Um velho amigo, social democrata me argumentou que o problema do crime é a falta de investimento em educação e a desigualdade social. Minha resposta segue abaixo:
Discordo, se há
criminosos em classes baixas, provavelmente, sua participação é irrelevante,
assim como em outras classes. Aliás, essa retórica de "desigualdade social
como fomentadora do crime" também não me convence. Em primeiro lugar,
porque não vejo o Brasil como um país profundamente desigual e sim, bastante
igualitário. Explico-me, a questão é semântica e este jogo foi também engolido
pelos liberais, na medida em que se toma o hiato entre os extremos como prova
de desigualdade. Ora, se temos uma imensa maioria numa determinada faixa de renda não
temos uma grande desigualdade, mas sim uma grande porção demográfica em uma
faixa de renda, isto é, uma homogeneidade de renda, o que também poderíamos
chamar de igualdade. Desigualdade para mim, ao contrário, é bom, pois
significa faixas diversas de rendimentos, o que não necessariamente inclui a
pobreza. E, enquanto a desigualdade é um conceito relativo, a pobreza é um
conceito muito mais objetivo, uma vez definido seus critérios. Há quem pense
exatamente o contrário, por isso o primeiro passo é definir, rigorosamente, os
conceitos em uma discussão e este é meu ponto de divergência: se
assume como fato, definições dadas por professores que vem de geração em
geração e ninguém para, para se perguntar o porque, sua origem e como funciona.
Isso nos remete àquela velha discussão em nosso grupo no tópico sobre áreas
preservadas: há 25 anos que leio e ouço dizer que resta apenas 7% da área de
Mata Atlântica no país, enquanto que as mesmas ONGs que se alardeiam isto (SOS
Mata Atlântica, por exemplo), se gabam de suas ações estarem contribuindo para
a redução do desmatamento e reposição do bioma!!!! Ué?! Então não seriam mais
meros 7%. E leio isto há 25 anos!!!! Algo me cheira muito mal nesta história
toda, aliás, fede. E eis que agora, por causa desta polêmica da doutrinação nas
escolas, eu retomo minhas leituras de livros indicados pelo MEC e me deparo com
um dado de que a Mata Atlântica tem apenas 27% de sua área original. Esses 20%
vieram de onde? Alguém replantou ou alguém está ignorando que propagou uma falsidade?
Durante décadas. “Livro didático” dirão alguns... Sim, assim como os dados mais
pessimistas foram divulgados por eles, com dados fornecidos pelo MMA e, antes,
por órgãos ambientais como o IBAMA.
Qual o paralelo
entre os dois problemas? Nossos órgãos públicos não têm feito pesquisas ou se
pautado em pesquisas cientificamente. Eles agem e divulgam ideologicamente.
Tudo bem, quem quer mentir, quem minta, mas o problema é por serem órgãos
públicos, eles tem divulgado essas informações com meu dinheiro, com nosso
dinheiro. Então, minha proposta é a extinção do MEC ou sua redução
drástica para tratamento objetivo de áreas mínimas e essenciais, como português
e matemática. Ah! E sobre esta teoria de que o crime advém da falta de
educação, isto é relativo, pois o setor educacional reflete o que a sociedade
já é. Para mudá-lo, o que desejo, o apoio a leis e procedimentos de leis já
existentes, mais restritivos e punitivos tem que ser endossado. Não adianta
ficar dizendo que a educação tem que ser isso e aquilo, quando a própria letra
da lei é ignorada por quem mais deveria preservá-la. Insisto, onde estão os
educadores do país para defender este instrumento jurídico essencial que ora se
discute no país?
Lei Harfouche
Se nem quem mais
deveria se interessar pelo assunto está informado sobre ela, o que posso
esperar do setor? Os meus colegas professores estão preocupadíssimos em
discutir como ensinar sexualidade a um aluno (assunto de foro íntimo, para
mim), enquanto que isto sequer é observado:
Brasil, no topo do ranking de violência escolarBBC Brasil - Pesquisa põe Brasil em topo de ranking de violência contra professores
Minha contestação a
tua visão é simples, eu não espero nada de promissor ou revolucionário vindo da
escola brasileira. Não com este tipo de professor que predomina, que não está
nem aí para os problemas reais do país, a começar pelo seu ambiente de trabalho
e, além do mais, ainda incentiva alunos a irem para o campo de batalha destruir
o trabalho e propriedade alheia. E eu os conheço.
Bom domingo,
Anselmo Heidrich
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