Escute o episódio mais novo do meu podcast: Crise na Educação vista pelo SIMPRO https://anchor.fm/anselmo-heidrich/episodes/Crise-na-Educao-vista-pelo-SIMPRO-el602n
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sexta-feira, outubro 16, 2020
quinta-feira, maio 09, 2019
Você ainda tem esperança de que o Brasil se torne um país de excelência em saúde, educação e segurança nos próximos 30 anos?
Minha resposta a Você ainda tem esperança de que o Brasil se torne um país de excelência em saúde, educação e segurança nos próximos 30 anos? O que o leva a pensar assim?https://pt.quora.com/Voc%25C3%25AA-ainda-tem-esperan%25C3%25A7a-de-que-o-Brasil-se-torne-um-pa%25C3%25ADs-de-excel%25C3%25AAncia-em-sa%25C3%25BAde-educa%25C3%25A7%25C3%25A3o-e-seguran%25C3%25A7a-nos-pr%25C3%25B3ximos-30-anos-O-que-o-leva-a-pensar-assim/answer/Anselmo-Heidrich?srid=n4EX2
Tudo depende de ações de longo prazo e reformas estruturais, o problema é que isso passa pela ação política. P.ex., vivemos um momento histórico de transição, para uma economia mais livre, mas para tanto o Congresso, venal que temos, tem que agir cortando na carne, nem tanto dos parlamentares, mas de seus assessores e escalões inferiores do funcionalismo público de onde vem boa parte de seu apoio político através de ações clientelistas — troca de favores.
Neste ritmo de reformas lentas, graduais, de um passo para trás para conseguir dar dois para frente, espíritos revolucionários (tanto de Direita quanto de Esquerda) acham que nada mudará, mas se observarmos como uma simples reforma da previdência pode adiantar uma enorme quantia de recursos que pode ser investida na criação de infraestrutura (portos, estradas, aeroportos, redes de transmissão etc.) e consequente atração de investimentos (diretos e indiretos, em produção e meros investimentos especulativos), o cenário se modifica para quem observa.
A saúde é mais objetiva, pois seus indicadores são mais claros, é talvez o mais fácil de atingir, mas para isso, certos limites à expansão de serviços caros têm que ser estabelecidos (não dá para distribuir drogas caras em detrimento de leitos hospitalares, p.ex.); a segurança públicadepende de expedientes legais e tenho que dizer que precisamos reduzir a tendência jurídica chamada de “garantista” que dá muitos benefícios, na verdade, privilégios aos condenados que os permitem estabelecer redes de contato que estruturam o crime organizado. Paralelamente, a defesa individual precisa ser garantida. Não é possível que em um país com cerca de 60.000 homicídios ao ano ainda se questione o direito à defesa (armada) do cidadão; a área educacionalé a mais nebulosa porque o brasileiro mediano não a valoriza. Seja aluno de curso superior, que tem privilégios graças ao financiamento público para uma elite cursar a universidade ao pai de família da periferia urbana que acha que seu filho vai ganhar dinheiro e “fazer a vida” sem aquela “teoria chata” que “não serve para nada”. Isto se explica em parte porque o ensino técnico-profissionalizante do ensino médio foi abandonado e é neste nível de ensino que reside nosso buraco negro, em abandono e falta de direção pedagógica. Aliás, pedagogos são os responsáveis por criar teorias descoladas da realidade que pouco ou nada servem aos alunos. Se isto for questionado claramente, não vejo porque não nos tornarmos uma sociedade muito melhor em uma geração, cerca de 30 anos.
Anselmo Heidrich
9 mai. 19
9 mai. 19
Por que as escolas militares são melhores do que as normais?
Minha resposta a Por que escolas militares são melhores que escolas normais? https://pt.quora.com/Por-que-escolas-militares-s%25C3%25A3o-melhores-que-escolas-normais/answer/Anselmo-Heidrich?srid=n4EX2
A resposta é simples: disciplina. As pessoas contestam dizendo que não é preciso ter disciplina militar para gerir um bom sistema de educação. É verdade, mas a questão não é essa, o problema não é que as escolas militares têm uma disciplina rígida, o problema real é que as escolas civis (públicas e privadas), regra geral, não tem nenhuma disciplina.
