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quinta-feira, maio 09, 2019

Por que as escolas militares são melhores do que as normais?

Minha resposta a Por que escolas militares são melhores que escolas normais? https://pt.quora.com/Por-que-escolas-militares-s%25C3%25A3o-melhores-que-escolas-normais/answer/Anselmo-Heidrich?srid=n4EX2
A resposta é simples: disciplina. As pessoas contestam dizendo que não é preciso ter disciplina militar para gerir um bom sistema de educação. É verdade, mas a questão não é essa, o problema não é que as escolas militares têm uma disciplina rígida, o problema real é que as escolas civis (públicas e privadas), regra geral, não tem nenhuma disciplina
E não adianta vir aqui com afirmações de pedagogos, assistentes, administradores ou até professores que não têm autocrítica, basta visitar as escolas sem anunciar para ver que professores que querem dar aula (ao contrário de muitos) não conseguem faze-lo sem gastar 15 minutos ou mais chamando atenção de seus alunos. Este não é um fenômeno só brasileiro, pode se observar mundialmente, mas o fato de termos uma epidemia de indisciplina em nossas escolas se explica pela confusão conceitual de tratar ensino e currículo como educação. Não são, são coisas bem diferentes, embora complementares. 
Leve teu filho a um curso de artes marciais e se surpreenda que os seus professores gastam minutos explicando conceitos de convivência para que os alunos não se transformem em meros pit-boys querendo sair batendo nos outros nas ruas, que defesa pessoal compreende um conjunto de valores de respeito aos outros. Professor de verdade professa verdades. Isto é fundamentalmente diferente do conceito pobre de instrutor de ensino criado por pedagogos para retirar poder do professor e que agradou aos políticos e legisladores que no passado viram aí uma fonte de economia de recursos… 
Como? Sim, exatamente. Quando os alunos não sofrem sanções pelo comportamento inadequado, como suspensões e, no limite, expulsões acabam sendo inseridos em um programa de “Progressão Continuada” (já ouviram falar? também conhecida como “aprovação automática”) no qual, exceto em raríssimos casos, não repetem de ano. Ou seja, o sistema criado ao longo dos anos por leis educacionais que não têm nada de educativas levou os professores militantes de utopias pedagógicas a acreditar que assim os alunos tomariam consciência. Ora! Como se conscientiza um aluno que é premiado pelo mau comportamento ao passar de série ou ano sem fazer nenhum esforço como o bom aluno? E como você acha que esse bom aluno seguirá se esforçando ao ver que os mal comportados, indisciplinados e vadios têm o mesmo resultado positivo? 
Caro, quem tem que “tomar consciência” somos nós. Só reconhecendo este cenário é que vai se compreender porque os resultados e indicadores dos alunos brasileiros em matemática e português são tão baixos. Erroneamente, nossos analistas e pesquisadores veem a ponta do iceberg e daí, seu titanic governamental já afundou. Em se tratando de escola pública, o MEC não dá conta, as secretarias de ensino estaduais e, principalmente, as municipais é que têm de fazer o serviço com regras próprias. Paralelamente a isso, as escolas privadas também podem absorver alunos carentes com vouchers, ao mesmo tempo que suprimem a legislação anacrônica do MEC e do ECA, verdadeiros atrasos para quem quer que o sistema realmente funcione. 
Com medidas assim, talvez levemos duas décadas ou menos para começarmos a ver bons resultados em escolas privadas e públicas, para alunos de diferentes faixas de renda sem que caiamos mais no discurso enganador de que “não dá para lutar com isso porque as ‘condições sociais’ não permitem”. Essa conversinha é de sindicalista que acha que aumentar salário resolve a “crise na educação”. Cascata! Esse é o mesmo raciocínio de quem acha que aumentar salário de funcionário corrupto acaba com a corrupção crônica. Sem disciplina e sanções adequadas, nada vai para a frente.
Anselmo Heidrich


