Henry Kissinger em entrevista à Lucas Mendes comenta lucidamente sobre a China e outros temas. Veja alguns excertos aqui:
Lucas Mendes — Isso é importante? Devemos ter isso em mente ao lidar com os chineses?Henry Kissinger — Bem, devemos evitar dar lição de moral aos chineses. Por exemplo, quando um americano chega e diz que a China deve amadurecer e se conscientizar de que agora é um país desenvolvido, os chineses se sentem muito insultados com isso, porque eles acham que têm uma grande História antes mesmo que nós existíssemos. Quando dizem que eles devem aprender a seguir as regras... Sim, eles devem seguir as regras, mas eles acreditam que devem participar da elaboração das regras. Portanto, nós precisamos ter em mente que a percepção que os chineses têm de si mesmos é a de que, durante a maior parte da História, eles foram o país que liderou cultural e politicamente sua região.
E o relacionamento da Rússia com o mundo islâmico em suas fronteiras:
Lucas Mendes — As mudanças na Rússia — se é que elas existem — poderão afetar ou enfraquecer o Irã?Henry Kissinger — Bem... No longo prazo. Um país nuclear fazendo fronteira com a Rússia, com um governo que insiste em implementar a máxima islâmica, deve criar um forte sentimento de insegurança na Rússia. Por isso, sob esse ponto de vista, deverá haver um recuo com relação ao Irã. Por outro lado, um país que mobiliza os EUA e nos deixa preocupados traz alguns benefícios estratégicos para a Rússia. Portanto, eles alternam entre esses pontos de vista. E, acima de tudo, eles não querem dar espaço para uma revolução islâmica na Rússia, no sul, onde há muitos muçulmanos. Por isso, eles agem com grande cuidado.
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Conjur - Ideias do Milênio: Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA