única alternativa revolucionaria posible al capitalismo, y siendo el neoliberalismo el único capitalismo posible en la era de la Revolución Electrónica y la resultante crisis de la intermediación, que es entre otras cosas la del papel protagónico del Estado en la economía (tanto en el socialismo como en el capitalismo), la única alternativa revolucionaria posible al neoliberalismo no es un capitalismo de algún tipo diferente, sino el socialismo, que según se ha visto, puede ser construido aunque no estén creadas las condiciones adecuadas. Por lo demás, cualquier otra opción implica la existencia de plazos que no existen, pues debido a la crisis ecológica, la vieja disyuntiva planteada por Rosa Luxemburgo entre socialismo y barbarie se plantea en estos tiempos entre socialismo ahora, o fin de la especie humana para siempre; entendiendo por socialismo el orden de cosas resultante del cambio revolucionario, que es sistémico-político (ejercicio del poder por las clases populares – de forma directa en la época actual – ), estructural-económico (socialización de la propiedad y peso creciente de los estímulos morales y colectivos para el trabajo y la actividad humana en general) y civilizatorio-cultural (de ser transformada la naturaleza por el ser humano en beneficio propio, a transformarse éste a sí mismo en beneficio de la naturaleza a la cual pertenece como ser biológico).

Não há para eles um “capitalismo de outro tipo” senão o socialismo mesmo e sem relativismos de ordem semântica, pois o autor deixa claro o que entende por ele, mudança revolucionária no sistema político, estrutura econômica com a socialização da propriedade. Também não se trata de dar um passo para trás e outros dois para frente quando, na verdade, os autores do suposto processo revolucionário estariam dando de marcha a ré desde que iniciaram seus governos. Claro que esta não é a situação da Bolívia, dominada por Evo Morales e a Venezuela dos bolivarianos, mas qual o estado atual desses países?
A Bolívia passou os últimos anos com crescimento de renda per capita capitaneado pela valorização de suas commodities no mercado internacional, o que possibilitou a nacionalização de ativos estrangeiros por Evo Morales.[8] Apesar desta estratégia, a expansão subsidiada de eletricidade não tem sido bem sucedida quanto à oferta de água. E o ciclo internacional de valorização das commodities corre o risco de esfriar devido à retração do crescimento chinês e os efeitos da crise sobre a economia européia.
A situação da Venezuela por sua vez é bem conhecida: escassez de itens básicos, inflação em alta, corrupção generalizada e violência crescente.[9] Creio que não eram bem estes os objetivos da “revolução bolivariana”... A Argentina de Cristina Kirchner segue em seu movimento de inércia. Sua política externa se resume a levantar barreiras alfandegárias e estimular o protecionismo tragando junto quem o apóia para um buraco negro diplomático.[10] Nada de novo, mas isto é decisivo para o fracasso do Foro de São Paulo.
Quando a Guerra Fria estava em seu auge, a extinta URSS tratou de criar uma organização econômica que ligasse seus membros por algo mais que a força dos tanques soviéticos, o Conselho de Assistência Econômica Mútua, C.A.E.M. ou COMECON, na sigla em inglês. Este bloco econômico visava promover a troca de produtos entre seus membros, mas sobretudo a assessoria técnica e de planejamento centrado nas mãos de burocratas soviéticos. O que chama atenção é que o Foro de São Paulo não apresenta sequer algo assim. Com a política externa protecionista de seus membros, “anti-entreguista” como gostam de chamar, não apresentam força enquanto bloco, simplesmente porque seus laços econômicos não são proporcionais às intenções e retórica políticas. Tentativas de intensificar as “relações sul-sul” não lograram êxito porque, para serem bem sucedidas elas tem que se pautar justamente por critérios clássicos rejeitados pelas políticas econômicas de seus membros, como o aumento de produtividade e a busca por competitividade. Com uma China investindo fortemente nas plantas mineradoras africanas, com a economia americana retomando o rumo de seu crescimento e, o mais importante, a consolidação do mercado comum na bacia do Pacífico, a APEC,[11] os intentos dos foristas de São Paulo com ecos de Bandung estão condenados ao panteão dos anacronismos econômicos do século XXI. Crer que os membros do Foro de São Paulo têm força e eficácia é dar mais importância para um espantalho que as gralhas e os paranóicos desejam.

