Sobre:
Todos os mapas que você conhece são ruins http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/14/cultura/1429016086_681676.html via @el_pais
Colegas,
Na referida matéria, o título é que
está errado: os mapas não são ruins, são mapas e como tais, deformações da
realidade, simples assim. Se não os querem, que utilizem um globo. Esta é a
sina dos títulos das matérias jornalísticas, que parecem escritos por pessoas
alheias à quem escreveu o texto por completo (e muitas vezes é isto mesmo que
se passa). Tomemos o exemplo de Mercator (1562?), que segundo a própria matéria
preservou os ângulos perfeitamente para auxiliar no que havia de mais hi-tec na
época: a navegação. Este era o objetivo, pragmático e não ideológico.
Ideológico é o uso posteriormente feito. Portanto, se quiserem julgar as obras
cartográficas de 500 anos atrás, pelo menos, "se transportem" à
época, se relativizem para entender o porquê delas terem existido e porque
foram criadas como tais. Agora, se o mundo não deveria ser representado sempre
da mesma forma, hegemônica, por que então os interessados não procedem como os
australianos, diabos? Ou como os americanos? Ou como os japoneses? Países que
normalmente colocam seus territórios no centro e acima nas representações
cartográficas. Por isto não aguento esta chorumela terceiro-mundista de
"não nos reconhecem buáááááá!!!!" Ora, que se faça a sua versão ou
adaptação e se escolha (ou crie) projeção mais adequada aos seus princípios e
objetivos então. Eu, particularmente, aprecio a projeção de Peters que, em que
pese algumas deformidades, ainda assim é bem melhor do que a de Mercator e
outras para representar áreas de fenômenos (Amazônia, p.ex.) de modo mais
fidedigno. Este é o meu objetivo. Para mim, quem a usa porque "nos
representa melhor, valorizando nossa terra" simplesmente não entendeu o
que há de melhor nela, sua objetividade na representação/comparação entre
áreas. Agora, cada um utiliza conforme lhe inspire. Quer utilizar um mapa
contando uma história falaciosa de que "fazem assim para nos
dominar", faça bom proveito e engula a pílula vermelha da Matrix. Só mesmo
com muita insegurança psíquica (transmutada para a política) para achar que
alguém quer diminuir a América do Sul ao aumentar (intencionalmente) a
Groenlândia(!).
Mas se o uso ideológico é um fato,
por que não denunciar? Porque só isto nada adianta. Faça algo! Se mexa e deixe
de bancar o inútil! Faça como os australianos e ainda ganhe dinheiro vendendo
camisetas. Isto sempre foi assim, representar-se acima e no centro, porque é da
natureza animal (mais que simplesmente humana) enxergar o mundo a partir de si
e referenciá-lo tendo a si próprio como sujeito ativo e protagonista. Se não
fosse assim, nossa própria sobrevivência enquanto espécie estaria ameaçada,
ora! Mapas árabes colocavam o Oriente Médio acima; os medievais católicos
colocavam a península itálica acima do norte europeu, porque este era bárbaro e
não podia, simbolicamente, estar representando algo superior ou norteador,
mesmo que fosse o norte. E notem que a Terra Santa, no Oriente Médio estava
acima da Europa. Normal, absolutamente normal, ou alguém acha que o Valhalla
estaria abaixo do mundo mortal para uma saga?
Colegas, a matéria não é de todo
ruim, mas é confusa, para dizer o mínimo. Depois, ao final, começa a discutir
mapas temáticos. Ora, isto não tem nada a ver com o tipo de projeção mais
adequada ou posicionamento do mapa para enfatizar continentes. Mapas temáticos,
de demografia, qualidade de vida, emprego, desmatamento, poluição etc. são
nossas opções para fins específicos. Algo a la carte e não "representações
do mundo". Portanto, apresentar aquelas como alternativas às projeções
significa não entender o trivial, que são mapas que se complementam na busca do
conhecimento. Não há nada, enfim, de errado em escolher um mapa com a Europa
centralizada ou a África centralizada e acima, aliás, é ótimo poder mostrar
ambos aos alunos para que se discuta isto mesmo, pontos de vista e visões até
históricas sobre diferentes situações. Patético portanto é dizer que são
ruins... Não! São todos certos e basta escolhermos qual será nossa opção num
dado momento. Mapas são como vestuário ou gastronomia, qual vai ser hoje?
Agora, se o teu pendor ou obsessão é
evidenciar conspiração, só posso te ajudar programando o GPS para te levar ao
destino mais adequado...
https://www.google.com.br/maps/place/Instituto+Federico+Mora/@14.632759,-90.558313,17z/data=!3m1!4b1!4m2!3m1!1s0x8589a1b671d360ef:0x4820c75abfbe3349
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* Para quem quiser ler outro
comentário, sobre matéria muito pior conferir:
Interceptor: Distorção do mapa e
distorção mental http://inter-ceptor.blogspot.com/2013/05/distorcao-do-mapa-e-distorcao-mental.html?spref=tw
Interceptor: Doutrinação e
empulhação no ensino de geografia - ... http://inter-ceptor.blogspot.com/2013/12/doutrinacao-e-empulhacao-no-ensino-de.html?spref=tw
Interceptor: Doutrinação e
empulhação no ensino de geografia - ... http://inter-ceptor.blogspot.com/2013/12/doutrinacao-e-empulhacao-no-ensino-de_11.html?spref=tw