Claro que há quem entra de modo legítimo na cátedra, mas se na minha desatenção costumeira sobre estas questões e pouca experiência já vi o que contar, imagino que haja muito mais de onde estas vieram. Quando entrei na faculdade, em 1984, a chefe de departamento não tinha nenhum título de pós-graduação, MAS era casada com o ex-chefe de departamento que, se não me engano, também fora seu professor. Depois, na pós em S. Paulo, não foram poucas as vezes em que vi pupilos de certos mestres começarem com algumas substituições em sala de aula e depois, como que por encanto, participarem de concursos feitos a forma e semelhança de suas dissertações ou teses. Tudo muito natural. Até, até que pegam um casca grossa pelo caminho, que não tem mania de se curvar. Este foi o caso de um colega pernambucano que fizera um concurso para Presidente Prudente e, não obtendo resposta do mesmo, recebera uma ligação, da mulher de um dos professores do referido departamento explicando-lhe que se desistisse do concurso, ela que estava em segundo seria chamada, mas ele não, de jeito nenhum. Óbvio que ele não desistiu e, como perdi o contato, não sei se acabou sendo chamado. Recentemente na recém criada UFFS, um professor de filosofia que passara em concurso nas provas objetiva, de títulos foi reprovado na didática. O detalhe é que ele era um professor experiente no RS e quem tomou sua vaga foi um outro candidato, sem a mesmo nível de experiência e titulação. O candidato que se sentiu lesado iniciou um processo contra a organização do concurso. Isto, sem falar, daqueles que são descartados, têm suas bolsas de estudo não prorrogadas ou cortadas quando enveredam por outros caminhos que não sejam do agrado de seus antigos orientadores. Muitos bem sucedidos "pesquisadores" são legítimos puxa-sacos e se especializam em não tomarem iniciativa em projetos, se organizarem em seitas intelectuais segundo correntes ideológicas que chamam de "ciência" ou ainda obterem informações para monitoramento da oposição e tendências divergentes que possam enfraquecer o núcleo de poder departamental. Um dos principais instrumentos para isto é a concessão de bolsas.
Leia sobre isto em: Janer Cristaldo