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segunda-feira, setembro 24, 2018

Porque eu voto no NOVO (I): o caso do Rio de Janeiro


O vídeo falando sobre o Rio de Janeiro[ https://youtu.be/KSlldPjri9g ] é muito bom, mas a questão é que existe um ‘antes’. Sempre existe um ANTES.
O vídeo em questão faz referência aos problemas do Rio como tendo iniciado com o Brizolismo e lá lá atrás com seu precursor nacional, Getúlio Vargas. Ok, o populismo, o caudilhismo, o comunismo etc. são realmente um problema, ninguém nega isto, mas eu me pergunto POR QUE algumas ideologias têm campo fértil em alguns ‘terrenos políticos’ e não em outros? Por que algumas sociedades funcionam como solo fértil para elas e não outras?
A questão subjacente é que nossas elites econômicas não funcionam como elites intelectuais. Explico-me, elas não anteveem os problemas e não guiam a sociedade em direção às soluções. Não apresentam paradigmas sustentáveis politicamente. Dito de outra forma, qual era o modelo de cidade e estado que as elites fluminenses queriam? Eu desconheço. Daí, a pobreza crescente com a desigualdade sendo eleita como um problema maior (o que discordo) se tornam o combustível perfeito para líderes populistas traçarem seus planos de concentração de poder.
Imagine que até haja algum político bem intencionado, mais ao nível da militância, ele logo passa a perceber que terá que concentrar poder para desenvolver seus planos de distribuição de renda e, em nível retórico e ideológico toda demonização de quem for bem sucedido será a regra de praxe. A divisão de classes ou de estamentos (pensando em serviços públicos) logo será sedimentada por uma divisão ideológica, que fornecerá mais combustível às mentes daqueles que veem no líder (de direita, no passado, de esquerda, no presente) seu ‘salvador’. E nessa toada que nós vamos na América Latina, ora com um salvador-caudilho de esquerda, ora com outro de direita. Mas as bases sociais para tanto continuam as mesmas, as relações de dependência continuam iguais.
Mas há sinais de mudança? Sim, e a mudança está representada aqui no Brasil pelos think tanks liberais que desembocaram no apoio maciço à criação do Partido Novo. Esta é a novidade e real mudança. Só para os direitistas amestrados, o Novo por encarar o problema da pobreza e não ficar só batendo como um psicopata em qualquer estereótipo de esquerda parece ser uma “nova esquerda”. Na verdade, o Novo não foge dos problemas e o sentido de adotar o liberalismo não é só acabar com a pobreza, mas acabar do JEITO CERTO. De um jeito que o próprio pobre consiga se reconstituir e acertar o passo gerando uma reação em cadeia através de suas interações. Claro que para isso, um partido político é necessário para diminuir, o mais possível, o tamanho do estado.
Se algum de nós, por razões estratégicas tiver que votar em alguém ruim para conter algo muito pior saibam, portanto, que se trata de uma contingência, mas que mesmo assim, não nos fará entusiastas e estaremos de olho prontos para rejeitar qualquer culto à personalidade que faz com que outros crimes sejam cometidos. Não é porque um sujeito X combate uma máfia Y que toda e qualquer ação cometida por ele receberá uma carta em branco. Não funciona assim. Nossa ligação é com princípios e não com mitos.
E ainda não estou bem certo de apoiar ninguém que fuja do que acredito. Veremos em cima da hora como fica.

