sexta-feira, agosto 28, 2015

Como combater o crime - 01


Gostei de sete das oito propostas para combate à criminalidade presentes no seguinte texto. E, particularmente, a sétima. A questão da proximidade (não meramente física) do policial com a comunidade da qual faz parte, preferencialmente esta o faz conhecedor de muitos dos processos que levam a violência e criminalidade locais, antes destas evoluírem para formas mais agressivas e letais. E até soa desnecessário dizer, mas o combate aos desvios de conduta da força policial é algo que amplia a própria força policial através da credibilidade concedida pelo cidadão. É como se ela além de polícia ancorada na lei apresentasse uma credencial de legitimidade. 

Por outro lado, a número de armas legais, isto é, registradas diminui sim a criminalidade ou desacelera seu crescimento. Eu duvido muito da objetividade desta pesquisa do IPEA que, provavelmente, não levou em conta esta distinção, entre armas legais e as do mercado informal obtidas que são, no mais das vezes, por criminosos mesmo. E mesmo que seu proprietário não seja um típico criminoso é aquele tipo de pessoa que transita entre "dois mundos", o da legalidade e o da contravenção sendo, portanto, muito mais recorrente decidir suas desavenças na bala. Sendo porte legal de armas na maioria dos casos, dificilmente seu portador vai ignorar a conduta correta de utilizá-la porque sabe que será mais facilmente rastreado. 

Conferir o texto abaixo:

terça-feira, agosto 25, 2015

O preconceito e o subdesenvolvimento


Luta ideológica contra capitalismo alimenta subdesenvolvimento http://t.co/lL6YfjigSx Aqui, um livro similar: http://t.co/95yBe9lABa

Uma das mais absurdas situações que vivemos é de sermos cidadãos de um país em que, formalmente, é garantida a propriedade privada, MAS ela é limitada por vários expedientes, inclusive de leis menores e outras que, na prática, a prejudicam enormemente, como as que formam nossa base tributária. Mas há mais do que isto, aqui a burocracia é enorme, sendo necessários meses para abrir uma empresa e tempo maior ainda para fechá-la de modo que, indiretamente, se incentiva a contravenção, pois é muito mais fácil sonegar e contrabandear para se lucrar. O estado brasileiro realmente age sob um princípio equivocado, de que "se permite" a atividade empreendedora enquanto que em sociedades capitalisticamente mais avançadas é o justo oposto, o livre mercado sustenta a formação de um edifício jurídico a que chamamos estado. 


Escolas Charter - 01


O que é uma charter school? É uma escola sustentada com fundos públicos, mas cuja direção é independente do sistema de ensino público. Elas fazem parte do que chamamos de “educação alternativa”. 

O conceito é interessante, pois o que faz uma boa escola não é, necessariamente, seu status jurídico, de ser ou não ser pública, de ser ou não ser privada, mas de como ela atua e compete com suas atribuições. No meu modo de entender, o maior problema hoje nas escolas é, regra geral, a falta de direção, que é composta por administração e pedagogia e estas duas características são amarradas, restringidas por leis federais e um ministério, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) que junto com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) contribuem para o nosso atual quadro de decadência educacional. 

Por isto mesmo que as escolas charter formam um conceito interessante, o de se tornarem independentes dessas regras que têm como resultado, justamente, péssimos resultados educacionais. 

Cf. https://en.wikipedia.org/wiki/Charter_school


segunda-feira, agosto 24, 2015

Acordo EUA-IRÃ na mídia opinativa


Esta matéria sobre o acordo da produção de armas atômicas do Irã já é interessante pelo assunto em si, mas não é só isto... ELA É UMA AULA DE JORNALISMO! 

Caros jornalistas, aprendam como se faz! Não se trata de ser 'neutro', de trabalhar a 'mídia não-opinativa' ou outras bobagens assim. O jornalista deixa claro que ele é pró-acordo (eu também sou), mas ele não descarta o tratamento (que deve ser) dado a opiniões diferentes e divergentes. Em suma, ele debate, ele depura mantendo o foco e não foge da raia. 

Não perder a objetividade, como faz, não significa ser meramente panfletário como ridículos jornalecos (de esquerda) Carta Maior ou (de direita) Mídia Sem Máscara. Significa expor sua opinião e dados disponíveis sem deixar de discutir e comparar com opiniões adversas elencando as mesmas e expondo alternativas para quem as lê.

Excelente matéria.

a.h

Cf. How to Make Sense of Anti-Zionist Rhetoric from Iran: Several Israelis Weigh In
http://www.theatlantic.com/international/archive/2015/08/views-from-israel-on-the-iran-deal/401867/

terça-feira, agosto 11, 2015

FELIZ DIA DO INIMIGO

- Anselmo Heidrich


Sempre comemoramos têm algum significado de aproximação de grupo, comunidade ou sociedade a qual pertencemos. Chegou a hora de comemorarmos algo um pouco diferente... Sabe aquele velho amigo de adolescência que compartilhava sonhos e utopias? Muitas das quais, sem fundamento econômico é verdade, mas que tinha raiz na ingenuidade e disposição de construir algo novo. Bem, a triste verdade é que há um lugar -- chamado Inferno --, que está coalhado de boas intenções. Sem método e coerência, qualquer mundo de Poliana se desfaz como um castelo de cartaz ao ser abraçado pela mais leve brisa. Distribuir residências, subsidiar energia e promover "justiça social" com cabides de emprego ou bolsas sem contrapartida no estudo e trabalho são exemplos do que digo.

