quinta-feira, agosto 21, 2014

Por uma reforma educacional - 01

Uma boa reforma educacional vai muito além da mera distribuição de
vouchers para alunos de escolas públicas. (Imagem: eagnews.org).

Uma coisa que fica evidente e que se pode observar pela demanda do mercado de trabalho são os cursos técnicos, seja para o setor privado ou para funções públicas. Isto, na minha opinião, deveria ser multiplicado através de empresas educacionais e também por instituições públicas na medida que supram deficiências de mão de obra qualificada. Agora, proibir de que cursos privados existam, eu acho errado. Se uma determinada faculdade é ruim, que se deixe que as pessoas decidam que vão cursá-la ou não. O que o governo pode e deve fazer neste sentido é um ranking para divulgação da qualidade que ela (corpos docente e discente) atingiram, segundo critérios dotados de transparência. O método utilizado para avaliar tem que ser acessível, se não até aí teria mutretagem, servindo os mesmos testes para prejudicar empresas educacionais de quem não come na mão de secretarias de educação ou do MEC. 

Quanto à qualidade das instituições privadas VS. públicas, eu penso que um modelo não deve excluir o outro. Numa das últimas avaliações de qualidade de ensino no Brasil feita através do ENEM, embora as públicas estivessem pior cotadas, a maioria das escolas particulares também não se saiu bem. Destacaram-se algumas escolas privadas e os institutos federais (ver aqui). E eu me pergunto o que muda para termos estes resultados? Minha resposta não é baseada em estudo sistemático nenhum, mas na minha experiência: melhores alunos provenientes de lares que a leitura é incentivada e melhores professores que são atraídos por melhores condições e isto inclui, obviamente, salários. Como eu acho que uma educação básica melhoria em escolas públicas municipais e estaduais? Premiando com salários maiores os professores que, repetidamente, apresentarem melhor desempenho (avaliado de modo externo, isto é importante). Quanto à parte dos alunos se deve enfatizar na leitura e cobrar pesado português e matemática. Isto funcionando, o resto é consequência. 

E os vouchers? Sou simpático à ideia, mas não acredito que eles por si só melhorarão a qualidade de ensino no Brasil. Eles fazem, evidentemente, parte de uma estratégia de realocação e otimização dos recursos públicos, mas o salto de qualidade quer gostaríamos de ver levaria uns 25 anos (uma geração) através de modificações, também na postura empresarial e cultural de nosso "consumidor educacional" (pais e responsáveis dos alunos). O que eu quero dizer com isto? Pensem: quantos pais saem por aí se gabando que a escola de seu filho tem uma sala de informática? Que significa isto? Como estes terminais são utilizados? É besteira. Agora, quantos pais vocês já ouviram falar bem da formação e, sobretudo, da experiência do profissional que toma a responsabilidade de ensinar seus filhos? Eu, pelo menos, nunca vi. Já vi sim falar do pátio com pônei, da horta, da feira de não-sei-o-quê, da excursão (que se for de adolescentes serve, primordialmente, para azaração). Claro que não imagino os recursos sendo revertidos em qualificação de mão de obra sem redução dos tributos cobrados dessas empresas educacionais. Mas não sejamos ingênuos, isto não ocorrerá magicamente por boa vontade. Nós todos procuramos maximizar nossos benefícios em quase tudo que fazemos, se for possível aumentar o lucro cortando custos, o faremos. Então, a única maneira que vejo é incentivando a concorrência. E vejo um papel governamental aí ao criar uma política educacional ao incentivar a competição entre elas através de vários campeonatos e divulgação de resultados dando ênfase aos fatores que levaram ao sucesso.

Outra coisa muito importante e isto ainda é minha especulação. Enquanto o sitema de vouchers não for disseminado e as escolas públicas ainda responderem por parte massiva das matrículas, eu apostaria na municipalização do ensino tanto quanto possível. Diretores não seriam cargos doados por prefeitos, mas eleitos e dotados de orçamento próprio, anual, fiscalizado pelas associações de pais e mestres. Isto daria autonomia às escolas e levaria, obrigatoriamente, à participação dos envolvidos sobre como os recursos estariam sendo utilizados. Houve roubo? Denúncia, processo, condenação? Ano seguinte, escola fechada e troca do staff envolvido. 

Ideias mirabolantes todos temos, já como fazer é que são elas. O que o Partido Novo poderia fazer a este respeito seriam projetos pilotos, só que eu ignoro completamente como isto seria possível do ponto de vista legal. Alguém aí pode me dar uma dica?


Bom dia,
a.h

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