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quinta-feira, maio 21, 2020

A Luta contra a Pandemia na Ucrânia


A epidemia de um novo vírus na China no final do ano passado (2019) e que logo se disseminou pelo mundo se tornando uma afetou duramente a economia da Ucrânia, além de causar um grande número de mortos. Como se trata de um vírus — o coronavírus SARS– CoV– — com alto poder de contágio, os sistemas de saúde de vários países ficaram sob ameaça de saturação. Isto fez com que diversos governos decretassem regimes de quarentena, ou até mesmo delockdown, mas, mesmo assim, cidades foram duramente afetadas, assim como regiões inteiras, seja na China, Itália, EUA, Brasil, dentre outros casos.
Evolução e reação à crise
primeiro caso registrado na Ucrânia data de 3 de março, em Chernivtsi. A vítima de infecção teria voltado com a esposa da Itália, país onde houve um grande número de contágios, especialmente na região da Lombardia. Nove dias depois, que coaduna com o ciclo de manifestação dos sintomas, normalmente de 1 a 14 dias,ocorre o relato de mais dois casos em 12 de março, um dia após a quarentena ter sido decretada, e um dia antes do primeiro óbito. Quase três meses depois, o número de casos tem aumentado exponencialmente e as mortes já chegam a mais de 300.
A Ucrânia fechou suas fronteiras no dia 13 de março, também interrompeu o transporte público e em Kiev foi restrito a categorias consideradas essenciais, profissionais do setor de saúde, financeiro e supermercados. Atividades recreativas foram proibidas, assim como aglomerações com mais de dez pessoas, incluindo cultos religiosos. Estradas e metrôs também foram mantidas com funcionamento restrito e escolas foram fechadas e até mesmo a entrada em cidades.
O epicentro da doença é o oblast de Chernivetska, o que levou o Gabinete de Ministros da Ucrânia a introduzir o regime de quarentena, inicialmente por apenas três semanas. Até o dia 21 de março, o país elevou seus esforços designando 17.000 policiais no combate à pandemia e cerca de uma semana depois ainda se acreditava na hipótese de impedir a entrada do vírus em território nacional. Mesmo que isto fosse verdadeiro, não seria possível em um país conflagrado pela guerra na sua fronteira leste, em que tropas insurgentes apoiadas pela Rússia têm livre trânsito entre um e outro país. A Ucrânia adotou medidas de contenção fitossanitárias de seu lado, mas a situação é desconhecida onde grupos insurgentes em Donetsk e Lugansk controlam passagens para o lado russo.
Passados vinte dias após o primeiro relato de infecção trazida do exterior e o país já tinha sua primeira infecção doméstica, apesar de todas medidas de segurança adotadas. Por consequência, o Ministro da Saúde, Ilya Yemets, solicitou ao Verkhovna Rada que introduzisse o Estado de Emergência.
A discussão sobre o que viria a ser este estado de emergência se estendeu levando em conta as garantias constitucionais dos cidadãos. A adoção de regras para cumprimento de medidas de segurança durante a crise pandêmica é emergencial, mas tem que se basear na lei que fornece poderes adicionais às autoridades com certas restrições aos direitos constitucionais.
A partir do dia 23 de março, a Verkhovna Rada alterou a legislação específica para a vida dos cidadãos, das empresas e do Estado nas condições atuais, com:
· Introdução de restrições à exportação de suprimentos médicos;
· Adoção de benefícios fiscais;
· Moratória para verificações documentais e factuais;
· Estabelecimento do direito de funcionários ao trabalho remoto;
· Responsabilidade administrativa estabelecida pela violação das regras de quarentena com multa;
· Aumento da responsabilidade criminal por violação das regras e normas sanitárias de prevenção de doenças infecciosas e envenenamento em massa, com multa ou prisão. Se tais ações tiverem consequências mais graves ou mortes, a pena será de prisão por um período de 5 a 8 anos.
Nesta situação, três regiões ucranianas já foram declaradas em estado de emergência, Donetsk, Ternopil e Cherkasy, informou o primeiro-ministro Denis Shmygal. Recursos adicionais foram utilizados, como helicópteros sanitários para transporte de pacientes infectados. A capital, Kiev, adotou a limpeza do transporte público, mas também das próprias ruas, pontes e estradas. E, apesar de problemas iniciais com o fornecimento de testes para detecção do vírus por uma empresa ucraniana, um carregamento proveniente da China trouxe um grande lote dos testes, dispositivos de ventilação pulmonar artificial, máscaras médicas e outros recursos. Também, na esteira dessa cooperação internacional, o Canadá ofereceu ajuda ao governo ucraniano fornecendo equipamentos e suprimentos médicos, este foi o foco da conversa entre o primeiro-ministro Justin Trudeau e o presidente Volodymyr Zelensky, bem como ajuda à remoção dos cidadãos ucranianos que desejassem retornar ao seu país.