9 mai. 19

terça-feira, abril 09, 2019

Educação de verdade é o contrário do que dizem os especialistas


Matéria da @bbcbrasil intitutlada “5 questões urgentes da educação brasileira que o novo ministro Abraham Weintraub vai enfrentar” de Paula Adamo Idoeta — @paulaidoeta — é mais uma daquelas provas de que quando falam ou discutem sobre “educação”, geralmente, não tocam em nada urgente, fundamental ou difícil. Vou, ponto por ponto…
A primeira delas, segundo a BBC:
1. Modelo de financiamento está prestes a expirar
O fundo federal de 150 bilhões por ano tem prazo para acabar, em 2020 e é responsável pelo sustento de mais de 180 milhões de matrículas.
Sinceramente, alguém acha que isto não vai ser extendido ou ampliado? Agora, a questão que não é contemplada, este é o melhor modelo que conseguimos obter? Ficar refém dos humores do Congresso e a aprovação de projetos e emendas, cujo teor sequer deveria ser questionado é ridículo. Já, o método de execução e implementação dos recursos sim, mas isto, ao que eu saiba, não é cogitado.
Outra questão não menos importante é discutir a reforma tributária incluindo estes repasses, pois ao invés de tributar e recolher recursos dos estados e municípios para ir para Brasília para depois retornar através de fundos como o FUNDEB — Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica -, o melhor seria que nem saíssem de onde foram gerados. Este é o ponto, a descentralização tem que ser em todos os sentidos, inclusive administrativa e fiscal.
Agora, as questões propriamente pedagógicas…
2. Colocar em prática a Base Curricular
Em primeiro lugar dizer que isto foi “imposto pela gestão Temer” é para eximir a responsabilidade das gestões petistas, uma vez que este monstrengo foi criado no período de ministério de Renato Janine, ainda no Governo Dilma.
Para quem não sabe do que se trata, a BNCC — Base Nacional Curricular Comum -, sim, esse nome horroroso é, basicamente, um currículo comum a ser aplicado nacionalmente. Vejam, das duas uma, ou tu assumes o princípio de que o país é o quinto maior do mundo em extensão e população e tem um quadro social e cultural extremamente diverso, não sendo recomendado homogeneizar o ensino ou parte do princípio de que se quer formar um currículo comum assumindo que seja fundamental a todos. Para mim é óbvio que português e matemática seriam isto e já estaria de bom tamanho, sem que seja necessário reformular o ensino de história, geografia e ciências. E lendo em detalhe as propostas já enviadas no período do governo Dilma fica claro porque o apreço por este lixo teórico: ideologização pura e simples, na qual o ensino de história perde os assuntos relativos à Europa para dar primazia ao pouco que se sabe da África e inventar história, isto mesmo, baseada na mitologia ameríndia. Feito isto durante 25 anos tu já tens um exército de indivíduos amestrados prontos para venezuelizar o Brasil varonil. Isto sem falar no estelionato pedagógico da ideologia de gênero igualmente contemplada.
Agora algo que valeria muito a pena:
3. Dar rumo à reforma do ensino médio
Esta foi uma excelente proposta, essa sim do Gov. Temer, de criar especialidades, Humanas, Exatas e Biológicas no Ensino Médio, para as quais se concentrariam os estudantes. Mas, não foi basicamente por falta de recursos como está nos comentários de “especialistas”, mas sim por falta de pessoal (professores) qualificados. Tanto que o projeto procurava regularizar algo que já existe, a legalização/regulamentação de professores que não possuem o título formal dessa especialidade.
Outro dado não contemplado nos comentários da matéria é que boa parte da rejeição veio da militância petista, psicopata claro, que rejeitou o projeto por não ser de origem petista, uma vez que Dilma já havia sido impichada. E também por aquela massa acéfala de professores que acham que tudo em termos de educação se resume à maiores salários e flexibilização no ensino de modo que a aula fique mais criativa, de acordo com suas predileções políticas e menos rigorosa em termos científicos.
Eu acho o próximo tema importantíssimo, mas é geralmente o de pior análise e tratamento:
4. Formação de professores
Em primeiro lugar, não existe esta cisão entre “teoria” e “prática”, mas teoria errada, que não explica a realidade ou não parte da realidade. Os professores brasileiros sequer tem disciplinas de “resolução de conflitos”, coisa que qualquer RH leva em conta, mas não quem acha que ensinar, educar uma massa de crianças e jovens não sofra com isso. A questão disciplinar é SUMAMENTE IGNORADA.
Deixe-me fazer uma pergunta: se triplicarmos o salário de policiais corruptos, eles deixarão de ser corruptos? Não, né? Então por que, diabos, uma melhor formação não deve levar em conta pessoal novo para reciclar o pessoal que dificilmente vá deixar seus vícios de trabalho?
Assim como o Mais Médicos dificilmente leva pessoal à cidades sem infraestrutura só pelo salário, não bastam melhores salários sem condições adequadas e qualquer um que saiba o que é uma escola, principalmente pública, mas não somente, as privadas também sabe que sem DISCIPLINA, esquece. Ponha a pedagogia que for, o método que for, tudo, grana, tudo, nada funcionará.
Se atribui muita importância ao Enem e ele é um problema em si, não uma solução:
5. Enem, prova de alfabetização e demais avaliações a perigo
Assim como a BNCC, as avaliações não deveriam ser centralizadas. Vestibulares isolados, como eram no passado, tinham excelente qualidade e eram muitíssimos mais rigorosos exigindo que o mérito fosse individual e não por questões étnicas, sexuais ou outras quaisquer que só subsistem rebaixando o nível de ensino e sua exigência.
Compartilhem.
Anselmo Heidrich
9 abr. 19
Em tempo: @bbcbrasil vejamos isto aqui “Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que o Brasil tem a tradição de ‘nomear ministros homens acadêmicos que não entendem de Pedagogia ou de políticas para a educação básica’”
E… DESDE quando pedagogia não é preocupação sumamente acadêmica? Quais teorias pedagógicas se aplicam, OU MELHOR, são úteis e eficazes no ambiente escolar?
Eu, com mais de 25 anos de sala de aula, tendo ministrado aulas no ensino fundamental, médio, superior, pré-vestibular vos afirmo: praticamente NENHUMA.