E não adianta vir aqui com afirmações de pedagogos, assistentes, administradores ou até professores que não têm autocrítica, basta visitar as escolas sem anunciar para ver que professores que querem dar aula (ao contrário de muitos) não conseguem faze-lo sem gastar 15 minutos ou mais chamando atenção de seus alunos. Este não é um fenômeno só brasileiro, pode se observar mundialmente, mas o fato de termos uma epidemia de indisciplina em nossas escolas se explica pela confusão conceitual de tratar ensino e currículo como educação. Não são, são coisas bem diferentes, embora complementares.
Leve teu filho a um curso de artes marciais e se surpreenda que os seus professores gastam minutos explicando conceitos de convivência para que os alunos não se transformem em meros pit-boys querendo sair batendo nos outros nas ruas, que defesa pessoal compreende um conjunto de valores de respeito aos outros. Professor de verdade professa verdades. Isto é fundamentalmente diferente do conceito pobre de instrutor de ensino criado por pedagogos para retirar poder do professor e que agradou aos políticos e legisladores que no passado viram aí uma fonte de economia de recursos…
Como? Sim, exatamente. Quando os alunos não sofrem sanções pelo comportamento inadequado, como suspensões e, no limite, expulsões acabam sendo inseridos em um programa de “Progressão Continuada” (já ouviram falar? também conhecida como “aprovação automática”) no qual, exceto em raríssimos casos, não repetem de ano. Ou seja, o sistema criado ao longo dos anos por leis educacionais que não têm nada de educativas levou os professores militantes de utopias pedagógicas a acreditar que assim os alunos tomariam consciência. Ora! Como se conscientiza um aluno que é premiado pelo mau comportamento ao passar de série ou ano sem fazer nenhum esforço como o bom aluno? E como você acha que esse bom aluno seguirá se esforçando ao ver que os mal comportados, indisciplinados e vadios têm o mesmo resultado positivo?
Caro, quem tem que “tomar consciência” somos nós. Só reconhecendo este cenário é que vai se compreender porque os resultados e indicadores dos alunos brasileiros em matemática e português são tão baixos. Erroneamente, nossos analistas e pesquisadores veem a ponta do iceberg e daí, seu titanic governamental já afundou. Em se tratando de escola pública, o MEC não dá conta, as secretarias de ensino estaduais e, principalmente, as municipais é que têm de fazer o serviço com regras próprias. Paralelamente a isso, as escolas privadas também podem absorver alunos carentes com vouchers, ao mesmo tempo que suprimem a legislação anacrônica do MEC e do ECA, verdadeiros atrasos para quem quer que o sistema realmente funcione.
Com medidas assim, talvez levemos duas décadas ou menos para começarmos a ver bons resultados em escolas privadas e públicas, para alunos de diferentes faixas de renda sem que caiamos mais no discurso enganador de que “não dá para lutar com isso porque as ‘condições sociais’ não permitem”. Essa conversinha é de sindicalista que acha que aumentar salário resolve a “crise na educação”. Cascata! Esse é o mesmo raciocínio de quem acha que aumentar salário de funcionário corrupto acaba com a corrupção crônica. Sem disciplina e sanções adequadas, nada vai para a frente.
Anselmo Heidrich
9 mai. 19
segunda-feira, abril 29, 2019
"Cursos Livres" não são submetidos à legislação do MEC
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Fonte: O Globo |
Bolsonaro divulga vídeo de aluna que filmou professora em aulahttps://oglobo.globo.com/sociedade/bolsonaro-divulga-video-de-aluna-que-filmou-professora-em-aula-23628113?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar
Se se tratar de um curso privado, seja ele preparatório para vestibular ou concurso público, a denúncia da aluna deve se dirigir ao mercado e não a sua judicialização. Não há nada que o Ministério da Educação deva fazer, nem é esse seu papel. Se o atual ministro Abraham Weintraub for ingerir nisto será o equivalente ao ministro Sérgio Moro continuar julgando casos da Lavo-Jato.
