domingo, julho 24, 2011

Falsa consciência como modelo público[i]



O que tira marginais , bandidos , pobres dos parques não é polícia ,e sim educação , cultura , esporte . Vivi por dois anos em frente a uma praça na rua dos Andradas , em Porto Alegre , e o que via era a polícia sendo conivente com atos criminosos , fazendo vista grossa ao consumo e tráfico de drogas . Pude acompanhar de perto dia após dia a trasformação dos meus vizinhos ,de pessoas normais de classe média , a zoombies escravos do crack e praticantes de pequenos furtos. 
Se cerca uma praça , o povo migra pra outra , se cerca todas migram para um viaduto, uma várzea...enfim , o que temos que cercar é o tempo livre dessa gente , mudar sua forma de viver. 
Onde vivo , hoje, o índice de desemprego ja está superando os 20 % , e como ainda não se tem uma perspectiva de quando isso vá mudar , o governo passou a investir na criação de grandes espaços desportivos públicos com professores voluntários de todo o tipo de esporte .
O que precisamos é de um programa social que estimule o povo a crescer culturalmente , pois já não temos mais prisões o suficiente para formar jovens vagabundos e desocupados em traficantes,assassinos , estupradores , criminosos profissionais.

Desnecessário dizer o quanto discordo desse tipo de visão, mas é igualmente necessário dizer como eu discordo dessa visão. Imaginemos um lugar com mais de 20% de desempregados como alegado no comentário acima... Isto tem nome, se chama guerra civil. Fale sério, onde quer que ocorra algo próximo disto, a situação está insustentável. Muito se fala do desemprego de mais de 25% da Espanha, uma das mais prósperas economias da União Européia, mas isto tem que ser devidamente explicado, pois duvido que se trate de uma metodologia flexível, ainda mais nesses tempos de globalização, quando o que conta é o trabalho e não o emprego formal tal como preconizado pelos sindicatos. Se fosse assim, o Brasil também teria tido um índice alarmante do desemprego quando o PT era oposição, quando tudo que esse partido fazia era se utilizar do índice conservador do DIEESE, ao passo que agora no governo faz o contrário utilizando o índice flexível do IBGE. Então, se alguém vier falando em “alto desemprego” lhe pergunte qual a metodologia? A amostra? O período observado etc.? E lhe quebre as pernas desta argumentação alarmista com fins políticos e premissas ideológicas.
http://zecarlosdopv.blogspot.com/2009/10/pracas-cercadas-pracas-protegidas.html
Favelados se encontram em praças? A maioria não porque isto não permite que tenham uma morada. Quando ficam, é transitório. Já, moradores de rua crônicos têm outro perfil, não buscam construir um lar ou constituir uma família. Nesta situação, genérica, não há como investir em “programas sociais” quando os principais atrativos são o álcool ou o crack. Parte-se equivocadamente desta premissa, que um programa fará com que milagrosamente se instaure uma consciência individual e, pior, em passe mágico, uma série delas em vários indivíduos que apresentam um quadro semelhante. Ora, isto é desdenhar do indivíduo achando-o incapaz de decidir por si só, ainda mais quando a maioria dos moradores deliberadamente escolheu sua vida. Se querem mesmo diminuir isto, tal (sub)cultura precisa ser modificada, a questão é como?
Prevenir a formação da marginalidade é uma meta desejável, mas toda sociedade, qualquer que seja apresenta a sua, seja a brasileira, a espanhola, a americana, a norueguesa ou a nigeriana. Uma parte foge do controle... Ou pretenso controle social. Uma parte acaba mesmo como um grupo pária da sociedade e, neste caso, quando acaba o combustível preventivo, a repressão deve existir. A palavra repressão tem que ser dês-demonizada. Deve-se reprimir claramente o que é ruim para a maioria e, inclusive, para quem perpetra o malefício. Reprimir não significa, no entanto, suprimir a existência individual, mas evitar o comportamento degradante e poluidor que prejudica esses indivíduos.
Rua dos Andradas... Mais conhecida como “Rua da Praia” em Porto Alegre que, em meus áureos tempos até os anos 80, antes do PT colocar suas patas na capital gaúcha era um verdadeiro shopping a céu aberto. Hoje mais parece um mercado das pulgas infecto. O que permitiu isto, além da falta de eficiência e seriedade institucional como apontado no comentário foi a disseminação da criminalidade correlata e sucessiva às sucessivas gestões petistas na capital em que a estupidez citadina teimou em assegurar. Cada sociedade tem o governo que merece.
Cercar praças é uma medida temporária, assim espero, para que não sejam destroçadas por quem ignora o direito ao usufruto alheio se apossando do pequeno espaço público. É instrutivo e educacional quando se tem em mente que aquele espaço não deve pertencer a poucos, mas a todos, pobres, ricos ou remediados. E se trata de repressão sim senhor porque nem tudo é sanado por “programas sociais educativos”, ainda mais o crime que deve ser coibido com tolerância zero. E como se quem tem o prazer de depredar ou chocar tivesse alguma consideração para com quem quer lhe ajudar... Também não é por um diferencial de renda que se deteriora o patrimônio. Crimes de motivação econômica devido a penúria levam ao roubo, não ao uso de drogas em um espaço que permite o lazer, a criatividade e o respeito mútuo.
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