A contrainformação
Como a Ucrânia tem sido palco de disputas políticas internas e pressões externas, mais intensamente desde 2014, a pandemia foi aproveitada para ampliar a crise. Vídeos e informações falsas, as chamadas foram propagadas com intuito de gerar pânico na população, como já aconteceu em uma pequena cidade, Novi Sanzhary, com manifestantes tentando bloquear o transporte de ucranianos evacuados da China.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, mais de 70.000 ucranianos foram trazidos do exterior dentro das medidas de combate a CoVid-19. Já os cidadãos evacuados da China ficaram em uma quarentena no centro médico na região de Poltava. No final de fevereiro, o Vice-Ministro de Assuntos Internos, Anton Gerashchenkon,afirmou que a situação já havia se normalizado na cidade: “Agora a situação em Novi Sanzhary é calma. A ordem pública é mantida por 320 membros da Guarda Nacional, 70 oficiais da Polícia Nacional e 16 trabalhadores do Serviço de Emergência do Estado. A situação está completamente sob controle (…). Não vamos deixar alguém ameaçar a segurança no centro de saúde Novi Sanzhary”.
Embora uma pesquisa realizada no final do mês de fevereiro mostrasse que 74% dos entrevistados fossem contra os protestos dos repatriados, apenas 11% estavam indecisos e ainda havia 15% que apoiavam este tipo de atitude.
As táticas de contrainformação, segundo fontes ucranianas anti-russas, atribuíam o vírus como sendo uma arma biológica criada pelos Estados Unidos, para desestabilização de instituições democráticas de outros países. O que é certo são os efeitos disso acirrando divisões e conflitos já existentes no país.
Disputas políticas e corrupção
Além da tensão gerada pela a pandemia em vários países, as disputas políticas internas crescem em meio às incertezas de como proceder. O partido do ex-presidente Petro Poroshenko, Solidariedade Europeia, se opôs à adoção do Estado de Emergência: “‘A Solidariedade Europeia se opõe fortemente, porque vemos isso como um tremendo risco para o país e a democracia. Acreditamos que, hoje, Zelensky e o governo tenham todos os poderes para tomar as decisões necessárias: através de um mecanismo para a adoção de leis separadas e do NSDC[5]”- disse, em 23 de março, a deputada popular Irina Gerashchenko.
Suspeitas de corrupção envolvendo os testes necessários para detecção do vírus também afetaram a credibilidade do enfrentamento da crise pelo governo. Antes dos aviões com novos testes chegarem da China, se buscou utilizar os de fabricação nacional para, mais tarde, descobrir que se tratava de produtos de uma empresa sem qualquer experiência ou tradição no mercado.


Os efeitos na economia também são bastante disruptivos. Os preços dos medicamentos e utensílios médicos sofreram forte especulação, o que levou o presidente Zelensky a ameaçar com sanções quem resolvesse tirar proveito da situação.
Conclusões
Com mais de 13.600 casos confirmados até o momento, 340 mortes e com o agravante de o país ainda manter uma guerra no Donbass, o que só sobrecarrega mais ainda o sistema de saúde regional, a Ucrânia expõe suas fragilidades, seja pela contrainformação gerando pânico e revoltas, pelo oportunismo político da oposição, pelas suspeitas de corrupção, ou pela especulação nos preços de materiais básicos. Isso mostra que a batalha deste governo não tem sido apenas contra a pandemia.
Em recente nota, o Fundo Monetário InternacionalFMI) afirmou ter disponibilizado recursos para recuperação econômica da crise que sucederá à pandemia. São 50 bilhões de dólares para os países emergentes e 10 bilhões a juros zero para os países mais pobres (respectivamente, aproximadamente 286,23 bilhões de reais e 57,35 bilhões de reais conforme a cotação de 8 de maio de 2020). É o caso da Ucrânia no contexto europeu, a qual, aliás, já recorreu ao FMI para evitar uma recessão.
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Notas:

