domingo, julho 24, 2011

O polvo no imaginário cartográfico


Recentemente levei uns convidados meus a São Paulo a visitarem o Restaurante Acrópoles, tradicional da cozinha grega e, inicialmente, não fui muito feliz com meu intento ao receberem como antepasto uma porção de polvo e outros quitutes muito bem temperados.
- Não deu pra comer, polvo, aquele bicho é muito feio, nojento...
Além da figura de molusco, o polvo, não tem muito que se assemelhe a nós mesmo, com seus vários pés e acumulando jatos de tinta contra seus inimigos rastejando na superfície do fundo do mar. Mas, se fecharmos os olhos podemos ver seu sabor e quem sabe apreciar algo que nos foge por completo dos sabores do dia a dia.
Acho que a idéia de uma figura exótica e amedrontadora diz mais sobre nossa visão de mundo que muitas teorias supostamente bem elaboradas sobre a sociedade, o mundo, o comércio internacional etc. A figura do polvo como portador de um grande cérebro dado pela sua cabeça desproporcionalmente gigante e vários tentáculos a manipular os meros mortais é recorrente em nossa história mundial. Qualquer que seja o alvo inimigo, o capitalismo, o comunismo, o nazismo, as finanças globais etc., é recorrente sua representação na forma deste animal. Neste site temos um excelente post sobre o assunto: 521 - Cartography’s Favourite Map Monster: the Land Octopus | Strange Maps | Big Think.
Mas, o que subjaz a esta figura?
A ideia de que processos complexos como a instauração de um regime comunista ou, mais ainda, o desenvolvimento da economia capitalista sejam conseqüência de um plano bem pensado e articulado previamente. Isto é que é de dar dó... O que pouco condiz com a realidade, uma vez que a ação social poucas vezes se configura como foi originalmente pensada e idealizada.
Como diz o post acima:

I suspect it’s those tentacles that explain why the octopus became cartography’s favourite land monster. They turn the CLO into a perfect emblem of evil spreading across a map: its ugly head is the centre of a malevolent intelligence, which is manipulating its obscene appendages to bring death and destruction to its surroundings. This is perfect for demonstrating the geographic reach of an enemy state’s destructive potential. It can even be used on a more abstract level, showing dangerous ideologies insipidly infiltrating and/or strangling the world. 


(...)

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