Anselmo Heidrich
24–09–2018

terça-feira, fevereiro 13, 2018

O Rio de Janeiro e o Brasil


Sempre enojei a ideia de que o Rio de Janeiro representasse bem o Brasil, não por ser o Rio, que tem lá suas belezas, assim como qualquer parte deste país gigante, mas pela ideia de caracterizar, resumir, dar uma ideia que seja de algo tão diversificado que é o Brasil. Mas confesso que depois dos últimos acontecimentos neste estado tenho que rever minha opinião.
O domínio crescente do tráfico na cidade, ao ponto de enclausurá-la numa concha partida e aberta, um anfiteatro que convida ao domínio que é o seu sítio morfológico quase me convence de que geografia é destino. Mas não é, é possibilidade… A maioria das cidades do mundo, notadamente as que apresentam significativa desigualdade socioeconômica, a elite sobe o morro e a plebe desce. No Rio é o contrário, exatamente o contrário. E não se deixem enganar, isto diz muito sobre o ecossistema carioca. Ao invés de divisão e cisão, nós temos lá uma simbiose.
Recentemente estenderam uma faixa ameaçando o STF, caso Lula fosse preso de que “o morro ia descer”. Essa eu pagaria para ver. Não só não desce, como fica mais escondidinho dando suas caras espasmodicamente, como todo bom estudante de guerrilha sabe que tem que ser feito. Um confronto direto obrigaria a uma luta que o tráfico não tem condições de peitar, caso as Forças Armadas sejam acionadas. E a polícia vai ter que mostrar suas diferentes bandas para depois rachar, se é que me entendem.
Quando uma escola de samba dança ao som de batuques e letras acusando um governo não é preciso ser nenhum psicólogo ou investigador amador para saber que aquele que não foi citado é o real problema. Perguntam nos bons policiais “onde estava o cavalo branco na cena do crime?” Qual cavalo? Aquela prova que tu não viu porque não imaginou que tivesse relação. A questão é qual “cavalo” a Tuiuti esconde? Ou melhor dito, qual “sapo barbudo” ela finge que não coaxa em seus ouvidos sujos pelo ruído de caixas registradoras. Ah! Esqueci! Como sou ingênuo de achar que isto é computado, ainda mais em tempos que o Caixa 2 não pode mais ser considerado crime, que consumir psicotrópicos também não, exceto se for uma determinada quantidade que exceda o que for, subjetivamente, considerado suficiente para sua satisfação garantida. A plateia sorridente nos camarotes que o diga, afinal pagou caro pelo espetáculo de ilusionismo e frenesi que os transformaram e figurantes com embalagem de bombom de algum episódio de Walking Dead.
Assim garantiria Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista se fizesse um enredo de escola de samba. Acusemos os sucessores cortando com um machado da retórica e lírica pobre envoltas por uma batucada dionisiacamente anestésica que houve um antes, uma causalidade, algo que começou tudo isso e que a responsabilidade individual pela recessão, desemprego e inflação mencionadas na passarela começaram com os mesmos dedos que elegeram Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer. Triste filme de terror em que lembram do Vampiro do Planalto, mas esquecem da Noiva Frankenstein com doutorado feito da mesma forma que o experimento que lhe deu origem. Amor demais… “Sou Milton, seu monstrinho querido…”
Gostaria de ver aquela porcaria que mantém a economia subterrânea da “cidade maravilhosa” legalizada para que trôpegos eleitores de Freixos seguissem livres na sua busca interior até que a luz os atingisse em uma overdose de auto-revelação, mas em um quarto fechado. O problema não é sua busca química por êxtase, mas sim algum externalidade ingrata, seja no volante de um veículo, seja com uma arma ilegal em mãos, já que as legalmente adquiridas têm o porte proibido para a maioria dos que sustentam a farra de políticos, estudantes e carnavalescos.
Como eu já disse, eu sempre fui contra a ideia simplista de resumir o Brasil, assim como eu também sempre fui contra a secessão de outros estados e regiões do Brasil, mas sinceramente, eu começo a me cansar.

Anselmo Heidrich


quarta-feira, setembro 23, 2015

Os bárbaros vão à praia


 
Retratar 'arrastões' como conflito de classes ou o que é pior, de raças, realmente não capta toda diversidade da situação e por diversidade se entende fatos e dados que fogem ao enquadramento de teorias tradicionais de corte marxista ou racial (Imagem: blackwomenofbrazil.co).


