domingo, maio 04, 2014

Sobre calçadas: um caso paulistano


Divulgarei sem dó, pois este tipo de ação é que está na base de todo descaso que se tem com a coisa pública, pois se a calçada, que é um bem público antes de mais nada, usada cotidianamente e tão próximo e visível a todos nós tem este trato, o que se dirá daquilo que não é tão transparente assim? Não adianta se fazer parte de correntes e enviar spams críticos e participar de fóruns de protesto se temos postura egoísta, mesquinha e escrota assim. Se for um clichê dizer que os políticos no Brasil representam ameaça maior do que simples desmandos de nossa microfísica social, também é verdade dizer que eles emanam de nossas atitudes e não atitudes, i.e., omissão em se indignar com estes pequenos atos que somados geram a combinação perfeita para o caos urbanístico e apatia cultural. As calçadas simbolizam (e efetivamente são) nosso limbo entre o mundo privado das residências e estabelecimentos e o mundo público da rua, do logradouro, da praça etc. Elas deveriam ser o palco da gentileza, educação e ordem espontânea entre os cidadãos que originam algo chamado de 'cidade'. Hoje, mais aparentam trincheiras de peões de um jogo de tabuleiro a galgar espaços entre desníveis, buracos e armadilhas para pedestres. E por falar em deslocamentos, o desincentivo ao transporte público começa antes das latas de amassar gado humano chamadas de ônibus: começa na hora de pormos os pés na rua, ou melhor, nas calçadas que perderam o papel de nos propiciar um passeio seguro e se transformaram na terra de ninguém em que diferentes classes se apropriam à revelia do que deveria ser a civilidade. Parabéns pelo artigo.
Gràcia Bar: da ignorância ao desrespeito ao cidadão e à lei http://blogs.estadao.com.br/edison-veiga/2014/05/05/gracia-bar-da-ignorancia-ao-desrespeito-ao-cidadao-e-a-lei/ via @estadao

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