quinta-feira, agosto 22, 2019

O que se espera que o governo faça quanto a Amazônia

O que se espera de um governo em um momento de crise?
Um plano de contigenciamento, de socorro e um preventivo. O caso dos fogos da Amazônia, particularmente em Rondônia tem servido para uma coisa: mostrar a total incompetência e inabilidade deste governo federal.
Antes que me acusem de “petista” deixe-me dizer, os governos petistas mantiveram médias de incêndios maiores do que em 2019 (Bolsonaro), ligeiramente maiores, mas maiores. Então o problema vem de longa data e a incompetência não é exclusividade deste ou daquele partido, desta ou daquela liderança, da “direita” ou da “esquerda”, ela é institucional.
Há uma farta, eu disse farta literatura sobre desenvolvimento sustentável e não me venha com essa de “papo de ecochato”, “ambientalista melancia” (verde por fora e vermelho por dentro), apenas ouse entender, deixe de ser ignorante e se debruce em cima do material científico que realmente existe.
Propostas de como capitalizar pequenas comunidades inserindo-as no mercado para lucrar mantendo uma produção não predatória que vai das bases de Amartya Sen até técnicas de produção que unem conceitos agronômicos e ecológicos.
A biomassa da floresta equatorial é rica em compostos que podem ser aproveitados pela indústria farmacológica, de cosméticos à medicamentos. Frutas podem ser comercializadas em cadeias produtivas para atender os mercados das cidades brasileiras ou do exterior através de vias fluviais e sistema portuário, tudo bem alinhavado com suporte de marketing, promoção via relatórios e press releases de agências não governamentais, incluindo a própria ONU, documentários etc. Mas, não, o que prefere nosso governo de estúpidos?
O que prefere? Acusar ONGs de atear fogo na mata, o que não é impossível, mas qual animal pode acusar sem provas e deixar por isso mesmo pondo a cabeça debaixo da areia? Qual?
Estes exemplos que dei não tem nada a ver com um suposto “retorno à natureza intocada”, nada, até porque esses métodos de “limpeza do terreno” para o plantio são herança indígena – a coivara – e não há nada de eficaz neles para se manter a produtividade que queremos. Mas endossar o desflorestamento para introdução de pastagens para pecuária extensiva é mais uma garantia de ampliar a propriedade (via usucapião) do que propriamente de produção lucrativa. Já houve tempo em que o Brasil tinha mais cabeças de gado bovino do que população humana e aqui ninguém come um boi por ano.
Então, há mais desconhecimento e irregularidades no meio amazônico que em outras regiões brasileiras. Ora, se aqui mesmo na Ilha de Santa Catarina há muita irregularidade na obtenção de terrenos (por meio de posse) com “contratos de gaveta” imaginem nesses grotões do interior do Brasil.
Agora, é uma tosquice que enche o saco ver gente se aproveitando de um problema para disseminar sua agenda política e nada mais: a esquerda dizendo que “este governo está promovendo a destruição da floresta”, ajudada por um inábil ministro do meio ambiente que não sabe propor nada sobre a pasta que comanda e a direita simplesmente acusando a esquerda de fazer drama ridicularizando-a porque uma moça tatuou uma girafa no rosto onde escreveu “pray for the Amazon”.
A primeira medida que gente séria deveria adotar é:
1) conhecer os fatos;
2) propor soluções de curto prazo;
3) planejar medidas de longo prazo.*
No mínimo.
Depois se critica o que o idiota do Boulos disse, o que a Gleisi comentou, o que fulaninho ou sicraninha disseram.
Ficar nesta bola dividida de “antes foi pior” ou “agora é que é o caos” não mostra nada além de picaretagem explícita de ambos os lados.
Pelo menos eu ficaria feliz se soubesse que esta crise prejudicaria estes dois pólos de extremistas inúteis, mas não, apenas quem tiver o melhor esquema de marketing sobreviverá espalhando sua deturpação mais emotiva.
E la nave va.
Anselmo Heidrich

*Tenho algumas sugestões que vão além da “economia verde” para a região. Na sequência…🙃

Nenhum comentário:

Postar um comentário