Mas o mercado é mais eficaz e rápido do que a judicialização, ele é melhor. Basta que a direção do curso e seus mantenedores tomarem conhecimento de que isso trouxe repercussão negativa e talvez perda da clientela que rapidinho eles dão um jeito na professora-manipuladora.
Sobre a aula em si, é possível sim, perfeitamente ensinar e dar sua opinião sem deixar de ser justo, isto é, colocar outras visões em pauta para que os alunos possam refletir e quiçá, optar por sua visão própria ou até construir alguma a partir de um mix de opiniões. Por que não?
Mas o que ocorre não é isso, nós sabemos. Vira puro proselitismo político-ideológico em nome da mera da “liberdade de cátedra”. Claro que isso não é uma aula desejada por quem tem interesse em aprender alguma coisa para passar numa prova, mas cabe a esses alunos irem protestar diretamente com o coordenador e depois, rápido para não perder o calor do momento chamar atenção de seus superiores e donos da empresa.
Se queres mudar algo mesmo tens que ser “o chato”. Se ficar acomodado aí porque não queres ser mal visto, não reclame depois quando teus sucessores, herdeiros e filhos saírem por aí quebrando lojas, agências e queimando ônibus ou viaturas.
É aí que começa a loucura dos nossos tempos: em nossa omissão.
Anselmo Heidrich
29 abr. 19
29 abr. 19
terça-feira, abril 09, 2019
Educação de verdade é o contrário do que dizem os especialistas
Matéria da @bbcbrasil intitutlada “5 questões urgentes da educação brasileira que o novo ministro Abraham Weintraub vai enfrentar” de Paula Adamo Idoeta — @paulaidoeta — é mais uma daquelas provas de que quando falam ou discutem sobre “educação”, geralmente, não tocam em nada urgente, fundamental ou difícil. Vou, ponto por ponto…
A primeira delas, segundo a BBC:
1. Modelo de financiamento está prestes a expirar
O fundo federal de 150 bilhões por ano tem prazo para acabar, em 2020 e é responsável pelo sustento de mais de 180 milhões de matrículas.
Sinceramente, alguém acha que isto não vai ser extendido ou ampliado? Agora, a questão que não é contemplada, este é o melhor modelo que conseguimos obter? Ficar refém dos humores do Congresso e a aprovação de projetos e emendas, cujo teor sequer deveria ser questionado é ridículo. Já, o método de execução e implementação dos recursos sim, mas isto, ao que eu saiba, não é cogitado.
Outra questão não menos importante é discutir a reforma tributária incluindo estes repasses, pois ao invés de tributar e recolher recursos dos estados e municípios para ir para Brasília para depois retornar através de fundos como o FUNDEB — Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica -, o melhor seria que nem saíssem de onde foram gerados. Este é o ponto, a descentralização tem que ser em todos os sentidos, inclusive administrativa e fiscal.
Agora, as questões propriamente pedagógicas…
2. Colocar em prática a Base Curricular
Em primeiro lugar dizer que isto foi “imposto pela gestão Temer” é para eximir a responsabilidade das gestões petistas, uma vez que este monstrengo foi criado no período de ministério de Renato Janine, ainda no Governo Dilma.
Para quem não sabe do que se trata, a BNCC — Base Nacional Curricular Comum -, sim, esse nome horroroso é, basicamente, um currículo comum a ser aplicado nacionalmente. Vejam, das duas uma, ou tu assumes o princípio de que o país é o quinto maior do mundo em extensão e população e tem um quadro social e cultural extremamente diverso, não sendo recomendado homogeneizar o ensino ou parte do princípio de que se quer formar um currículo comum assumindo que seja fundamental a todos. Para mim é óbvio que português e matemática seriam isto e já estaria de bom tamanho, sem que seja necessário reformular o ensino de história, geografia e ciências. E lendo em detalhe as propostas já enviadas no período do governo Dilma fica claro porque o apreço por este lixo teórico: ideologização pura e simples, na qual o ensino de história perde os assuntos relativos à Europa para dar primazia ao pouco que se sabe da África e inventar história, isto mesmo, baseada na mitologia ameríndia. Feito isto durante 25 anos tu já tens um exército de indivíduos amestrados prontos para venezuelizar o Brasil varonil. Isto sem falar no estelionato pedagógico da ideologia de gênero igualmente contemplada.
