segunda-feira, novembro 26, 2018
domingo, novembro 25, 2018
A Entrevista de Olavo de Carvalho ao Estadão
Olavo de Carvalho em entrevista para o Estadão diz:
“O presidente (Donald) Trump disse que tem US$ 267 bilhões esperando para investir no Brasil, eu acho que isso é muito bom. Não adianta nada dizer “ah, isso vai desagradar a China”, como disse aquele idiota do Mino Carta, “ano passado o comércio com a China nos deu 20 milhões de superávit”, muito bem. A China só fez isso porque o governo Lula e Dilma e o Temer também estavam distribuindo dinheiro para os amigos deles, os amigos da China: Cuba, Angola, Venezuela, etc: 1 trilhão. Levamos 20 milhões e distribuímos 1 trilhão. Que beleza, né? Claro que se o governo parar de representar vantagem política para a China, acaba o comércio na mesma hora. Comércio com a China é escravidão. Isso é óbvio e todo mundo deveria saber disso. Vai perguntar para o Tibet se é bom conversar com a China. Agora, para os EUA, é bom, porque a riqueza da China é quase feita toda de dinheiro americano. Outra coisa, tem gente que chega a ser tão idiota que ultrapassa a medida do acreditável.”
É o contrário, idiota. Se temos como expectativa, uma expectativa de Donald Trump investir aqui, não é o mesmo que ter poder com o comércio externo com quem quer que seja, que no caso são 20 milhões com a China (desconfio que sejam muito mais). No primeiro caso se depende de concessões, de regulamentações e de troca de favores na dependência (mercantilista) de um governo que amanhã ou depois pode não estar mais aí, no segundo, com a China, poder real devido a dependência deles em relação aos nossos produtos, notadamente, a soja. E a pauta deveria aumentar, qualitativamente.
Quanto à distribuição de recursos para países africanos e Cuba, ela seguiu uma linha equivocada na política externa, para não dizer estúpida mesmo de que o relacionamento “sul-sul” seria mais vantajoso para o país. E claro, isto provavelmente contou com uma rede de propinas e subornos que traria de volta parte dos recursos para permanência do PT no poder. Neste sentido, a indicação de Ernesto Araújo para Ministro das Relações Exteriores que pretende pôr a nu tudo isto é uma excelente notícia, mas quem pensa que a dependência e papel de fiel escudeiro dos EUA é uma “agenda de direita” não passa mesmo é de um fiel idiota.
O argumento de que a China só comercializa com o Brasil ou o faz porque vê vantagem nesta associação no apoio brasileiro a ditaduras, inclusive a Cubana não manja nada, nada nadica de nada de relações externas, muito menos de interesses de estado (imagine um acéfalo como Olavo como embaixador…), pois a China segue um roteiro imperialista pautado na acumulação de capital dirigida pelo PCCh, ou seja, são eles em primeiro lugar e sua inserção na economia africana, p.ex., é puro business, não segue pauta ideológica nenhuma. Só um completo ignorante acha que eles favorecem ditaduras de países pobres que não têm nada a dar em troca (veja a participação quase nula deles em Cuba, p.ex.).
Usar o caso do Tibet é estúpido, esta imensa região já pertencia ao domínio chinês que foi perdido com o fim do império e mudança para a república, para depois ser retomada pelos comunistas. Não justifica, não, mas se entende que é muito anterior e só um ignorante para achar que a China segue sendo maoísta. Como, aliás, assinalou o próprio chanceler indicado…
Recomendo que os súditos mentais do astrólogo aiatolavo leiam tratados e artigos mesmo falando do realismo político nas relações externas e como a China faz, muito parecido aliás, com os próprios EUA antes desses se firmarem como centro econômico mundial, centro este que tem mais de 80% dos produtos na sua maior rede de lojas de departamentos vindos da… China! Guerra entre eles? Rende bons filmes.
Guerras existirão, são o consumo de uma indústria poderosíssima, mas por procuração, como se monta no Mar da China Meridional, região disputada por suas reservas petrolíferas onde se instalam ilhas artificiais como estratégia de domínio pelo governo chinês. Apesar de toda ligação comercial da China com os EUA, Taiwan ainda permanece como forte aliada americana e não será cedida para os chineses em troca de um acordo. O Japão, milenar rival da China já requer investimentos em forças armadas e assim segue a toada, com mais arpejos da maior marinha do mundo, a americana. A China segue com suas limitações militares e tem seus imensos problemas internos. Não achem que os países, ainda mais os gigantes são todos harmônicos e de interesses homogêneos, isto não funciona assim.
