Por que o
indivíduo? Permita-me explicar, individualismo
é uma palavra que tem muitos significados, podemos estar falando do sentido
normativo de individualismo, de que o indivíduo tem que ser valorizado, seus
direitos, deveres sobre os direitos coletivos, p.ex. ou, analiticamente, seu
peso e papel na história etc. ou ainda podemos estar falando em termos éticos,
o individualismo ético, uma ética anti-coletiva,
de que só o senso individual e a constelação de valores criada pelos indivíduos
é que tem valor e que a vida em sociedade não passa de um amontoado de crenças
sem sentido, pois o que vigora mesmo é a “lei da selva”, um salve-se quem puder
ou como já disse alguém “a guerra de todos contra todos”. Por outro lado, como
mencionamos há a perspectiva metodológica e é esta que nos interessa: mesmo
obras ou instituições sociais só tem valor quando reverenciadas ou odiadas por indivíduos.
São eles que em ultima análise tornam relações sociais válidas, seja a relação íntima
entre um casal, um pleito democrático, a ascensão profissional de uma mulher, o
questionamento de uma dada forma de discriminação sexual, racial, religiosa
etc. ou mesmo o sentido de pertencimento à pátria ou uma classe específica,
como o proletariado. Tudo isto só faz sentido se compreendido (mesmo que muito
mal compreendido) pelos indivíduos e aceito por eles.
Portanto,
quando ocidentais como eu dizem e repetem que o “islã é propenso à violência” há
uma grande dose de coletivismo metodológico,
de apego e uso de categorias coletivas como dotadas de consciência e poder de ação
nesta afirmação, pois eu duvido que a grande maioria dos que afirmam isto,
taxativamente, tenha se debruçado sobre textos sagrados ao ponto de afirmar,
QUANTITATIVAMENTE, que o Corão é mais violento do que a Bíblia, eu duvido. “Mas
a cultura e a sociedade deles são...” Bem, digamos que sim, que na conjuntura
mundial atual, tenha sido realmente assim, mas daí voltamos ao ponto inicial,
como estes indivíduos passaram a agir assim? Isto é algo que transcende as
escrituras, não faz parte de uma essência e compõe um arranjo que por mais
duradouro que seja, nem sempre foi assim...
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