Com relação aos recentes ataques, os chamados “arrastões”, aos banhistas no Rio de Janeiro é correto dizer que "os pobres vão à praia"? Sinceramente, a questão aí não é renda, não mesmo, mas modo (ou moda), que não se refere exclusivamente à vestimenta. Lembram-se dos rolezinhos? Pois é, o que aconteceu? Agora, alguém acha que o pobre deixou de ir ao shopping paulistano? Não, não mesmo, eles ainda estão lá, anônimos, mas com seus tênis de marca ou imitando marcas famosas e desejadas. A questão não é a renda do sujeito, mas o comportamento de grupo, ameaçador, exatamente isto. Não é classe contra classe, mas gangue contra indivíduo e a 'elite', tida como tal que se veste um pouco melhor, entendendo isto como algo mais caro simplesmente, reagirá da mesma forma, criando ou organizando gangues.[1] Ação e reação, análogo aquela que hoje vemos na nossa cultura política, na qual um partido que sempre se manifestou com ódio através de sua militância ensejou a criação de um sem número de movimentos e organização e páginas de internet que lhe devotam o mesmo ódio com juros. Aí no Rio de Janeiro, esta cizânia parece ter nítidas cores raciais quando se leva em conta o fator geográfico, “a favela contra o asfalto”, mas aqui em Santa Catarina, não... Em primeiro lugar porque aqui os pobres, na sua imensa maioria, também são brancos; em segundo porque não há uma causalidade exata pobreza/crime. Faz alguns dias, minha mulher acompanhada de nossos dois filhos entrou no drive thru de uma lanchonete fast food e atrás de seu carro, um outro veículo entrou em uma vaga apertada, mas o motorista estacionou mal e atrás dele outro, mais impaciente buzinou para entrar ao lado. Logo, o motorista do primeiro carro pediu tempo porque precisava tirar uma criança de uns 5 anos de dentro e, para qualquer um que seja pai, sabe como é difícil desamarrar crianças de cadeiras próprias, ainda mais quando um dos outros passageiros é um senhor de idade que também tem lá suas dificuldades. O motorista do carro que estava fora da vaga buzinou insistentemente e começou uma discussão, que logo partiu para as vias de fato. A mulher que acompanhava o 2º motorista saiu e começou a filmar a cena com seu celular, ao passo que o senhor de idade que parecia avô da criança do 1º carro dirigiu-se à mulher e a chutou para depois sair correndo com a criança pelo braço visivelmente nervosa balançando o outro bracinho. Minha mulher já tinha ligado para a polícia e não conseguia sair de perto da confusão, pois estava presa na fila e apavorada porque a garota com o 2º lutador lhe disse para não ir ao porta-malas "não, não no porta malas não"... Pelo visto deveria haver algum tipo de arma ali. Beleza. Bairro nobre...
Outro dia, ela foi ao centro evitando obras do norte da ilha (de Santa Catarina), no que arriscou ir pela Lagoa, no que tem que passar por uma estrada pouco utilizada, i.e., um campo perfeito para assaltos. Nisto, um carro lhe tirou um fininho e freava constantemente para fazê-la parar. Ela conseguiu sair dessa situação ao deixar outro carro lhe ultrapassar e ver o veículo ameaçador quase derrubar uma moto quando perdia o controle da direção. Detalhe: eles realmente escolheram-na para ameaçar, pois não perseguiam outros carros, mas reduziam para continuar o jogo de freada constante, quando ela se aproximou tentando ultrapassá-los novamente. Eles só fugiram quando a viram os filmando para pouco depois aparecerem duas viaturas correndo. Provavelmente já eram procurados por esta 'diversão'. Eu soube disto ontem, o que foi suficiente para estragar meu dia e me deixar mais paranoico com relação à segurança.
Vez que outra percebo homens da minha idade de cerca de 50 anos ou próximo disto comentando sobre lutinhas ou brigas de moleques, eles com suas barrigas de chopp, como se o prêmio por sua existência mofada fosse sentar no sofá fedorento assistindo UFC e bebendo sua cerveja aguada no fim do dia. Nada contra defesa pessoal, muito pelo contrário, mas o comportamento de quem põe um adesivo de jiu jitsu no vidro do carro é semelhante ao de quem fala que "comeu não sei quantas mulheres", mas se limita à várias masturbações diárias em sua solitude.
Às vezes penso em fazer campanha para o Bolsonaro, mas a saída nunca é de cima para baixo. Cada vez mais acredito que a guerra é cultural, de falar, falar e falar, expor com técnicas inteligentes na rede o ridículo da situação. Evidenciando quão patético tudo isto é, talvez em 10 anos tenhamos gente de melhor estirpe habitando nossas urbes. Sabe... Não que isto seja uma causa, mas a ausência de calçadas e praças são sintomas de falta de zelo e respeito de nós para nós mesmos. Assim como vagas apertadas não provocam brigas tolas de apressados no fast food, mas são consequência de quem não percebeu como cativar o cliente como consumidor fiel, apenas alguém que passe, leve o lanche sem se afeiçoar ao local. Cativar o cliente depende de gentileza, assim como querer andar nas ruas também. Qual a vontade de ir a um estádio de futebol se é um risco para sua família? Vivemos por acaso em um estado de topor e idiotia para não percebermos com isto nos afeta econômica e socialmente?[2] Para usar uma imagem conhecida, porém perfeita, o que estamos criando é uma multidão solitária.