Anselmo Heidrich
25 nov. 18
sexta-feira, novembro 23, 2018
O Ministro Ricardo Vélez-Rodríguez e o MEC
Eu não acredito em carta de intenções, em discursos treinados e resumos ideológicos adaptados a situações complexas. Mas… Um discurso, uma carta podem ser úteis para detectarmos certos elementos do que está por vir, ao menos parcialmente… Vejamos aqui, o famoso artigo do futuro Ministro da Educação, Ricardo Vélez-Rodríguez “Um Roteiro para o MEC”. Vai aqui, o link que eu recomendo que leiam (não é muito extenso):
Vou descartar de minha análise toda a justificativa de porque ele, Ricardo preferia votar e fazer campanha para Jair Bolsonaro, que não é o objeto de discussão aqui e sim, especificamente, os temas propriamente educacionais. Então vamos ao que interessa…
No terceiro parágrafo diz:
“Enxergo, para o MEC, uma tarefa essencial: recolocar o sistema de ensino básico e fundamental a serviço das pessoas e não como opção burocrática sobranceira aos interesses dos cidadãos, para perpetuar uma casta que se enquistou no poder e que pretendia fazer, das Instituições Republicanas, instrumentos para a sua hegemonia política. Ora, essa tarefa de refundação passa por um passo muito simples: enquadrar o MEC no contexto da valorização da educação para a vida e a cidadania a partir dos municípios, que é onde os cidadãos realmente vivem. Acontece que a proliferação de leis e regulamentos sufocou, nas últimas décadas, a vida cidadã, tornando os brasileiros reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de ‘revolução cultural gramsciana’, com toda a coorte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do ‘nós contra eles’ e uma reescrita da história em função dos interesses dos denominados ‘intelectuais orgânicos’, destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do patriotismo.”
Há uma crítica ao uso das instituições republicanas, “uma casta”, como diz e ele está se referindo a funcionários que adentram a estrutura do estado aparelhando-o para projetos próprios. Sua perspectiva de “enquadrar o MEC (…) para a vida (…) a partir dos municípios” revela o tom descentralizador deste artigo como ficará evidente ao final “menos Brasília e mais Brasil”. Isso é muito bom, a possibilidade de termos programas mais adequados à realidades regionais e infra-regionais e não ter que seguir bases curriculares nacionais extensas e altamente ideologizadas, o que têm sido a tônica do MEC nos últimos tempos.
Agora nem tudo são flores, o que ele deixa claro que a ideologia marxista corresponde a uma “doutrinação de índole cientificista”. Isso é bobagem. “Cientificista” não é científico, ciência é ciência e só. Se eu ensino a Teoria da Evolução por Darwin e suas correções críticas posteriores como a de Stephen Jay Gould, isto não é imposição sobre a maneira de ver o mundo das pessoas, sobre a metafísica ou o que elas acreditam que existe além de nosso mundo físico. A ciência não entra neste campo, não a que é e que deve ser ensinada nas escolas. Como dizia Sagan, “a ausência da evidência não significa evidência da ausência”. O fato de pensarmos em como ocorreu a evolução da vida não me dá elementos para dizer o que iniciou a vida, qual a força ou intencionalidade desta força. “Cientificista” seria estender uma filosofia particular a partir do conhecimento científico, mas que em si não é a própria Ciência. Esta confusão pode levar nosso futuro ministro a tomar uma posição anti-científica porque desconfia que a ciência carrega em si um potencial confronto com sua visão da vida, religiosa no caso.
“Valores tradicionais…” Não há uma composição familiar uniforme, embora haja um padrão majoritário. Cuidado ao tomar o conceito de “família” de modo homogêneo porque pode se estar falando em nome de algo mais dinâmico do que se desejaria. A religião também não é “A” religião, mas religiões. Um ambiente civil ordeiro deve contemplar diversas religiões que podem até ser concorrentes, mas sempre dentro de bases civilizadas. Claro que aquele tipo de culto que atenta contra vida alheia tem que se submeter ao nosso estado de direito e se adequar. Acredito que o futuro ministro concordaria comigo na última consideração, mas não sei se ele tem clareza das outras duas, sobre a família e as religiões.
Ricardo Vélez-Rodriguez tem razão ao criticar o Enem, com a imposição de um modelo de pensamento que se diz “crítico”, mas tudo que faz é abafar a crítica. Balela! Quando se tratam de questões objetivas como em exames vestibulares, como os alunos farão explanações críticas, com exceção das redações? Então, para se respeitar o máximo de autonomia de pensamento, as questões têm que se limitar ao mais consensual e objetivo possível.
Agora, há uma passagem que me assustou sobremaneira:
“Outra proposta apareceu, afinada com as empresas financeiras que, através dos fundos de pensão internacionais, enxergam a educação brasileira como terreno onde se possam cultivar propostas altamente lucrativas para esses fundos, mas que, na realidade, ao longo das últimas décadas, produziram um efeito pernicioso, qual seja o enriquecimento de alguns donos de instituições de ensino, às custas da baixa qualidade em que foram sendo submergidas as instituições docentes, com a perspectiva sombria de esses fundos baterem asas quando o trabalho de enxugamento da máquina lucrativa tiver decaído. Convenhamos que, em termos de patriotismo, essas saídas geram mais problemas do que soluções.”
Eu li errado, eu entendi errado ou o futuro ministro se mostrou pessimista com a atuação de empresas que queiram investir em programas educacionais no Brasil? Quer dizer que mal sentimos os efeitos desses empreendimentos que teriam muito a contribuir para expansão do mercado educacional e já temos um ministro bem antipático a sua atuação. Este “patriotismo” que tanto fala me parece mais do mesmo, uma máscara para o velho estatismo. Sua crítica ao modelo varguista, ao janguismo, ao pretérito e atual patrimonialismo brasileiro e, recentemente, ao petismo são todas justas, mas não adianta substituir seis por meia dúzia propondo outra forma de monopólio estatal na educação.
