Ao contrário do que se imagina, é uma tendência rejeitar a ciência. E
diferentemente do que se pode dizer, não são ignorantes e iletrados que
disseminam estas crenças. Se repararem bem são muitos de nossos colegas,
alfabetizados e instruídos, inclusive com formação superior. A questão é que a
vontade de julgar se sobrepõe a de conhecer, é comum que se opte por
determinados fatos e/ou pesquisas, cujas conclusões já reverberem nossas
crenças e predileções. Se 'advogado' soar anti-profissional diga torcedor, que
aqui no caso dá no mesmo.
Alguns anos atrás comentei a matéria
"Silêncio de Ensurdecer" de uma revista escrota, Carta Capital, cuja
súmula dizia basicamente que o Aquecimento Global (Antropogênico) era um fato
porque um lobbysta (da indústria armamentista) no Pentágono tentava vender um
apocalipse aos generais e conselheiros de guerra (digo, Estado Maior)
sugerindo... Sugerindo o catzo! Afirmando que ocorreriam vários conflitos em
função de distúrbios ambientais. Óbvio que ocorreriam se e somente se... Mas
aqui estamos no reino dos condicionantes e não dos fatores determinantes e
tomar uma agente pra lá de interessado no caso como um pesquisador objetivo é
muita ingenuidade ou mau-caratismo.
Óbvio que tive a propensão de
rejeitar e a pretensão de refutar a teoria sobre o aquecimento porque me
envolvi emocionalmente com o assunto, afinal se tratava de provar como o método
de investigação da revista era totalmente burro. Mas no meio deste processo fui
eu quem perdeu o foco e tratei o assunto maior como subsidiário de um assunto
menor, uma picuinha que era a opinião política da revista. Ou seja, se a
revista em questão estava tratando um assunto importante para justificar seus
interesses e corroborar sua agenda política (que era acusar o caráter
intrinsecamente vil e destrutivo do capitalismo através dos EUA), eu apenas
refleti esta opinião como um espelho procurando desautorizar todos os
argumentos da matéria, o que não foi difícil, diga-se de passagem, mas perdi o
foco no problema real, a mudança climática e suas inúmeras e possíveis consequências.
Anos mais tarde me toquei que há, no mínimo, dois níveis de análise, o fato que
deve ser observado e analisado segundo um corpo de métodos de conhecimento e
outra coisa, que é a que sempre me interessou mais, a sociologia que envolve
aquela discussão, a sociologia do conhecimento. Meu erro no caso da mudança
climática foi confundi-la com a sociologia que envolve os agentes que produzem
e discutem o fenômeno. Como percebi meu erro?
Ahá! VENDO O ERRO NOS OUTROS! Quanto
mais me aproximava do liberalismo, enquanto simpatizante da área econômica e
apaixonado por sua filosofia, eu via que outros aficionados como eu não
enfrentavam os problemas em si, sejam eles verdadeiros ou criados como fruto de
imaginação, mas apenas minimizavam seu impacto, quando não simplesmente
rejeitavam sua existência. Que há problemas que não tem a gravidade alegada ou
muitas vezes sequer existiram como problemas reais é verdade, MAS ISTO NÃO SE
PROVOU PREVIAMENTE! Não é antes de se testar todas as possibilidades e normalmente
se rejeita quando se vê, lá na frente que os resultados para sua mitigação ou
anulação foram inócuos. Eu me perguntava "por que os liberais não
enfrentam o problema com soluções liberais ao invés de simplesmente
rejeitá-lo?" E claro, ambientalistas ou cientistas ao ver este movimento
ideológico crescente passaram, como humanos que são a também confundir as
coisas vendo devotos do são liberalismo como outra horda qualquer de fanáticos.
Podem ser, mas a filosofia não é...
A história é longa e não para aqui,
volto depois, mas antes acesse aqui um artigo relacionado:
Cientistas descobriram o que faz as pessoas rejeitarem a ciência, e não é ignorância http://xibolete.uk/rejeitar-a-ciencia/ via @xibolet
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