[1] Pandemia difere da epidemia em escala. Enquanto esta se trata de surtos de uma doença que se manifesta em diferentes regiões, a pandemia se instaura quando uma epidemia se estende a vários países e regiões. Embora já tenha existido outros casos, como a chamada “gripe espanhola” no início do século XX, a Organização Mundial da Saúde (OMS), fundada em 1948, considerou como pandemias, a gripe A (“gripe suína”), em 2009, e agora, a partir de março de 2020, a CoVid-19 (“causada pelo coronavírus”).
[2] Identificado o novo coronavírus como SARSCoV2, a doença por ele gerada passou a ser chamada, oficialmente, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de CoVid-19, que significa Corona Virus disease (doença do Coronavírus), enquanto que “19” se refere ao ano em que foi descoberto, 2019, a partir dos primeiros relatos em Wuhan, na China.
[3] Quarentena é uma das medidas não farmacológicas de combate ao vírus, uma vez que não há procedimentos farmacológicos – medicamentos e ou vacinas baseadas em evidências com literatura científica robusta até o presente momento – para conter a CoVid-19 e sua transmissibilidade. Também chamada de distanciamento social, a quarentena tem como objetivo garantir que os sistemas de saúde tenham capacidade de absorver as demandas, com atendimento adequado em local apropriado. Portanto, para evitar sua rápida saturação é que se busca impedir a circulação de pessoas, o que aumenta os casos de contágio. O lockdown, por sua vez,é bem mais restritivo ao impor, por meio de decisão judicial, o bloqueio temporário de todas as atividades consideradas não essenciais para a manutenção da vida e da saúde, evitando, assim, a maior transmissão do vírus.
[4] Verkhovna Rada diz respeito ao Conselho Supremo da Ucrânia, sede do Poder Legislativo unicameral e o único do país.
[5] Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia,ou NSDC,é um órgão consultivo de Estado para o Presidente da Ucrânia. Trata-se de uma agência responsável pelo desenvolvimento de políticas de segurança nacional em questões internas e externas.
[6] Até o dia 5 de março de 2020.

Fontes das Imagens:
Imagem 1 “No Aeroporto Internacional de Kharkov, guardas de fronteira fornecem autorização para 94 pessoas que chegavam da Chinaem 20 de fevereiro de 2020”( Fonte): https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ukraine_evacuates_Ukrainian_and_foreign_citizens_from_Wuhan_16.jpg
Imagem 2 “A situação atual da crise pandêmica na Ucrânia — Mapa do surto de CoVid19 na Ucrânia– By ZomBear — Міністерство охорони здоров’ я УкраїниCC BY– SA 40” ( Fonte):
Imagem 3 “Evolução do número de casosque aumentam, em relação aos novos testes aplicados — Testes e casos positivos na Ucrânia até o dia 5 de abril” ( Fonte):



Originally published at https://ceiri.news on May 13, 2020.