[1] Após onda de arrastão, moradores prometem vingança nas redes - EXAME.com http://exame.abril.com.br//brasil/noticias/apos-onda-de-arrastao-moradores-prometem-vinganca-nas-redes via @exame_com. Acesso em 24 set. 15.
[2] O fator hostilidade - Sulconnection http://www.sulconnection.com.br/blog/gaucho-no-texas/91/o-fator-hostilidade via @sulconnection. Acesso em 24 set. 15.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Só a natureza, esqueça a cidade

Eh eh, excelente. O caso é o mesmíssimo acerca de Florianópolis, cujos bairros mais afastados são simplesmente ignorados do turismo e marketing. Agora, o que eu me surpreendo é o seguinte, com tudo isto que temos, geograficamente falando, por que é tão difícil civilizar-se, compreendendo este verbo como relacionado à cidade mesmo? Não é culpa ou responsabilidade exclusiva de governos, não. Nosso mercado, e isto inclui cidadãos, consumidores etc. simplesmente não liga. Tome a Lagoa da Conceição em Florianópolis como exemplo: linda, mas cada vez mais não passa de um esgoto a céu aberto. Ou seja, deliberadamente optamos por um sentido, a visão, em detrimento explícito de outro, o olfato. Neste sentido, somos felizes enquanto brasileiros porque limitados sensorialmente. 

Belo blog!

Pedra do Leme: Elizabeth Bishop - Rio de Janeiro, bonito só por natureza

domingo, novembro 13, 2011

Nem vem que não tem, Nem



Acabou a era da ingenuidade. Não haverá fim mesmo se não houver cultura avessa ao consumidor. Esse negócio de “perseguir o grande” e deixar a outra ponta livre não funciona.

 

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

99 não é 100


Acabo de assistir Wasteland (Lixo Estraordinário), documentário de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley sobre a vida dos catadores de material reciclável no maior aterro de lixo do mundo, Jardim Gramacho no Rio de Janeiro. Quando minha mulher me convidou para assisti-lo pensei “lá vai, mais um filme com olhar brasileiro terceiro-mundista sobre a vida dos ‘excluídos’ pela sociedade consumista insensível...” – Às vezes pode nos surpreender, ela me disse e estava certa. Não é um filme sobre a necessidade da reciclagem e os limites do crescimento econômico como estamos acostumados a ver idéias divulgadas por aí, é muito mais do que isto, é um documentário sobre a esperança e, principalmente, como o associativismo civil pode suplantar as maiores limitações que somos acometidos quando negamos a capacidade criativa de nossa vontade. Em determinado momento, em cima dos andaimes do estúdio, o artista plástico Vik Muniz, quem trabalhou com os coletadores de material no lixão diz, se não me falha a memória, que se sua família também tivesse sofrido algum percalço e ele não conseguisse ascender de sua condição de classe média baixa brasileira indo parar ali, não desperdiçaria a chance de participar de um projeto desses para fazer algo diferente, mesmo que depois voltasse a sua condição anterior. E é bem isto, os participantes conseguiram realizar uma obra coletiva fantástica e vender um de seus quadros em um leilão em Londres auferindo R$ 100.000,00 revertidos em negócios como alimentos, escola, biblioteca e sua associação profissional.