Os anos se passaram e os dois camaradas agora se tratavam como 'colegas', já não tinham mais as mesmas obsessões em comum, mas divergiam muito nos métodos para atingir seus objetivos. Enquanto você ainda acreditava no diálogo e na coerência, o teu distante parceiro tinha um modo ainda mais distante de lidar com as pessoas se pautando no princípio de que os fins justificam os meios. Para enfraquecer seu patrão, mesmo que fosse um governante legitimamente eleito, não desconsiderava lançar mão de greves políticas. Sempre dizia que mérito, produtividade, avaliações institucionais ou auditorias externas eram intromissões indevidas na liberdade alheia e em seu "direito adquirido", mesmo que tal leitura legalista fosse totalmente arbitrária e sem fundamento. Como eu disse, para o sujeito, os fins justificam os meios.

Agora, passado os anos, você se esmerou, terminando sua graduação, se especializando em diversos cursos de pós, estágios e ainda engravidou sua garota e casou, assumindo a paternidade. O antigo camarada, por seu turno, descolou um cargo de comissão de um político populista que fez sucesso em um programa de rádio em que culpava a situação dos pobres pelas "elites", sempre misteriosas, mesquinhas e medonhas, embora ninguém conhecesse seu verdadeiro rosto... Mas, para sua surpresa, outro dia ao abrir o jornal, te deparas com o rosto conhecido do sujeito envolvido em falcatruas, como um “laranja” para a quadrilha do partido em que trabalha. Como se não bastasse, os recursos desviados eram para “projetos sociais” e causaram tanta desconfiança que sócios enganados apelaram para a justiça e retiraram seus investimentos levando a maior ruína possível. 

A novidade é que quem pagará a conta é você, sentado no sofá, com recursos que seriam destinados para o seu filho que está aprendendo a engatinhar, para seu pai, que está perdendo a memória e já não se lembra mais de porque chegamos onde chegamos. Mas você sempre se lembra quando vê o remédio importado essencial para o coração da tua mãe ser sobretaxado por tributos necessários para cobrir os rombos governamentais.

Neste dia 16 de agosto de 2015 vamos às ruas mostrar nosso descontentamento com aqueles que sempre atuaram como inimigos públicos número um, embora falassem muito em prol desse público. Vamos levantar nossas vozes contra aqueles que não souberam, não quiseram e desdenharam da necessária divisão entre o que é recurso público e interesse privado. Tu tens essa opção ou, se preferir, se afundar no sofá para se acomodar com o fundo do poço em que teu país foi lançado.

Minha sincera dúvida é que se procedermos assim, o que nós temos de melhor daqueles que sempre nos atacaram e traíram?

quarta-feira, agosto 05, 2015

A esquerda latino-americana mudou?


Não, a realidade é muito mais simples do que imaginamos.

Há algo que não fecha neste texto de Augusto de Franco (abaixo, na sequência). É esta história que a partir de um dado ponto na linha de tempo houve uma inflexão, uma curva onde tudo se deteriorou. Isto é mito. Não acredito que as pessoas mudem tando assim, mas sim suas relações (que acabam por moldar instituições). Eu fui simpatizante e militei irregularmente pelo PT nos anos 80 e conheci sindicalizados que atuavam regularmente, a associação com o tráfico de drogas já existia, i.e., já existia desde seus primórdios. Desde a origem. Isto não significa que eu esteja corroborando com teses conspiratórias a la olavetes para os quais se trata de "um grande plano". Não, nada disto... Acredito que seja algo mais simples que os motivou neste caminho: assim como a tradicional direita latino-americana partia do princípio de que podia fazer do seu jeito tudo que quisesse para se manter no poder, desprezando as instituições, principalmente porque "elas eram as instituições", para a esquerda qualquer que fosse o caminho ou estratégia estava certo porque "eles estavam do lado da história", cacoete que deriva teoricamente da visão marxista calcada numa teleologia objetiva da história. Em suma, nós podemos porque queremos algo maior e melhor para o ser humano, a democracia é um engodo de classe e nós vamos penetrar no sistema e subvertê-lo. Isto não tem nada de 'gramscismo' (o Augusto andou lendo muito paranoicos expatriados da Virgínia...), mas um simples jogo político que despreza as instituições e a democracia. Na verdade, em nosso país, a esquerda e a direita tradicionais não são democráticas. 

Abraços e bom dia,
a.h


terça-feira, agosto 04, 2015

Toma que o filho é teu


Esses dias um amigo me perguntou se eu podia publicar algo sobre o aborto, mas eu não tinha nada pronto. O assunto me incomoda bastante e, apesar de eu ser moralmente contrário a este ato de barbárie (salvo exceções que não devem servir de base para uma política geral). O caso é que há várias outras formas de se evitar gravidezes indesejadas, de planejar ter (ou não) um filho e estas parecem não ser objeto de consideração por parte de quem discute os "direitos da mulher", mas apenas o ato de extrair ou não o feto. Aqui, em um texto de 2008, eu discuto estas questões que envolvem o planejamento familiar e seu contexto ideológico. Lembrando que críticas e sugestões são muito bem vindas:

Cf. Toma Que o Filho é Teu http://www.rplib.com.br/index.php/artigos/item/2131-