quinta-feira, outubro 04, 2018

Militares e Skatistas

 faz um tempo vi uns garotos com uniforme da escola da polícia militar aqui de Florianópolis saindo de seu turno e rumando em direção ao ponto de ônibus. Nada me chamaria atenção, não fosse o fato de que um deles estava segurando um skate. Quando vi aquilo, algo arranhou no meu cérebro, como uma agulha no disco sujo. Parecia não combinar… Mas, ÊI! Que idiota! E por que não?! Isso, por quê? Por que diabos um garoto que estuda em uma das melhores escolas de Florianópolis não pode, em seu tempo livre, andar de skate? E cá entre nós, qual corôa não tem inveja de poder fazer aqueles malabarismos? Eu, pelo menos, tenho.
Daí me vi em um preconceito idiota, do qual muitos de nós nutre em relação aos chamados “lugares da sociedade”. E não é a toa que muitas vezes nos damos mal, justamente, por causa disto… “Ele parecia tão honesto, bem vestido(sic), não pensei que fosse assaltar” ou pior, “ele me tratou tão bem no início, achei que seríamos um casal feliz até que um dia me bateu e depois quando não quis transar com ele, me estuprou”. Quem já não ouviu uma história similar, talvez com menor grau de violência e agressividade, mas de alguém que se enganou porque se baseou numa imagem preconcebida, o que chamamos de estereótipo? E creiam-me, isto é o que mais tem. Lembro-me quando tinha cabelo comprido e barba e as catracas “eletrônicas” misteriosamente travavam para mim, mas depois com o cabelo curto e barba feita, até ganhava alguns olhares simpáticos. O que verdade seja dita, não me tornava menos rabugento.
Agora me lembrei de quando dava aula em um cursinho na cidade de Lorena, SP, no chamado Vale do Paraíba, cidade no caminho do Rio de Janeiro ao longo da Rodovia Presidente Dutra. Eu chegava na cidade domingo a noite para começar no dia seguinte, pela manhã e os proprietários do curso construíram um “puxadinho” ao lado da secretaria onde enfiaram uns beliches professores-itinerantes como eu dormirmos. Como o vigia trabalhava em mais de um emprego combinamos com ele de pularmos muro, não precisando mais acordá-lo. Eu fazia isto há meses até que um dia, um professor novo de matemática, cujo apelido era “Grego” porque gostava da matéria desde criança fez o mesmo só que daí, a polícia veio. Detalhe, ele era negro e devia ter seus 1,90m. Não tenho como provar, mas tá na cara que o critério utilizado por quem o viu pular e acionou a polícia foi algo que me eximia de culpa previamente tendo feito a mesma coisa que era pular o muro. Essas relações ainda são marcadas no Brasil por imagens que as pessoas têm de raça, religião, sexo etc. e reconhecer isto não me torna um “esquerdista”, assim como desdenhar disto não me torna um “direitista”, apenas um ignorante.
Quando conversamos sobre o que as pessoas esperam das outras, a melhor e mais óbvia forma é conhecer o trabalho delas, isto é, não por suas palavras, afinal, como diz o Dr. House “todo mundo mente”, consciente ou inconscientemente. Observar o trabalho dos outros é analisar como agem e isto para mim já diz muito sobre como deveríamos ver o trabalho das escolas militares, não pelo que imaginamos de seu ensino, mas pelos seus resultados. Resultados estes não só nas notas ou aprovações de seus alunos em cursos superiores, mas a própria conduta desses jovens, muitos dos quais não seguirão carreiras militares, mas se tornam já durante seus períodos de estudo, cidadãos melhores.