Como eu já disse alhures, melhor que o #EscolaSemPartido é o #EscolaSemEstado. Mas seu detalhamento fica para outro artigo.
Anselmo Heidrich
23 nov. 18
Ricardo Vélez Rodriguez e a Educação
Ricardo Vélez Rodriguez é um religioso (nunca li nada dele, exceto comentários por terceiros, jornalistas) que diz que “Darwin é mais um” tirando com isso a relevância dele. BEM, MINHA OPINIÃO é a seguinte, pior do que está não fica. SE (EU disse SE) ELE IMPLEMENTAR UM BOM PLANO DE ALFABETIZAÇÃO, tradicional, antigo, do nosso tempo JÁ VALEU. Ele não é louco de tirar a Teoria da Evolução do currículo. Se o fizer também, será inócuo … Agora, eu preferiria alguém mais “técnico’, mas como eu sempre digo é impossível ser NEUTRO, mas poderíamos ser mais OBJETIVOS.
Na área dele, ele tem um currículo acadêmico invejável, de filosofia à teologia passando pela politicologia. Professor da UFJF, colombiano naturalizado brasileiro e com assento em vários institutos. Ou seja, não é um bosta de um Haddad, ou um Mercadante, gente que não sabe nada do assunto e já virou ministro da educação.
Não me arrependo de ter votado 17, até agora, no meu ponto de vista, o único GRANDE ERRO foi o ministro das relações exteriores, um cara chamado Ernesto Araújo adepto de uma visão de mundo conspiracionista. Troque o vilão do “imperialismo” da Esquerda pelo vilão do “globalismo” da Direita e tu vai entender o cara. Ao invés de culpar Trump (quem ele admira) substitua por George Soros, um mega-investidor bilionário que apoia grupos de esquerda ao redor do mundo.
Daí eu te pergunto, os problemas do Brasil tem a ver com esses dois, Trump ou Soros ou nós mesmos?
Anselmo Heidrich
23 nov. 18
Leandro Narloch acerta sobre o Escola Sem Partido
Leandro Narloch acerta sobre o Escola Sem Partido. E a Esquerda tem tudo para ajudar o projeto a emplacar… COMO?! Sim, exatamente! Pois ao negar que o problema existe — o viés gritante e casos de assédio moral com base em discursos e posturas político-partidárias em sala de aula -, os grupos de Esquerda e professores irão ajudar a fomentar os argumentos da Direita que quer sua aplicação. Agora, é uma tolice não ver os limites do projeto que não conseguirá desenvolver programas que contemplem a diversidade de pensamento porque o mesmo se limita a uma “agenda negativa”, isto é, na condenação do que discorda e não apresenta propostas de como isto deveria ser, concretamente. E para aqueles pais e cidadãos indignados com a doutrinação pergunto antes se:
1. Você sabe o que é “doutrinação”?
2. Você tem noção de que o próprio ensino da Teoria da Evolução, por exemplo, dentro desta perspectiva já pode ser considerado como “doutrinação” por quem discorda dela?
Quem acha que isto é procurar pelo em ovo tenho a dizer duas coisas, para começo de conversa…
1. Escolas com mantenedores religiosos rejeitam a Teoria da Evolução (eu mesmo já fui preterido em uma por causa do capítulo Eras Geológicas que queriam que fosse encaixado em apenas 3.000 anos);
2. Qualquer pensamento político adverso à própria Esquerda será alvo da claque de Esquerda que poderá denunciar o professor por “doutrinação” também.
Apoiadores do Escola Sem Partido tem que estudar os conteúdos antes de darem pitaco no que ignoram. Opinem, critiquem, sugiram, mas ANTES estudem.
E mesmo que o projeto fosse bem sucedido naqueles casos de propaganda e ataque explícitos como temos visto em vídeos (para isso já tem lei), a doutrinação fina, não perceptível a primeira vista, sutil continuará campeando porque:
1. Falta diversidade e liberdade curricular;
2. Falta diversidade na formação do professor que teríamos com liberdade na formação de cursos superiores.
A chave, meus amigos está em mais liberdade e não na mera restrição ou censura.
Por isso, muito melhor do que um #EscolaSemPartido é a #EscolaSemEstado.
Anselmo Heidrich
22 nov. 18
22 nov. 18
domingo, novembro 18, 2018
O Anátema do Globalismo - I
E o tal do Globalismo, hein? Recentemente pesquei esta de um tuiteiro:
“Globalismo é a ideologia que preconiza a construção de um aparato burocrático — de alcance global, centralizador e pouco transparente — capaz de controlar, gerir e guiar os fluxos espontâneos da globalização de acordo com certos projetos de poder. Não confunda uma coisa com outra.”
“Aparato burocrático” que gere “fluxos espontâneos” e dá-lhe acrobacia retórica!
E do guru dos novos cruzados tupiniquins… Conhecem também?