...




[1] BBC Brasil. Protestos contra o governo se espalham pela Turquia. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/06/130601_turquia_atualiza_fn.shtml>. Acesso em: 10 set. 13.
[2] Opera Mundi. Às vésperas de encontro, Foro de SP é alvo de ameaças de grupos direitistas. Disponível em: <http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/29939/as+vesperas+de+encontro+foro+de+sp+e+alvo+de+ameacas+de+grupos+direitistas.shtml>. Acesso em: 10 set. 13.
[3] Foro de São Paulo. Declaração Final dos Encontros do Foro de São Paulo (1990-2012). Disponível em: <http://forodesaopaulo.org/?p=2787>. Acesso em: 3 set. 13.
[4] Um dos inúmeros exemplos encontrados na rede: Antiforo de São Paulo. A segunda crise do socialismo. Disponível em: <http://antiforodesaopaulo.blogspot.com.br/2011/10/segunda-crise-do-socialismo.html>. Acesso em: 3 set. 13.
[5] O Globo. No Foro de SP, Lula defende que América Latina seja o ‘farol de uma nova esquerda’. Disponível em: < http://oglobo.globo.com/pais/no-foro-de-sp-lula-defende-que-america-latina-seja-farol-de-uma-nova-esquerda-9337397>. Acesso em: 3 set. 13.
[6] América Economía. Chile: Bachelet busca mejorar la calidad de la política. Disponível em: <http://www.americaeconomia.com/politica-sociedad/politica/chile-bachelet-busca-mejorar-la-calidad-de-la-politica>. Acesso em: 3 set. 13.
[7] América Economía. Congreso de Ecuador aprueba polémicas reformas a Ley de Minería. Disponível em: <http://www.americaeconomia.com/negocios-industrias/congreso-de-ecuador-aprueba-polemicas-reformas-ley-de-mineria>. Acesso em: 5 set. 13.
[8] The Economist. From tap to socket. Disponível em: <http://www.economist.com/news/americas/21569707-can-government-do-better-job-private-sector-tap-socket>. Acesso em: 6 set. 13.
[9] BBC Brasil. O legado de Chávez: os prós e os contras. Disponível em: < http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130306_chavez_argumentos_pro_contra_rw.shtml>. Acesso em: 11 set. 13.
[10] O Estado de S. Paulo. Vexame em São Petersburgo. Disponível em: < http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,vexame-em-sao-petersburgo-,1071851,0.htm>. Acesso em: 11 set. 13.
[11] Wall Street Journal. APEC Shows the Way on Trade. Disponível em: <http://online.wsj.com/article/SB10001424127887324874204578436061582790802.html>. Acesso em: 11 set. 13.

sábado, setembro 07, 2013

O verdadeiro nome do 'nacionalismo'

Comércio é troca e se troca por vantagem. Pensar que comércio beneficia somente "alguns poucos" é falta de conhecimento. Um exemplo, de cada 10 copos de suco de laranja ingeridos no mundo, seis são produzidos a partir do Brasil. Dirão "produção agrária que beneficia o latifúndio e não industrializa o Brasil..." Este tipo de ignorância atroz não vê a (1) cadeia produtiva envolvida; (2) a indústria de insumos; (3) a mão de obra utilizada nos centros urbanos para produção destes; (4) os empregos gerados com o comércio etc. Ou seja, o desenvolvimento econômico não ocorre sem o social, sem perspectivas para os trabalhadores em seus empregos do setor e outros, indiretos. E o que propõem os 'nacionalistas' (na verdade, protecionistas)? Um fechamento do mercado interno aos produtos internacionais, cujos produtores estrangeiros reagirão em igual (ou pior) medida. Quem sofrerá? O grande produtor? Este está com a vida feita, MAS e todos envolvidos na cadeia produtiva é que pagarão o pato. Então, colegas, quando os 'nacionalistas' falarem em se proteger, lembrem-se, eles estão garantidos e não se importam com quem trabalha por produtividade e depende do comércio. Faça uma pequena pesquisa e me diga se não são, na sua maioria, servidores estáveis que não estão nem aí para o desemprego do setor privado. E cá entre nós, de onde eles acham que vem os recursos utilizados para pagarem seus salários? De impostos cobrados justamente deste setor privado. Então respeito é bom, saudável e necessário. Agora deixem-os com seu discurso 'nacionalista' que não enche barriga porque o mundo continua e quem perder o bonde da história conseguirá, no máximo, chegar a uma Cuba, mas nunca a Hong Kong.