sexta-feira, maio 01, 2020

Atacar a OMS é desvio de foco

Uma atitude sintomática é a fuga da responsabilidade/causalidade da crise gerada pelo CoVid-19 em vários países pelas suas autoridades diretas. Isto fica claro quando se atribui à Organização Mundial da Saúde (OMS) em vários comentários colhidos em redes sociais:
Aos poucos a OMS vai assumindo a palhaçada que fez ao forçar os países a pararem. Não impediu o espalhamento do vírus, vide Brasil, EUA, Itália, Espanha, UK, França (a doença seguiu seu curso natural)… e, de brinde, ainda quebrou a economia do mundo.
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“A Suécia se recusou, no período entre março e abril, a implementar leis específicas para quarentena e isolamento social. Ao invés da regulamentação pesada de outros países da Escandinávia (região do norte europeu que agrupa Dinamarca, Noruega e Suécia), o governo sueco propôs uma política pública baseada em compreensão, cuidado e segurança com o próximo – uma forma de isolamento social baseado em cidadania, não em multas ou regulamentações severas.”
Em primeiro lugar, os países mais duramente afetados foram os que demoraram para aceitar o fato de que existia uma pandemia capaz de sobrecarregar seus sistemas de saúde levando a uma maior mortalidade;
Em segundo, a OMS não força nada, muito menos obriga. Notem que o uso do verbo “forçar”, aqui no caso é um subterfúgio para não comprometer o argumento em torno de uma prova (o que não existe). Uma vez que não há legislação mundial, nem força mundial, capaz de forçar países que são super-potências, como Estados Unidos, China ou Rússia a acatarem suas determinações, nem mesmo pelas potências médias (Reino Unido, Alemanha, França, Japão etc.) se torna algo vago e apenas sugerido que uma agência da ONU, dilapidada por falta de recursos, além de ser reflexo das decisões tomadas por mais de 180 membros na sua Assembleia Geral, tenha algum poder efetivo;
Em terceiro, se a Suécia não adotou o lockdown e paga um preço por isso, é contrassensual dizer que a OMS trabalhou para forçar a economia mundial a parar quando o exemplo dado é de quem não seguiu isso e pagou um preço maior em mortes, que afetarão sua economia. Parece que o autor do post não leu e se leu, estava tão imbuído de dizer o que já pensava que não atentou para o fato de que a informação não corrobora sua conclusão;
Em quarto, que mereceria um comentário mais longo, se afirma que as quarentenas de nada adiantaram, pois a doença seguiu seu “curso natural”, ignorando, por conveniência, que onde seus resultados foram piores, para não dizer trágicos, foi justamente, como dito mais acima, onde se negou o crescimento exponencial das infecções e seu contágio.
Anselmo Heidrich
2 mai 2020

quinta-feira, março 19, 2020

Coronavírus e Hipocrisia: a lentidão dos diagnósticos clínicos e o "esquecimento" dos estudos científicos

Um novo estudo sobre o início do surto do novo coronavírus na China aponta que a maioria absoluta das infecções não foi detectada naquele momento, o que não só fez os casos de multiplicarem, mas espalhou o vírus pelo país.
Os autores da pesquisa concluíram que, antes de 23 de janeiro, apenas 14% dos pacientes contaminados foram identificados e que os 86% não detectados foram a fonte de infecção de 79% dos casos confirmados de Sars-Cov-2, como é chamado oficialmente este vírus.
O estudo, realizado por cientistas da China, do Reino Unido e dos Estados Unidos e publicado na revista Science, aponta que os casos não documentados apresentavam sintomas leves ou eram assintomáticos e, por isso, não eram detectados pela vigilância em saúde.
CORONAVÍRUS: LENTIDÃO INICIAL EM DIAGNÓSTICOS FACILITOU DISSEMINAÇÃO DE VÍRUS NA CHINA, DIZ ESTUDO – BBC NEWS BRASIL
Mas o mago do Spotniks acha que a China, ou melhor, o Partido Comunista Chinês foi o RESPONSÁVEL PELA PANDEMIA, como se qualquer outro país com a estrutura que tem, pudesse conter algo assim.
Vejam aqui o que eu recebi:
É um estudo da Sociedade Americana de Microbiologia de 2007, ou seja, os americanos já sabiam algo sobre isto, e não era uma mera denúncia. Se cabe responsabilizar a China, por que também não os EUA? “Por que seria “imperialismo” interferir na condução da política interna de outro país”, me disseram. Pois então por que o mesmo não se dá quando interferem na política cambial de outro país, como a China, através da pressão econômica, elevando tarifas de importação? Ou quando bloqueiam não só seus cidadãos de exportarem produtos para países como Cuba ou Irã, por conta de suas políticas externa e interna e de segurança e defesa? Ou quando o próprio Trump, diretamente, intervém na política externa, de forma legal, tentando incentivar a Finlândia, através da Nokia, a desenvolver o 5G para barrar o avanço e monopólio chinês ou, de forma claramente inconstitucional, chantageando o presidente ucraniano para que investigue o filho de seu principal opositor político, Joe Biden, com o objetivo de prejudicá-lo nas eleições em 2022? Aí não contam a interferência, a intervenção e o “imperialismo”.
Sinto muito, isto não tem lógica. Se a própria Associação Americana de Microbiologia tinha conhecimento do fato e o governo americano não atentou para o enorme risco, foi de uma incompetência atroz. Vidas em risco, caso seja somente este o argumento, também são ativos econômicos e suas perdas, custarão muito aos mercados, como já está ocorrendo.
Está na hora de dar um basta aos desmandos do Partido Comunista Chinês, mas não com gritinhos no plenário, assim como já está na hora de alguém dizer à Trump “you’re fired!”
Anselmo Heidrich
19 mar. 2020

