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domingo, maio 05, 2019

Você é a favor dos cortes para os cursos de Sociologia e Filosofia?


Cortar ou não cortar o financiamento dos cursos de sociologia e filosofia? Não, se forem só estes cursos. Sim, se forem todos os cursos.
Os argumentos a favor do governo são de que “esses cursos não são importantes”, “só formam militantes” e um que eu não li ainda, mas seria importante, “eles produzem ciência de verdade”. Bem, sociologia é ciência. Não é porque se produz pouca ciência sociológica que ela não exista, mas eu reconheço, infelizmente, que a maioria dos cursos e em várias situações serve para encobrir a mais pura picaretagem acadêmica que se esconde atrás do véu do “engajamento político”, da premissa de que “ninguém é neutro” ou de que “todos nós temos ideologia”.
Ninguém é neutro mesmo, mas isso não nos exime de fazermos nosso trabalho descritivo, de coleta de dados, de discussão metodológica, de análise e depois nos posicionarmos politicamente. O que acontece, cada vez mais é que a premissa da não neutralidade já legitima, logo de saída, a deturpação metodológica onde vai se buscar o discurso (pseudo-)científicio da opção política. E o pior é que isto não é identificado. Se acreditando, piamente, que a opção antes da pesquisa é a mais acertada possível.
“Ideologia” é um termo amplo, muitas vezes confundido com a simples fé em um utopia ou projeto político. A ideologia, na verdade, compreende uma justificativa teórica ligada a uma filosofia e é a própria filosofia que tem um papel importante na análise das ideologias. Por isso mesmo, o melhor remédio contra a má sociologia é a própria filosofia.
Mas o que fazer quando os professores não são o remédio, mas o problema? O que fazer quando eles são os vetores de contaminação e deturpação de todo o sistema? O corte para essas áreas é uma solução tentadora, mas injusta porque não separa o joio do trigo e põe todos, produtivos e picaretas no mesmo saco. Critérios meritocráticos tinham que ser adotados para quem faz ciência de verdade não fosse prejudicado, o que também deveria incluir a área de Humanas.
E este Ministro da Educação com muita pose e arrogância nas palavras poderia trabalhar nisso já que se acha competente. Quem sabe ele seja mesmo… A Direita está perdida na atuação política por falta de método. Quem sabe a sociologia de verdade ajudasse este governo a administrar melhor as chamadas “áreas sociais”?
E a Esquerda por seu turno não está perdida, ela é perdida… Eu participo de uma lista, que se vê como movimento chamado “Mapa Educação”, cuja deputada egressa dele é a Tabata Amaral, filiada ao PDT-SP. Ela teve o bom senso de sair do movimento para não misturar as funções (coisa que muito político liberal do MBL precisava aprender).
Como eu dizia, as discussões desse Mapa Educação se limitam atualmente aos cortes de verba às Federais anunciados pelo governo. É como se a Educação Básica simplesmente não existisse. E, na realidade, para esses grupos políticos é assim mesmo. Eles refletem seus locais de origem e encontro: o Ensino Superior. Eles acreditam, piamente, que um sistema “democrático”, “popular”, “social”, mas que na realidade traga 60% dos recursos destinados à Educação no país e que serve a poucos.
Considerando sistemas público e privado de ensino superior temos cerca de 19% de jovens entre 18 e 24 anos, embora haja muitos na modalidade EAD que está em franco crescimento, de acordo com o Censo Educacional de 2017.
Não adianta procurar atalhos. Ou faz o serviço direito ou pede para sair. Temos duas medidas necessárias:
  1. Criar um modelo meritocrático baseado em critérios de produção científica;
  2. Privatizar o Ensino Superior distribuindo bolsas para alunos carentes e expandindo modelos de financiamento.
Isto já irá secar a fonte dos centros acadêmicos geradores de movimentos que servem como braços de apoio de partidos e movimentos políticos e só existem em grande parte devido ao financiamento público. O problema não é a ciência que dizem estudar e produzir, mas porque são geridos por professores que não fazem ciência e não têm a menor ideia do que seja isto.
Tais medidas seriam um bom começo, mas por si só não serão suficientes para combater ideologias. Essas se combatem com outras e para isto, outro tipo de professor deve ser atraído com bom salário. Se não for assim, os ruins que já predominam continuarão fazendo o que sabem melhor: política suja, melhor definida como “política no lugar errado”.
5 mai. 19
Fonte da imagem: “Evolução dos paradigmas de pesquisa em Sociologia e ciências da complexidade” –https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Complexity-map-with-sociolo.png

quinta-feira, novembro 03, 2016

Como encher a linguiça do currículo com mais doutrinação marxista

  
Quando se alerta para a visão ideologizada dos professores e nos respondem que todos nós temos ideologia, mesmo que inconfessa e de que a neutralidade é simplesmente impossível não se entende a crítica contundente deste artigo, os professores de filosofia e sociologia não são incompetentes, o problema real é que eles são competentes de acordo com a educação superior que tiveram que, esta sim, é deficiente. A maioria desses cursos no país tem currículos e pior, interpretações desatualizadas, como o caso da vulgarização marxista. Consequentemente, os professores aí formados não se põem a criticar os seus fundamentos. O tal "pensamento crítico" como exposto nos comentários não passa de uma crítica ao capitalismo, de modo simplista e sem autocrítica, é uma crítica totalmente unidirecional. Sinceramente, faz mais de meia década que este artigo foi escrito e o resultado da introdução destas disciplinas no currículo escolar só fez piorar o que já tínhamos com geografia e história: a formação de uma massa de manobra estudantil a serviço de partidos e organizações com interesses escusos como ora se vê com as nefandas, autoritárias e verdadeiramente fascistas ocupações de escolas no país afora.


Cf. Ideologia na Escola - Educar para Crescer http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/ideologia-cartilha-547333.shtml



Uma de nossas chagas sociais, infelizmente, ainda muito pouco levada a sério.

Anselmo Heidrich