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sexta-feira, novembro 07, 2014

Classificação política e falta de objetividade


Sobre esquerdas e direitas – O Diagrama Scar http://t.co/UeHz8Yonok


A questão de que a chamada direita atual ter sido a esquerda do passado, séculos atrás está correta, assim como a caracterização da evolução subsequente. Neste sentido, o artigo é rico e bastante informativo. Como relatado, lá pelos idos do séc. XIX, ainda existia quem defendia a monarquia contra a democracia. Estes eram os direitistas de então, mas... Veja que ele não cita esta palavra, Democracia, sua análise está totalmente centrada no Capitalismo e esta é uma falha. 

Os anarco-capitalistas -- ancaps --, autoproclamados 'libertários' que estariam na extrema direita para ele seriam a favor da liberdade total, totalmente pelas vias do mercado livre, mas atente que sendo assim, discordam da democracia como meio de regulação. E os comunistas na extrema esquerda também não ligariam para ela, a democracia. Deste ponto de vista, quando o poder individual ou, na oposição, o coletivo descartam a negociação e equilíbrio de aceitar pontos divergentes para manutenção da ordem, de meu ponto de vista, não estão separados, mas próximos. Então, eu trocaria o Diagrama Scar, que ele propõe por outro, uma ferradura. Que aliás, não é ideia minha... Conferir aqui a Teoria da Ferradura (Horseshoe Theory). Os extremos, anarco-capitalistas e comunistas descartam a negociação e se tornam autoritários, um para o indivíduo e outro para o coletivo. Adicionaria aí também o detalhe que a extrema esquerda também sempre foi lembrada pelo movimento anarquista que, antes dos ancaps era tido como essencialmente de esquerda. Estes rótulos enfim, cansam porque estão sujeitos a interpretações diversas -- quem os define, define como lhe convém e fica nítido que o autor, Scar, tem uma queda pelo liberalismo. Nada condenável, aliás, pois também tenho, mas se tem que assumir este dado e não tratá-lo como se fosse objetivo e imune a nossa subjetividade na escolha. Por exemplo, já ouvi um liberal dizer que a social-democracia (se referindo aos nórdicos europeus) "não dá certo"... Patético, tanto "não dá certo" que existe há décadas. E outro erro é tomar o que eles definem como "socialismo" como algo socialista na teoria de Marx. É bem diferente. A propósito, a Nova Zelândia, um país que prima pelas excelentes avaliações em rankings de liberdade econômica foi colonizada por imigrantes trabalhistas e socialistas. Quem diria...

Então mais cuidado e cuidado especialmente ao definirmos o que é algo a partir de um simples nome, pois este pode não significar aquilo que uma velha teoria queira nos dizer. E sim, não sou isento, eu critico o teor do artigo porque discordo que possamos construir uma ordem duradoura sem democracia e senti a ausência do termo no mesmo. 

Mesmo que se diga que a democracia não define um sistema econômico por inteiro (o que é verdade), também é verdade que enfatizar a dicotomia Capitalismo v. Socialismo é por demais pobre... Eu prefiro discutir "Sistema Social" e aí não entra somente o modo como a propriedade é regulada, mas também a cultura e sua organização jurídica. Importante porque há países, regiões, estados (em fortes federações) ou até cidades e condados nos quais se pode ter razoável ou forte liberdade econômica sem paridade na liberdade política (Singapura, p.ex.), embora o contrário seja difícil. 

Enfim, eu endosso o liberalismo e me defino como liberal, mas sem os arroubos e delírios anarco-capitalistas ou anarquistas, cujo ódio e preconceito contra tudo que enseja a palavra estado não conseguiram construir nada melhor do que sociedades clânicas (como a Somália) e chegam ao absurdo de dizer que na monarquia se tinha maior justiça econômica que na democracia. Claro que sim, para o senhor feudal...

Dizem que o espaço é curvo. Talvez o espectro ideológico político também não fuja disto e necessitemos de uma revolução epistemológica na ciência social...


segunda-feira, fevereiro 13, 2012

FUVEST: Geografia para idiotas

A partir de 2004 iniciei uma série de artigos comentando provas de seleção, seja de vestibulares de grande procura e concorrência no estado de SP onde vivi e trabalhei quase duas décadas ou no famigerado ENEM. Aqui, o primeiro deles:


A prova de Geografia 

da FUVEST 2004


por Anselmo Heidrich em 16 de janeiro de 2004 
Resumo: Em artigo para o MSM, o professor Anselmo Heidrich mostra como a última coisa que existiu no vestibular de Geografia da FUVEST - 2004 foi... a própria Geografia! 
© 2004 MidiaSemMascara.org



Agora que o maior vestibular do país terminou neste ano, e muitos candidatos foram postos à prova segundo conteúdo ministrado por milhares de professores no estado de São Paulo e no Brasil em geral, cabe fazermos alguns comentários. Só que um pouco diferentes do que os feitos pelos cursos pré-vestibulares.
Na primeira fase foram doze questões, quatro extremamente problemáticas com relação a orientação que os formuladores do vestibular lhes deram. E na segunda foram dez questões, e simplesmente cinco delas são tendenciosas.
A seguir, as questões e seus respectivos gabaritos comentados.