“Nada é mais ingênuo (ou talvez mais esperto) do que apresentar o quadro atual do mundo como se fosse o de um combate entre as grandes empresas e o Estado, ou, o que dá na mesma, como se não fosse senão uma reedição ampliada do velho conflito do princípio capitalista com o princípio socialista. Esse giro sutil que o enfoque esquerdista impõe à visão da realidade mundial reflete uma intenção de usar a salvação das nações como pretexto para salvar, isto sim, o que ainda possa restar da estratégia comunista mundial.
“É falso dizer que o neoliberalismo favorece as empresas em detrimento dos Estados; ele favorece abertamente certos Estados contra outros Estados, e favorece sobretudo a ascensão da burocracia mundial, a qual não é nem empresa privada nem Estado-nação, mas uma terceira coisa especificamente diferente dessas duas. Esta coisa, seja lá o que for, é o verdadeiro inimigo dos Estados nacionais — sobretudo dos pequenos e fracos — e, ao mesmo tempo, o verdadeiro inimigo das empresas privadas, ao menos daquelas que ainda confiam no princípio liberal e não sonham com um monopolismo à sombra da proteção do Estado global.
“É preciso, absolutamente, distinguir (…) o Estado enquanto princípio abstrato e os Estados enquanto realidades históricas concretas. O globalismo neoliberal se volta contra estes últimos, ao mesmo tempo que favorece o primeiro — sobretudo quando este se apresenta sob a forma monstruosamente inflada de Estado mundial –, mostrando, com isto, que de liberal só tem o nome. A prova é que, na mesma medida em que os neoliberais condenam as legislações nacionais de controle da economia, eles louvam a adoção de idênticos controles quando ampliados à escala mundial. Isto não é combater ‘o’ Estado: é combater ‘alguns’ Estados, sobretudo os pequenos, e favorecer outros Estados, sobretudo os maiores, sobretudo o maior de todos” [Estados e Estados, http://www.olavodecarvalho.org/estados-e-estados/]
Nesta longa nota, necessária, pois rica em contradições é que vemos quão insustentável é este esboço de teoria sobre o “globalismo”.
No primeiro parágrafo, Olavo de Carvalho (OdeC) diz que o argumento da Esquerda de opor a empresa ao estado é uma estratégia, última (até esta data) comunista para criar uma falsa oposição de liberais defensores da livre-empresa contra o princípio de existência do estado. Neste ponto, se vê uma divergência filosófica de OdeC com o libertarianismo e ele não está errado, pois o livre-comércio não prescindiu historicamente de acordos entre estados, mas continuemos…
No segundo parágrafo é que começam as incongruências. Primeiro porque não há consenso sobre o que venha a ser neoliberalismo, para liberais mesmo (ou libertários como se chamam nos EUA), não existe isso. O que existe seria um grau menor ou maior de intervenção estatal e o neoliberalismo seria um liberalismo aviltado pelo estado. Eu, particularmente, não vejo assim… Isto é tema para outro artigo, mas vejo uma diferença de conteúdo entre liberais e neoliberais, particularmente após a Grande Depressão quando estes passaram a admitir a atuação estatal para conter este tipo de crise, mas voltemos ao raciocínio de OdeC… Ele sustenta então que o que se forma através da arquitetura global proposta pela cúpula neoliberal (embora ele não tenha utilizado esta expressão, não é contraditória ao seu pensamento), uma ordem econômica se forma para benefício de grandes países — potências, dir-se-ia — em detrimento de “pequenos países”. Bem, aqui começam os problemas, o que OdeC quis, exatamente, chamar de “pequenos países” não é claro. Pelo contexto do artigo presume-se que sejam países economicamente mais fracos, mas isso é relativo, pois, na verdade, a maior parte desses países economicamente atrasados são, justamente, aqueles que não adotam princípios da economia de livre-mercado. Basta acompanhar o desempenho de países mais pobres no Índice de Liberdade Econômica (ILE) para saber do que estou falando. Inclusive, países com pequenas populações, parcos recursos naturais, não raro apresentam elevado desempenho econômico, como é o caso de Dinamarca ou Nova Zelândia por adotarem princípios liberais na economia. Portanto, esta suposição de que economias mais fracas são fracas porque são alijadas de uma “ordem econômica neoliberal” não faz o menor sentido.
Bem, o terceiro parágrafo é a conclusão de OdeC, a cereja do bolo em cima desse glacê pantanoso a guisa de teoria, o de que o neoliberalismo — segundo ele, essa série de acordos entre “grandes estados” — ajudaria a sedimentar o poder de um grande estado, o “maior de todos” e que seria um “Estado mundial” (mais tarde, a ONU virará o alvo do ataque de OdeC em outros artigos, assim como de seus seguidores olavettes). Isto, simplesmente, não tem a menor evidência empírica, mas como OdeC constrói sua justificativa? Em uma frágil argumentação de que existe uma distinção entre estados, como “realidades históricas concretas” e o estado como “princípio abstrato”, como se este ente abstrato se sobrepusesse àqueles. Este é um erro fácil de detectar com o menor esforço de pesquisa histórica… Existem diferentes estados, com diferentes origens e que por isso suas realidades não servem para explicar um ao outro. Diversas circunstâncias históricas favoreceram alguns, até mesmo situações geográficas particulares, enquanto que outros foram mais acometidos por ataques, invasões e entraram em guerras que retardaram ou dificultaram seu desenvolvimento econômico. Neste mundo competitivo internacional de realidade hobbesiana ampliada à escala global, alguns estados impõem sua força aos demais e, quando estabilizada, predominam hegemonicamente através de estratégias do Soft Power, interrompidas episodicamente por doses de força militar aplicadas “homeopaticamente”. Não há, portanto, uma articulação global, mas articulações que se impõem sobre o globo e competem entre si formando várias polaridades. Estes centros de força, não raro se engalfinham em suas “guerras por procuração” que se tornaram, particularmente frequentes da Guerra Fria até os dias de hoje.