O mais importante nisto tudo é ter opções e para as periferias urbanas coalhadas de agentes da violência, este tipo de escola lhes oferece algo escasso, o senso de disciplina e responsabilidade. Se o sujeito não se adaptar, achar “opressivo” ou algo do gênero é simples: basta sair e escolher outro tipo de escola. Mas o que não se pode é eliminar a chance de oferecer isto a quem mais precisa, simplesmente porque se nutre um preconceito tolo.
Mas nosso país está pleno de gente ignorante em cargos-chave. Não sei se o Brasil é mais prejudicado pelos bandidos ou pelos burros. Só para ilustrar o que digo, eu vi a Marina dizer que quer criar uma bolsa, para aqueles estudantes beneficiários do Bolsa-Família, ou seja, que já são beneficiados por uma bolsa para NÃO ABANDONAREM A ESCOLA! Ela está partindo da premissa que o sujeito abandona para ir trabalhar! Nada mais falso! Abandona de vagabundo mesmo, pelo fato de ganhar tudo sem fazer nenhum esforço! A escola pública já é, por si só uma bolsa de estudos, será que não se tocou?! Essa mulher, que ainda bem despenca nas pesquisas é o tipo de político sem pés na realidade que inventa moda e acaba por incentivar a perda moral.
Já li muitas das propostas dos presidenciáveis para a Educação e, sinceramente, não é com ensino integral, sala de informática, métodos inovadores, crédito para educação (que só beneficiam poucos que já cumpriram o ensino básico) ou outra coisa que irão revolucionar a educação brasileira, mas sim com português e matemática e DISCIPLINA para conseguir passar aqueles conteúdos básicos, básicos, básicos. Depois disto é que virão outras medidas, aliás, bem vindas. Enquanto políticos de carreira prometem algo que erra o alvo do PRINCIPAL PROBLEMA, um procurador de Mato Grosso do Sul criou uma das leis mais realistas do país, a chamada Lei Harfouche que penaliza delinquentes com medidas alternativas, mas que não os deixa sob o manto hipócrita da impunidade. E lamento muito seu desconhecimento até mesmo por aliados, cujo fogo deveria ser lançado contra aqueles que atentam contra os contratos sociais como pela necessidade de respeito em sala de aula. Mesmo economistas liberais, famosos, professores do Insper, coisa e tal que se metem a falar de educação ignoram, SOLENEMENTE, este aspecto. Eu sei, com conhecimento de causa porque já os indaguei sobre isto e tudo que vi foi descaso, desdém e ignorância sem vontade de conhecer, tipo “como eu não sei nada sobre isso prefiro ignorar”. Então, meu caro, vá, vá com deus para o teu inferno.
É isso meus caros, então a escola militar hoje em dia, nada mais é do que aquela velha escola pública que eu, décadas atrás tive, com um mínimo de regras observadas que permitia a execução da aula pelo professor. E o jeito que é hoje em dia, que tipo de professor sobrevive e se dá bem? O VAGABUNDO, aquele adorado no início e detestado depois porque permite tudo e não ensina NADA. É contra isso que me insurjo, essa auto-enganação que vivemos no país, de que tudo se dá um jeitinho e as reformas simples e necessárias, cujas medidas não são difíceis de entender, são adiadas.
Em algum ponto da história, nós civis perdemos o rumo. Precisamos reaprender como se faz e nada melhor do que ter humildade e perguntar COMO para quem sabe fazer.
Anselmo Heidrich
04–10–2018

sábado, agosto 11, 2012