terça-feira, março 17, 2020

Rodrigo Silva (Spotniks) e seu Viés de Seleção

CIÊNCIA É ALGO QUE SE CONSTRÓI COM TESTES DE VÁRIAS HIPÓTESES ATÉ QUE UMA EXPLICAÇÃO RAZOÁVEL SE ESTABELEÇA E RESISTA. ACOMPANHEMOS ESTE RACIOCÍNIO:



Mais uma confusão entre correlação e causalidade. Neste artigo, comento a confusão de um liberal sobre a pandemia e a repressão política, que se explica por um raciocínio viciado que não sabe separar os fenômenos.

Leram direitinho? Ok, agora minha análise:
Bem… O que eu acho disso, Rodrigo da Silva fala de um assunto, mas inicia sua ‘thread’ sobre outro assunto. Ele inicia, textualmente, escrevendo que a “culpa pela pandemia do Coronavírus no munto tem nome e sobrenome. É o Partido Comunista Chinês”, mas ao longo do texto se vê que ele não fala absolutamente nada das condições sanitárias e microbiológicas (com os vídeos do Átila, do canal Nerdologia). Ou seja, ele está falando (acertadamente) de como o governo chinês escondeu informações importantes, o que é diferente de explicar as razões do surgimento da epidemia (que depois virou pandemia).
A China é um celeiro de doenças, a própria Peste Bubônica (“peste negra”) começou lá e numa época ainda distante do que seria o comunismo. Se há algo que se liga ao surgimento dessas epidemias é o tradicionalismo e não há nada que ligue, a priori, o hábito de comer animais silvestres e a falta de higienização com o comunismo. Acho que no afã de criticar o comunismo, o Rodrigo misturou alhos com bugalhos. Realmente, a falta de informação pesou e pesará, mas as doenças não são produto do comunismo.
Veja esta matéria do The Atlantic, mostrando como Trump desdenhou da pandemia para depois aceitá-la e se desdizer, mentindo que sempre soube que se tratava de algo grave (diferente do nosso asno eleito):
Agora o meu ponto: se o raciocínio do Rodrigo Silva, de que o Partido Comunista Chinês foi o responsável pela pandemia for correto, então, o liberalismo americano também é menos eficaz que o sistema capitalista da Coreia do Sul, pois lá, com um sistema de saúde público mais estatizado que o americano, a cobertura de exames preventivos chega a 130 vezes o que se faz nos EUA, com um PIB muito maior. Ou seja, usando a mesma lógica do Rodrigo, fazendo este link sitema-doença, então é possível se dizer que o sistema público de saúde é mais eficaz que planos privados.
Reitero que a parte do que concordo com ele é sobre a falta de trasnparência do sistema, a repressão do partido comunista, mas não que ele seja um causador da pandemia.


O que o Rodrigo da Silva fez foi o que chamamos de “viés de seleção”, ele selecionou dados que lhe interessavam para justificar sua tese. Ele buscou os casos políticos de repressão, mas ignorou o histórico de saúde pública que antecede o sistema que quis criticar.