sexta-feira, setembro 06, 2013

Se proteja de tudo que ignora e chame isto de 'política externa'

Imagem: snaphappyross.co.uk
Qual o objetivo de um governo como o nosso em um fórum internacional que discute, justamente, o comércio externo se sua proposta se resume, tão somente, em defender o protecionismo econômico ao lado de uma combalida economia argentina?
Cf.: Vexame em São Petersburgo http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,vexame-em-sao-petersburgo-,1071851,0.htm via @estadao
Quando digo que nossa política externa está mais perdida que cusco em dia de procissão acham exagero. O triste é que, ao contrário de certas políticas internas que podem mudar radicalmente ao cabo de um novo governo eleito, este tipo de atitude pode ter efeito duradouro e sair caro para os brasileiros. Qual nossa credibilidade futura quando quisermos exportar grãos para a china? Motores e metais para a Europa? Alimentos para o Oriente Médio? Ou mesmo ampliar nossos mercados no subcontinente latino-americano e junto a novos países na África? O raciocínio estúpido que embasa a política externa brasileira é de um jogo de soma zero, que professores estelionatários embebidos no marxismo atroz ensinaram a esta cambada de que "se um ganha o outro tem que, necessariamente, perder". A ignorância reside em não entender porque um país ou setor aufere maior renda com o valor agregado de sua produção, i.e., sua produtividade. O grito dos excluídos mentais, isto sim é de que enquanto os pólos da economia mundial sofisticam sua produção com maior aporte de tecnologia graças ao investimento em pesquisa científica e qualificação profissional, eles têm que, por misericórdia, um espírito altruísta digno de uma mente bovina, nos pagar proporcionalmente mais! Isto enquanto nós continuamos dilapidando nossos recursos naturais, sobretudo o pasto e solos de maneira extensiva ampliando a produção horizontalmente, a sua área apenas.

Eu simplesmente não posso crer que seja só uma questão de ignorância e marco ideológico de celerados. Deve haver mais do que isto... Veja que o regime automotivo, como bem lembrado no editorial d'O Estado diz é um dos mais protecionistas. Quem duvida que haja algum beneficiário deste processo que "mais que oriente" alguma política? Não sei de nada e se soubesse, seria melhor fazer apenas uma denúncia anônima. Ou isto ou tomar um café com Celso Daniel antes do esperado...

quinta-feira, setembro 05, 2013

Um exemplo para Lula



Bacaninha a foto do tópico com o Lula "fazendo média". Mas, quando abre a boca...

"Eu fui agora ao Gabão aprender como é que um presidente consegue ficar 37 anos no poder e ainda se candidatar à reeleição". Em conversa com o presidente da Costa Rica, Abel Pacheco, 17/08/2004.

Fonte: Folha On Line, 22/08/2004
E este é o filho do presidente que Lula expressou sua admiração:
President of Gabon Ali-Ben Bongo Ondimba sparks outrage after buying £85million official... http://bit.ly/cWC1yU via @MailOnline
E não parece difícil entender porque Lula nutria tanta admiração pelo falecido Mr. Bong, pai do atual presidente:
"Observers say he had a style of exchanging favours for votes that was characteristic of Africa's 'big man' tradition.

He built a powerful dynasty, which analysts say benefited from the development of off-shore oil production.
But the country's wealth remains concentrated in a small proportion of its 1.4 million population.
Last month, a French judge launched a landmark investigation into whether Mr Bongo and two other African leaders had plundered state funds to buy homes and cars in France.
His bank accounts in the country were subsequently frozen. Mr Bongo denied the corruption allegations."
[BBC News - Obituary: Omar Bongo http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/8088399.stm]

Médico cubano denuncia esquema no programa Mais Médicos