Embora não citada neste artigo em particular, a ONU é frequentemente tratada como uma espécie de hidra mundial dominando ou exercendo influência determinante sobre os países. Para quem conhece minimamente o que a ONU através de suas agências tem sugerido aos países pode perceber que dista quase que completamente de qualquer “agenda neoliberal”, tendo esta minimamente algum compromisso com o liberalismo. Não faz o menor sentido, além de que a ONU tem como principal centro decisório, o Conselho de Segurança, constituído por um grupo seleto de países mais poderosos, como membros permanentes, EUA, Rússia, França, Reino Unido e China. E também, para quem acompanha minimamente a política internacional sabe que há mais divergências nas questões geopolíticas do que sincronia entre eles.
Acho que não preciso insistir na explicação de que o “Estado mundial” olaviano não passa de uma falácia.
(Continua…)
Anselmo Heidrich
18 nov. 18
Veja o que diz Viviane Senna
“Sim, eu já tinha dito que o grande desafio era a educação básica e a aprendizagem. Apresentamos um estudo para mostrar os principais desafios de aprendizagem e as alavancas críticas para poder destravar esse cenário. A questão que eu quis ressaltar foi a da alfabetização. O Brasil não resolveu isso em 500 anos de história, estamos no século 21 e metade das crianças brasileiras são analfabetas. É inaceitável. Minha proposta é que a principal bandeira desse governo seja a alfabetização, não a reforma previdenciária ou trabalhista. E alfabetizar todas as crianças brasileiras nos próximos quatro anos. Todos os países do mundo começaram por aí. A segunda coisa é a figura do professor. O que a evidência mostra é que 70% da aprendizagem do aluno está ligada ao professor”[1].
Ela sabe que “crise na educação” é “crise na qualidade do professor”. Se o cara não motiva, não ensina. Só tem um pedaço faltando nesta pizza…
Agora veja o que ela diz mais adiante:
“Mas qual a sua opinião sobre o projeto Escola sem Partido, defendido por Bolsonaro?
“Precisamos de uma agenda que vai resolver o problema do País. Existem dispositivos legais para quando há partidarização, devem ser trabalhados com a lei que já existe. É desnecessário isso, criar mais uma lei. A minha proposta é que se substituísse essa pauta, que não impacta a aprendizagem, para uma pauta que impacta.”
Espertíssima! Ela não descarta a punição para quem faz apologia político-partidária em sala de aula, mas ao contrário de querer criar mais uma lei que gera oposição, ela sutilmente diz que isto já está em vigor.
Quanto ao “pedaço da pizza que falta” te digo o seguinte, eu já trabalhei com ensino fundamental (6º ano, antiga 5ª série), séries (ou anos) subsequentes (7º, 8º, 9º) e, especialmente, ensino médio, ensino superior em escolas públicas e particulares e, de todos os lugares, o melhor modelo, o que melhor ensina, o que cobra (e muito) do desempenho do professor, eu não falei:
O ensino pré-vestibular.
Por que ele é tão bom e funciona bem?
1 — Paga melhor e,
2 — Mais importante, atrai os melhores profissionais,
3 — É competitivo,
4 — O professor não está numa redoma, é criticado, cobrado, mas também elogiado quando merece,
E algo pouco notado:
5 — Não tem a maléfica influência do MEC.
Se estes princípios, com pequenas adaptações de conteúdo e método forem adotadas, o ensino melhora. MAS SÓ ESPERO QUE NÃO ENTENDAM ERRADO!
E por “entender errado” é cair na bobagem de dizer que tem que aumentar o salário de todos os professores… NÃO, NÃO E NÃO!
Por uma simples razão:
O AUMENTO DEVE ESTAR CONDICIONADO AO DESEMPENHO
Só assim, a Educação irá melhorar.
Anselmo Heidrich
17 nov. 18
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[1] ‘Não podemos voltar atrás na base curricular’, diz Viviane Senna https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/nao-podemos-voltar-atras-na-base-curricular-diz-viviane- sexta-feira, novembro 16, 2018
Quando o Enem silencia sobre o Comunismo
Uma semana atrás, eu participei do evento II Semana Vítimas do Comunismo, organizado pelo vereador Bruno Souza (eleito dep. estadual) e palestrei sobre a China, com foco na Revolução Cultural de Mao para, com isto, tecer críticas à manipulação na Educação, inclusive, do Brasil.[1] Após a minha palestra tive o privilégio de assistir uma das mais emotivas narrativas sobre o que foi realmente o Comunismo feita pelo crítico literário Francisco Escorsim que se analisou diversas obras literárias, realistas, sobre o regime totalitário.
