Gostei de sete das oito propostas para combate à criminalidade presentes no seguinte texto. E, particularmente, a sétima. A questão da proximidade (não meramente física) do policial com a comunidade da qual faz parte, preferencialmente esta o faz conhecedor de muitos dos processos que levam a violência e criminalidade locais, antes destas evoluírem para formas mais agressivas e letais. E até soa desnecessário dizer, mas o combate aos desvios de conduta da força policial é algo que amplia a própria força policial através da credibilidade concedida pelo cidadão. É como se ela além de polícia ancorada na lei apresentasse uma credencial de legitimidade.
Por outro lado, a número de armas legais, isto é, registradas diminui sim a criminalidade ou desacelera seu crescimento. Eu duvido muito da objetividade desta pesquisa do IPEA que, provavelmente, não levou em conta esta distinção, entre armas legais e as do mercado informal obtidas que são, no mais das vezes, por criminosos mesmo. E mesmo que seu proprietário não seja um típico criminoso é aquele tipo de pessoa que transita entre "dois mundos", o da legalidade e o da contravenção sendo, portanto, muito mais recorrente decidir suas desavenças na bala. Sendo porte legal de armas na maioria dos casos, dificilmente seu portador vai ignorar a conduta correta de utilizá-la porque sabe que será mais facilmente rastreado.
Conferir o texto abaixo:
No Brasil, uma pessoa é assassinada a cada dez minutos. É muito. É um valor absurdo. Quer dizer que 144 pessoas morrem vítimas da violência todos os dias. O pior de tudo é saber que apenas 8% desses homicídios resultarão em um julgamento. (...)
1 - Reformar a persecução criminal
Como dito no início do presente artigo, apenas 8% do total de crimes cometidos em território brasileiro são efetivamente solucionados. Esse fato revela uma ineficiência monumental dos órgão que promovem a persecução penal. (...)
2 - Compreender a dinâmica social que envolve os índices de assassinatos.
Cada caso de homicídio possui uma longa história por trás. Os motivos e a forma com que acontecem devem ser analisadas. Para reduzir de forma drástica os homicídios no país será necessário um conhecimento profundo das relações que rodeiam a questão do tráfico de drogas, crime organizado, atividade de grupos de extermínio dentre outros "mundos". (...)
3 - Repensar a política de drogas
Não é de hoje que vários juristas, médicos e especialistas em segurança pública defendem a descriminalização das drogas como método indispensável para frear a violência no país. Para esses teóricos a guerra às drogas é mais nociva que os efeitos dos entorpecentes. (...)
4 - Repensar a política de armas
O Congresso Nacional está prestes a votar a revogação do estatuto do desarmamento. Há muitos que defendem o porte de armas irrestrito, outros dizem que a propagação da cultura armamentista é um obstáculo que pode impedir a pacificação social aumentando a mortalidade por meio de armas de fogo. (...)
5 - Promover a entrada do Estado nas periferias com algo mais (com muito mais) do que polícia.
Uma das maiores críticas dirigidas ao modelo UPP do Rio de Janeiro é o fato de que, em muitos casos, o único instrumento do Estado a entrar efetivamente nas favelas foi a polícia. Faltou saúde pública, educação qualificada, assistência social e outros serviços básicos. (...)
6 - Criar um plano nacional, planos estaduais e municipais para a redução de homicídios.
No mês de julho a Câmara aprovou relatório de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para tratar do número de jovens (sobretudo negros e pobres) assassinados no Brasil. (...)
7 - Repensar o serviço policial e combater desvios de conduta.
Desde sempre, defendemos a polícia cidadã e a proximidade policial. Cada vez mais a polícia precisa ser preparada para lidar com as mazelas sociais, com uma política de parceria e valorização do serviço honesto. (...)
8 - Tratar da violência doméstica e estimular uma cultura de respeito às minorias
A violência doméstica é fruto de uma cultura violenta que predomina no cenário brasileiro. Muitos esforços tem sido feitos para reduzir a violência contra a mulher, exemplo disso temos a Patrulha de Prevenção a Violência Doméstica em Minas, e a Patrulha doméstica em São Paulo que conseguiu reduzir em 60% os crimes dessa natureza. (...)
[http://praticapolicial.blogspot.com.br/2015/08/reduzirhomicidios.html]
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