terça-feira, abril 08, 2014

Professor julga opinião própria como conhecimento objetivo


Um professor de filosofia elaborou uma questão jocosa sobre o que seria uma "grande pensadora contemporânea" e causou polêmica ao atrair críticas e defesas de sua intenção (e opinião) ao "provocar o debate", como disse:

A questão foi uma provocação, diz professor de Filosofia autor da prova http://blogs.estadao.com.br/radar-pop/a-questao-foi-uma-provocacao-diz-professor-de-filosofia-autor-da-prova/ via @estadao


O problema não é este somente. Fosse em outro contexto, como comentário sobre o que seria um pensador ou filósofo em sala de aula, vá lá, mas o que fez foi cobrar um conhecimento objetivo, sobretudo porque a questão era um teste com múltipla escolha em que não havia espaço para argumentação. Eu tiro duas conclusões sobre o ocorrido e que não se referem à "cantora": a inutilidade de se manter com nossos impostos uma cátedra de filosofia para alguém que elabore uma questão destas e o descaso, desrespeito e ignorância do professor que elaborou a mesma para com o instituto e método de aferimento do saber que constitui uma prova. Não se trata de perspicácia, inteligência, ou seja lá qual for o adjetivo que o fã de não estudar dê a isto, ele abusou da boa fé dos alunos que não tinham a obrigação de concordar com sua opinião. Ele é o perfeito exemplo de entertainer que atua no local errado. Ninguém acha que um juiz vá digressar sobre preferências ideológicas, ele tem que cumprir a lei, assim como em uma prova, que é um documento de desempenho, o professor tem que cumprir com sua função específica. Mas, o professor em questão foi totalmente inapropriado ao cobrar com pretensa objetividade algo que poderia ser objeto de dissertação em um modelo diferente de questão, e não em um teste com alternativas para serem assinaladas. Se ele quis escarnecer do trabalho sério e consciencioso atingiu seus objetivos. Defender esta atitude em nome da liberdade também é sofismar sobre a situação, pois a liberdade pode ser exercida em situação específica, como no momento de aceitar determinado trabalho... Se o professor assumiu dar aulas de filosofia, isto não significa que em nome da liberdade possa partir para a mais rasteira das militâncias ideológicas. O professor manifestou liberdade criativa, mas sem garantir a defesa dos alunos ao expressar seu voluntarismo de modo autoritário. Se pensasse nos direitos alheios, não abusaria de sua posição impondo opiniões de modo totalitário. Os alunos foram os grandes perdedores e me pergunto quantos desses alunos anônimos estão sendo prejudicados por tipos assim, que se acham engraçados, mas proporcionam um desserviço para suas turmas. E ele não é um, mas sim uma legião sem referências morais que infesta este país.

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