Divulgarei sem dó, pois este tipo de ação é que está na base de
todo descaso que se tem com a coisa pública, pois se a calçada, que é um bem
público antes de mais nada, usada cotidianamente e tão próximo e visível a
todos nós tem este trato, o que se dirá daquilo que não é tão transparente
assim? Não adianta se fazer parte de correntes e enviar spams críticos e
participar de fóruns de protesto se temos postura egoísta, mesquinha e escrota
assim. Se for um clichê dizer que os políticos no Brasil representam ameaça
maior do que simples desmandos de nossa microfísica social, também é verdade
dizer que eles emanam de nossas atitudes e não atitudes, i.e., omissão em se
indignar com estes pequenos atos que somados geram a combinação perfeita para o
caos urbanístico e apatia cultural. As calçadas simbolizam (e efetivamente são)
nosso limbo entre o mundo privado das residências e estabelecimentos e o mundo
público da rua, do logradouro, da praça etc. Elas deveriam ser o palco da
gentileza, educação e ordem espontânea entre os cidadãos que originam algo
chamado de 'cidade'. Hoje, mais aparentam trincheiras de peões de um jogo de
tabuleiro a galgar espaços entre desníveis, buracos e armadilhas para
pedestres. E por falar em deslocamentos, o desincentivo ao transporte público
começa antes das latas de amassar gado humano chamadas de ônibus: começa na
hora de pormos os pés na rua, ou melhor, nas calçadas que perderam o papel de
nos propiciar um passeio seguro e se transformaram na terra de ninguém em que
diferentes classes se apropriam à revelia do que deveria ser a civilidade.
Parabéns pelo artigo.
Gràcia Bar: da ignorância ao desrespeito ao cidadão e à lei http://blogs.estadao.com.br/edison-veiga/2014/05/05/gracia-bar-da-ignorancia-ao-desrespeito-ao-cidadao-e-a-lei/ via @estadao
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