Após ela e nos encontrarmos em um restaurante com o pessoal da organização cheguei em casa e fiquei olhando para meu filho, o terceiro quando fui trocar sua fralda e fazê-lo dormir. Senti-me muito mal… Eu me senti impotente pelo MEDO de que uma estrutura político-econômica como a descrita por Francisco pudesse ser implantada, pudesse retornar. Fiquei atordoado, pois apesar de estar distante de qualquer ameça no momento (sou paranoico com segurança), não conseguia imaginar como poderia fugir do que descreveu o colega e, mais importante, proteger meus filhos, entes que amo e, em último lugar, a mim mesmo. Não via escapatória… Não via como escapar de um sistema onde pessoas que te cumprimentam todos os dias podem ser teus delatores, onde poderia ser preso por 10 anos e na data próxima a soltura, ser adiada por mais 10, onde se perfurava o ânus dos inimigos com baionetas em brasa, onde se apanhava até a pele sair e ficar em carne viva e outras formas que acabei bloqueando em minha mente. Quando penso nisso, o desespero me bate.
A questão 18 da última prova da primeira fase do Enem mostra uma resenha sobre a fuga de uma mãe comunista do regime nazista (figuras abaixo). Como já comentado sobre a questão 09 da mesma prova[2], o objeto da questão não é o texto que serve como exemplo, no que seu conteúdo passa batido como verdadeiro. E vejam, não é que não houvesse perseguição aos comunistas pelos nazistas. É fato que houve, mas e a perseguição perpetrada pelos comunistas que estupravam mulheres alemãs em massa com a derrocada da Alemanha Nazista? E os pastores cazaques que viam seu gado abatido pelos soltados do Exército Vermelho para se submeterem à união forçada por Stalin? E a fome perpetrada na Ucrânia que ceifou a vida de milhões onde algumas vítimas eram enterradas vivas, sem forças sequer para escaparem de valas comuns? E as torturas de tibetanos arrastados pelos cabelos por soldados chineses quando de sua anexação? Arrastados pelos soldados invasores em seus blindados… A lista seria infindável, assim como é uma tosca ilusão achar que isto pertence a um passado sem risco de voltar. Vide os campos de concentração da Coreia do Norte onde fugitivos, se mulheres tinham que comprar guardas de países vizinhos (como a China) porque não tinham recursos ou outros que cresceram em campos de concentração sem entender o significado da palavra amor delatando a própria mãe em troca de comida.
O totalitarismo…. Este sistema, mais do que um regime não é exclusividade comunista, vários países islâmicos apresentam formas de comportamento similares em determinadas localidades, sobretudo interioranas[3], mas foi no comunismo em que o totalitarismo atingiu sua forma mais estruturada, com alcance e legitimidade dados por uma cúpula e estado que conseguiu submeter um grande contingente populacional, de dezenas de milhões de pessoas através do medo.
E foi com medo que olhei para meu filho, medo de pede-lo, de me sentir totalmente incapaz de defende-lo. Medo… Sentimento que está na base de outro, o de NOJO que sinto ao ler a prova do Enem em todas suas nuances porque são capazes de apontar o Nazismo, mas nunca o Comunismo corroborando desta forma pela construção de uma narrativa que acusa o Mal de forma parcial, mas oculta sua outra face política através do Silêncio. E é quando nos silenciamos que ajudamos na construção do Totalitarismo.
Anselmo Heidrich
16 nov. 18
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[1] A palestra está aqui, se inicia aos 11min. Antes é apresentação: https://www.facebook.com/BrunoSouzaSC/videos/1094053944109726/
[2] Mercado, Racismo, Ignorância e Manipulação no Enem https://anselmoheidrich.wordpress.com/%E2%80%A6/mercado-racismo-ig%E2%80%A6/ via Anselmo Heidrich
[3] Confira o filme O Apedrejamento de Soraya | https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Stoning_of_Soraya_M.
E nem pode ganhar dinheiro - esporte e artes
Na visão do Enem, esses jogadores da Seleção Francesa de Futebol seriam meros mercenários estrangeiros, já que se “venderam” ao Capitalismo.
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O que não é um produto e o que não pode se tornar uma mercadoria? A vida humana? Ei! Eu não perguntei sobre O QUE NÃO DEVERIA, mas o que não PODE! A princípio, tudo pode, mas muito não deve ser mercantilizado por questões morais que cabe a nós, humanos obviamente, endossarmos ou não.
As artes são expressões de comunicação que também podem ser mercantilizadas e há aqueles que acham que isto, por si só já as coloca em um nível de qualidade inferior à “arte pura”, o que já adianto aqui que acho uma IMENSA BOBAGEM, mas este assunto fica para outro momento…
Assim como o fato de uma expressão artística qualquer não ser veiculada com o objetivo de vender não a torna superior, não é porque a atividade profissional do atleta não se torna superior só porque este atleta não obtém sucesso comercial. Para mim é evidente que quem acha que o “verdadeiro esporte” está longe das caixas registradoras parte de uma visão tola do mundo, fruto de uma ideologia insustentável de que o que vende, corrompe. É como se os Ronaldinhos, Romário, Messi e tantos outros fossem menos jogadores que são porque ganham rios de dinheiro.
