É algo parecido como um “viés de seleção”, algo como usar pontos destoantes para justificar minha posição. Pode servir para o mercado, como valorizar virtudes de um imóvel sem levar em consideração sua péssima vizinhança na venda para um possível comprador OU, no caso que me refiro, buscar desesperadamente por exceções para justificar minha escolha prévia, que pode ou não ser consciente, frente a uma avassaladora avalanche de casos contrários.
Tipo assim ó “o governador de SC desistiu da quarentena porque o estado teve apenas um caso de morte registrado”. Embora, isto NÃO seja verdade, pois nem a quarentena era total, nem a desistência significa um relaxamento completo e nem se espera que as mortes sejam poucas e, o principal, o problema é a sobrecarga do sistema que pode sim, levar a muitas outras mortes, inclusive de quem não está infectado pelo vírus. Este último detalhe, que os negacionistas insistem em desprezar ou ignorar.
Por que esses negacionistas preferem disseminar matérias equivocadas sobre o estudo de Ferguson que alertou sobre o potencial número de casos no Reino Unido? (Que se manteve baixo APÓS o país adotar a quarentena.)
Por que esses negacionistas insistem em dizer que o mais conhecido microbiologista da internet, Atila Iamarino, afirmou que a quarentena era o único caminho aceitável, enquanto que, na verdade, ele também alertou para o crescimento do número de infecções poder ser mitigado, como estratégia atenuante?
Por que esses negacionistas mentem sobre o Japão e a Coreia do Sul não terem decretada a quarentena pelos seus governos, mas ignoram que lá, diferente da Itália, teve adesão imediata de suas populações, inclusive esgotando estoques de certos mantimentos nos supermercados?
Por que esses negacionistas estão tão calados e não comentam nada sobre a superação em número de casos da China pelos EUA, esquecendo de dizer que Trump perdeu um precioso tempo enquanto negava a crise?
Por que esses negacionistas insistem em dizer agora, só AGORA, depois de verem que o número de infecções cresce absurdamente, que são a favor de “isolamento vertical” (por faixa etária e grupo de risco), enquanto que isto já era sugerido como um segundo estágio por gente que propunha um isolamento duro inicial para abrandar depois?
Em defesa deles apenas direi que é ignorância, mas se forçarem muito serei obrigado a chamá-los de hipócritas, da mesma forma que chamo de mentiroso quem diz que alguém não é careca porque tem seis fios de cabelo. Escolher os fios para destacar sua tese em detrimento das centenas de centímetros quadrados sem fio algum não elimina o diagnóstico de calvície. Seis fios são só um cherry-pick na argumentação e, embora o sujeito não seja totalmente careca, defender o contrário só prova que teu cérebro pode ser totalmente vazio de lógica.
Anselmo Heidrich
28 mar. 2020
28 mar. 2020
*Sim, sou a favor do retorno gradual da atividade econômica, mas de modo seletivo e sem aglomerações, com direito a multa para desobedientes.
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