Veremos se os EUA estarão preparados para as turbulências que se avizinham... (imagem: outsidethebeltway.com). |
Recebi duas perguntas de um amigo e
respondi aqui...
O que eu espero do novo presidente
americano?
O mesmo que eu esperaria de qualquer
populista, promessas e embromação. O ponto básico dele é fazer exatamente o
oposto do que se beneficiou a vida inteira, a abertura de mercados. A curto
prazo poderá gerar mais empregos, mas no médio prazo (10 anos talvez) levará a
uma perda de empregos e pior, queda no padrão de vida devido a elevação de
custos de produção. Isso, claro, se ele realmente levar a cabo suas bravatas
como p.ex. produzir i-Phones no território americano. Duvido que deixar de
importar e produzir a baixo custo na China para afagar a perda relativa que
eleitores brancos de baixa escolarização tiveram por não saberem controlar suas
dívidas e mimá-los com aumentos nominais de salário valha a pena perante uma
instabilização econômica na maior população do globo. Duvido que valha a pena
prejudicar os crescentes lucros e produção nas corporações mundiais que atuam
na China colocando este gigante em rota de declínio a dar razão a um louco de
Pyongyang com um corte de cabelo de penico. Mas o México pode sair prejudicado
sim, com produtos que podem ser feitos em solo americano.
Na política externa é que eu quero
rir, pois quem manda não é um Democrata ou um Republicano. Claro que toda essa
puxação de saco para Vladimir Putin pode trazer uma melhor conversação entre os
dois impérios, mas achar que as forças americanas arredarão o pé do Oriente
Médio por causa de uma retórica isolacionista de um outsider é como acreditar
naquele papo de "só vou colocar a c****". Duvido. Duvido que os EUA
deixem aliados fornecedores de sua principal matéria prima, o petróleo, como
Arábia Saudita e Kuwait à mercê de rivais regionais como Irã ou Síria
assediados por seu concorrente geopolítico que é a Federação Russa, cujo
interesse em monopolizar a distribuição de hidrocarbonetos para a União
Europeia é crucial.
Assédio sexual etc., que ele seja
julgado, mas alegar que seja um mau presidente por isso é tão relevante quanto
dizer que Hillary não puniu o marido Bill por seus casos extra-conjugais. Isso
importa?
Agora, se eu desse bola para o que
diz a grande mídia, americana e brasileira iria torcer para Trump mesmo, pois é
nojento como distorcem e superestimam o que é bobeira pura, como ele ter dito
"b****" e coisas assim. Que é um escrotão, isso ninguém nega, mas a
atuação da Sra. Clinton como Secretária de Estado me parece muito mais
relevante.
O problema com ela é que dizer que
seria uma mulher na presidência é tão relevante quanto um negro, um marciano ou
torneiro mecânico, isto nada importa. E o ponto certo de Trump é dizer que
atuará firme contra a imigração ilegal, o que em uma sociedade com medo e um
mundo com medo tem de se levar em conta, em que pese qualquer dilema moral.
Certo ou errado, isto irá pesar e quem não tiver resposta deverá ficar de
escanteio no jogo da história. Ruim? Resolva de outra forma. O problema é que
isto não precisa vir acompanhado de uma visão comercial tacanha de fechar
fronteiras ou dificultar a abertura comercial que trará, imediatamente, pobreza
aos seus parceiros e ex-parceiros. E como a pobreza, o tráfico e o crime.
Batata.
Mas, a principal cabo eleitoral de
Donald Trump foi Hillary Clinton que dizia ser favorável ao um bloco livre no
hemisfério, se referindo a uma zona comercial livre nas Américas, a antiga Alca
(Área de Livre Comércio das Américas), já dificultada por FHC (e com Lula e
Dilma nem pensar) para depois, pressionada pelo socialista concorrente dos
Democratas, Bernie Sanders, se desdizer e defender o protecionismo novamente.
Ou seja, entre o roto e o rasgado fique com o que fede menos.
Para nós aqui, ela era ruim, e o
Donald, um populista nojento que ainda é uma incógnita. Em quem eu votaria?
Nulo. Quem ganhou? Além de Trump, o terrorismo internacional que conseguiu
acuar um império.
O que eu desejo? Que ele fale mais, é
divertido ouvi-lo.
a.h
Em 9 de novembro de 2016 19:48, C B
escreveu:
E aí, Anselmo, o que você espera e
deseja do novo presidente dos EUA?
...
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