Agora se você discorda porque gosta de ver o valor de cada esportista em ligação com seu clube ou símbolo disto tudo, então te pergunto como você reagiria a uma proposta milionária para jogar em um time rival? A torcida, a paixão etc. fazem parte de nossa vida, de nossa fantasia. Eu adoro filmes de ficção científica ou fantasia, mitologia, mesmo sabendo que aquilo não é verdadeiro (embora no caso da FC, muito se torne realidade), mas o que me importa são as lições e enredo. Analogamente, eu respeito o sentimento de um torcedor que o conecta a um grupo imaginário por causa de um sentimento primitivo. Todo sentimento, aliás, é primitivo.
Agora, não me venha falar que isto é “verdadeiro” e quem deseja ganhar dinheiro com o que gosta é falso. Claro que há arte feita por quem produz já pensando em auferir mais dinheiro, da mesma forma que nos esportes, mas achar que o indivíduo perde qualidade por conta disto é tolo. E ESPERE AÍ… Eu não gosto de muita coisa do mundo pop, mas nem por isso digo que “não têm qualidade”. Contrariamente, tem muita coisa que eu adoro (em se tratando de música, especialmente) que é puro “feijão com arroz” e algumas de baixa qualidade técnica, mas que continuo adorando.
Antes de tentar definir o que é “bom” ou “ruim” tem que se estabelecer uma definição do que isto tem a ver com a qualidade e esta, antes de tudo ser também definida. MAS daí perceberam que o assunto fica chato? Que o encantamento desaparece? E é exatamente por isso que o bom jogador, que o espetáculo não deve ser avaliado por quanto dinheiro envolveu, qual foi seu custo. Ao fazer este tipo de análise estaríamos enveredando por qualquer caminho, menos os das sensações e significado que os indivíduos estabelecem com aquela forma de expressão artística ou esportiva.
No caso do esporte, a competição cada vez mais acirrada entre as equipes FORÇOU ao longo dos anos a CRIAÇÃO de novas técnicas, performances, estilos, estratégias etc. Só mesmo um escritor raso que vê a influência maléfica do comércio e do capital em tudo — não por caso, autor do clássico de esquerda As Veias Abertas da América Latina -, Eduardo Galeano para ser utilizado como referência para uma questão do Enem, cuja resposta correta é uma condenação do comércio do esporte (veja nas figuras abaixo).
Sim, não poderia deixar de ser, mais lixo ideológico no #Enem, agora atacando a dimensão da diversão humana e, implicitamente, condenando a percepção e sensação de quem discorda.
Anselmo Heidrich
16 nov. 18
quinta-feira, novembro 15, 2018
Mercado, Racismo, Ignorância e Manipulação no Enem
Você acha que que os habitantes de áreas pobres estão lá por serem vítimas do racismo ou pela dificuldade de se inserirem no mercado?
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1. O mercado é formado por um conjunto de relações interindividuais, óbvio ululante;
2. O que é produzido e vendido depende, essencialmente, do que é procurado, das demandas que surgem por influências diversas, não importa. O fato é que é assim que funciona.
Entonces, se alguém vende mais bonecas brancas ou se as promoções para vendas utilizam mais modelos brancos não é porque “o mercado”, enquanto uma entidade abstrata prefere isto ou aquilo. Não é “a coisa”, mas as pessoas que têm recursos para gastar. Se você não gosta desta relação assim como está constituída, com os objetos a venda e a forma como se apresentam para venda É UM DIREITO SEU, mas também É IGNORÂNCIA SUA tentar mudar isto na marra sem procurar entender PORQUE ISTO CHEGOU A ESTE ESTADO DE COISAS.
Se você é do tipo que acha que uma canetada, uma “lei de cotas para o marketing” ou algo assim seja suficiente para alterar a situação etnicamente desigual no mercado, sinto dizer, vc não passa de mais um iludido. Então, o que se faz? Comece perguntando o que pode ser feito para facilitar a entrada das pessoas de diversas origens raciais, composições fenotípicas, culturas, religiões etc. para entrar no mercado. Ou seja, sabe aquela balela de “o capitalismo exclui isso e aquilo”? Está, fundamentalmente, errada, pois estas pessoas QUEREM entrar no mercado, ou seja, não se trata de serem excluídas, elas é que não conseguiram ser incluídas devido aos obstáculos. Obstáculos…
Quais seriam? Além da óbvia instrução (educação para o trabalho e não esta merdaiada ideológica que temos hoje na escola pública), a desburocratização e simplificação jurídica permitiriam a geração e desenvolvimento de um movimento de empreendedores de pequeno porte que dispondo de mais capital iriam gradativamente investir em si próprios, ou seja, consumindo, bens e serviços, como é o caso da educação também. Se há dificuldades elas estão na burocracia e impedimentos para se abrir empresas e contratar funcionários e nosso país é reconhecidamente um dos mais difíceis de se trabalhar e produzir. Outros fatores como a insegurança jurídica gerados por leis restritivas à circulação do Capital, como é o caso daquelas que preveem a “função social da propriedade” têm sua cota de responsabilidade neste processo.
