sábado, fevereiro 25, 2017

Quando fatos não importam

Ao contrário do que se imagina, é uma tendência rejeitar a ciência. E diferentemente do que se pode dizer, não são ignorantes e iletrados que disseminam estas crenças. Se repararem bem são muitos de nossos colegas, alfabetizados e instruídos, inclusive com formação superior. A questão é que a vontade de julgar se sobrepõe a de conhecer, é comum que se opte por determinados fatos e/ou pesquisas, cujas conclusões já reverberem nossas crenças e predileções. Se 'advogado' soar anti-profissional diga torcedor, que aqui no caso dá no mesmo.
Alguns anos atrás comentei a matéria "Silêncio de Ensurdecer" de uma revista escrota, Carta Capital, cuja súmula dizia basicamente que o Aquecimento Global (Antropogênico) era um fato porque um lobbysta (da indústria armamentista) no Pentágono tentava vender um apocalipse aos generais e conselheiros de guerra (digo, Estado Maior) sugerindo... Sugerindo o catzo! Afirmando que ocorreriam vários conflitos em função de distúrbios ambientais. Óbvio que ocorreriam se e somente se... Mas aqui estamos no reino dos condicionantes e não dos fatores determinantes e tomar uma agente pra lá de interessado no caso como um pesquisador objetivo é muita ingenuidade ou mau-caratismo.
Óbvio que tive a propensão de rejeitar e a pretensão de refutar a teoria sobre o aquecimento porque me envolvi emocionalmente com o assunto, afinal se tratava de provar como o método de investigação da revista era totalmente burro. Mas no meio deste processo fui eu quem perdeu o foco e tratei o assunto maior como subsidiário de um assunto menor, uma picuinha que era a opinião política da revista. Ou seja, se a revista em questão estava tratando um assunto importante para justificar seus interesses e corroborar sua agenda política (que era acusar o caráter intrinsecamente vil e destrutivo do capitalismo através dos EUA), eu apenas refleti esta opinião como um espelho procurando desautorizar todos os argumentos da matéria, o que não foi difícil, diga-se de passagem, mas perdi o foco no problema real, a mudança climática e suas inúmeras e possíveis consequências. Anos mais tarde me toquei que há, no mínimo, dois níveis de análise, o fato que deve ser observado e analisado segundo um corpo de métodos de conhecimento e outra coisa, que é a que sempre me interessou mais, a sociologia que envolve aquela discussão, a sociologia do conhecimento. Meu erro no caso da mudança climática foi confundi-la com a sociologia que envolve os agentes que produzem e discutem o fenômeno. Como percebi meu erro?
Ahá! VENDO O ERRO NOS OUTROS! Quanto mais me aproximava do liberalismo, enquanto simpatizante da área econômica e apaixonado por sua filosofia, eu via que outros aficionados como eu não enfrentavam os problemas em si, sejam eles verdadeiros ou criados como fruto de imaginação, mas apenas minimizavam seu impacto, quando não simplesmente rejeitavam sua existência. Que há problemas que não tem a gravidade alegada ou muitas vezes sequer existiram como problemas reais é verdade, MAS ISTO NÃO SE PROVOU PREVIAMENTE! Não é antes de se testar todas as possibilidades e normalmente se rejeita quando se vê, lá na frente que os resultados para sua mitigação ou anulação foram inócuos. Eu me perguntava "por que os liberais não enfrentam o problema com soluções liberais ao invés de simplesmente rejeitá-lo?" E claro, ambientalistas ou cientistas ao ver este movimento ideológico crescente passaram, como humanos que são a também confundir as coisas vendo devotos do são liberalismo como outra horda qualquer de fanáticos. Podem ser, mas a filosofia não é...
A história é longa e não para aqui, volto depois, mas antes acesse aqui um artigo relacionado:

Cientistas descobriram o que faz as pessoas rejeitarem a ciência, e não é ignorância http://xibolete.uk/rejeitar-a-ciencia/ via @xibolet




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