Como as áreas urbanas mais afetadas são as de menor estoque de capital, as populações pardas e negras são as menos guarnecidas e contempladas por investimentos. Esta espiral descensional de pobreza dificulta o processo de capitalização, justamente, de quem mais necessita dele, mas não por causa do mercado e sim pelo estado, seu peso em tributos, sua dificuldade em regulamentações e condução que impede a agilidade e dinâmica dos negócios. Quando se consegue a licença, quando é exequível devido ao seu custo, muitas oportunidades já passaram e acabaram sendo atendidas pelo mercado informal, isto é, pelo contrabando e ilegalidade.
Isto explica a desigualdade de renda entre grupos raciais e não o racismo, enquanto sentimento de desprezo por outro grupo étnico. Não é o ódio ou o nojo, mas o olhar complacente e arrogante de um burocrata estatista que se vê como “bom gestor” que gera a miséria.
E é aqui que o Enem perde mais uma vez a chance de não imbecilizar a massa de estudantes que toma suas asneiras como sintoma da realidade. A irrealidade gerada por suas questões são prova da visão de mundo distorcida de nossos inúteis acadêmicos.
Antes de analisarem a questão com seus próprios olhos cabe a pergunta:
#UniversidadePúblicaParaQuê ?
Agora atente para o fato de que a questão trata do Racismo, mas não pergunta sobre o Racismo, o que significa que o Racismo na propaganda é intencional, planejado, de acordo com o estudo feito e retratado através do texto. Ou seja, o conteúdo passa batido, como se fosse consensual, como se todos concordassem com isto, pois, afinal de contas, a questão é outra, sobre a forma de apresentação do texto e não sobre seu conteúdo. Entendeu como a coisa funciona? Você tem que concordar, pois eu te empurro uma interpretação e o que você pensa não é importante. Claro que se não fosse por esta conclusão, de que há racismo na publicidade e suponhamos, pelo contrário, que a conclusão fosse oposta de que não há racismo, a interpretação também estaria sendo empurrada tua goela abaixo. Mas daí é que vem a questão a que me proponho desde o início: por que este tipo de interpretação que sempre prima por vítimas de um sistema é a que predomina? Pense.
Anselmo Heidrich
15 nov. 18
quarta-feira, novembro 14, 2018
Enem que a vaca tussa isso aqui avalia alguém com justiça
Assim ensinam nossos professores.
Lá vamos nós de novo! Sim, a prova do Enem (acho que este deve ser o 4º post sobre o assunto). Agora, com a interpretação de textos e imagens.
Saca só a primeira figura, se trata do hino nacional, cuja resposta à questão de que gênero se trata, é “solene” e com “característica protocolar”, isto é, FORMAL. Ele é tocado e cantado ou ouvido em situações formais, conforme manda o PROTOCOLO. Certa a resposta, mas… Não tão rápido! É isso e pronto? Vocês acham que quem o canta sempre o faz por mera formalidade? CLARO QUE NÃO! Jogadores, atletas, cidadãos em manifestações diversas, seja em homenagens, protestos escolhem, ELES ESCOLHEM, notadamente cantar o hino. Ninguém os obriga. “Ah, pega mal se não o fizerem…” Em situações filmadas para a TV até pode ser, mas não no caso de anonimato e são MILHÕES que anonimamente seguem marchando em manifestações como recentemente vimos no Brasil em anos recentes. E isto é legítimo. Querer reduzir o hino a um gênero utilizado apenas em formalidades EXCLUINDO sua verdadeira essência que é a de ser uma homenagem de um povo ao seu país é, para dizer o mínimo, uma questão para RECURSO.
Já deve ter expirado o prazo para tanto, mas para mim caberia perfeitamente o recurso por ter duas respostas possíveis, a origem de um hino e manifestação cultural e a formalidade também requerida.
Agora avancemos para a próxima questão, sobre a Tríplice Fronteira (3ª imagem) entre o Brasil, Argentina e Paraguai, onde se encontram e concentram diversas nacionalidades e comunidades. Daí a necessidade de traduções para contemplar os diversos grupos e, como se trata de uma região de grande fluxo de turistas também, melhor atendimento. A fachada do supermercado, além do português apresenta o nome em inglês, holandês, espanhol, mandarim e árabe.
Na real, com esta questão, a equipe do Enem quis que o aluno rejeitasse alternativas mais preconceituosas chamemos assim, como a “A”, a “D” e a “E” (a “C” não tem nada a ver com nada), mas a resposta correta, “B” também não é uma boa saída, pois este tipo de ação, a tradução em estabelecimento comercial não é um “planejamento”, no sentido de uma intervenção governamental, mas sim AÇÃO DE LIVRE MERCADO ao querer proporcionar um melhor atendimento.
É engraçada a cabeça desses soças*, mesmo quando é EVIDENTE a ação do mercado, eles não a conseguem identificar, basicamente porque não a entendem. Burros.
E, antes de encerrar, a primeira questão é muito ruim e esta última uma merda.
Anselmo Heidrich
14 nov. 18
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[*] Soças = socialistas, centralizadores político-econômicos, estatistas, gente ignorante também.
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