Agora algo que valeria muito a pena:
3. Dar rumo à reforma do ensino médio
Esta foi uma excelente proposta, essa sim do Gov. Temer, de criar especialidades, Humanas, Exatas e Biológicas no Ensino Médio, para as quais se concentrariam os estudantes. Mas, não foi basicamente por falta de recursos como está nos comentários de “especialistas”, mas sim por falta de pessoal (professores) qualificados. Tanto que o projeto procurava regularizar algo que já existe, a legalização/regulamentação de professores que não possuem o título formal dessa especialidade.
Outro dado não contemplado nos comentários da matéria é que boa parte da rejeição veio da militância petista, psicopata claro, que rejeitou o projeto por não ser de origem petista, uma vez que Dilma já havia sido impichada. E também por aquela massa acéfala de professores que acham que tudo em termos de educação se resume à maiores salários e flexibilização no ensino de modo que a aula fique mais criativa, de acordo com suas predileções políticas e menos rigorosa em termos científicos.
Eu acho o próximo tema importantíssimo, mas é geralmente o de pior análise e tratamento:
4. Formação de professores
Em primeiro lugar, não existe esta cisão entre “teoria” e “prática”, mas teoria errada, que não explica a realidade ou não parte da realidade. Os professores brasileiros sequer tem disciplinas de “resolução de conflitos”, coisa que qualquer RH leva em conta, mas não quem acha que ensinar, educar uma massa de crianças e jovens não sofra com isso. A questão disciplinar é SUMAMENTE IGNORADA.
Deixe-me fazer uma pergunta: se triplicarmos o salário de policiais corruptos, eles deixarão de ser corruptos? Não, né? Então por que, diabos, uma melhor formação não deve levar em conta pessoal novo para reciclar o pessoal que dificilmente vá deixar seus vícios de trabalho?
Assim como o Mais Médicos dificilmente leva pessoal à cidades sem infraestrutura só pelo salário, não bastam melhores salários sem condições adequadas e qualquer um que saiba o que é uma escola, principalmente pública, mas não somente, as privadas também sabe que sem DISCIPLINA, esquece. Ponha a pedagogia que for, o método que for, tudo, grana, tudo, nada funcionará.
Se atribui muita importância ao Enem e ele é um problema em si, não uma solução:
5. Enem, prova de alfabetização e demais avaliações a perigo
Assim como a BNCC, as avaliações não deveriam ser centralizadas. Vestibulares isolados, como eram no passado, tinham excelente qualidade e eram muitíssimos mais rigorosos exigindo que o mérito fosse individual e não por questões étnicas, sexuais ou outras quaisquer que só subsistem rebaixando o nível de ensino e sua exigência.
Compartilhem.
Anselmo Heidrich
9 abr. 19
Em tempo: @bbcbrasil vejamos isto aqui “Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que o Brasil tem a tradição de ‘nomear ministros homens acadêmicos que não entendem de Pedagogia ou de políticas para a educação básica’”
E… DESDE quando pedagogia não é preocupação sumamente acadêmica? Quais teorias pedagógicas se aplicam, OU MELHOR, são úteis e eficazes no ambiente escolar?
Eu, com mais de 25 anos de sala de aula, tendo ministrado aulas no ensino fundamental, médio, superior, pré-vestibular vos afirmo: praticamente NENHUMA.
Imagem (fonte): https://www.flickr.com/photos/moeview/498704676
quinta-feira, fevereiro 28, 2019
Cante o Hino, mas não esqueça do que realmente importa
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(Foto: SBT) |
Eu cantei o hino na minha infância na escola, várias vezes. Mas não era toda a semana… Só que antes de cantar o hino, as professoras perdiam uns 15min, pelo menos, botando ordem na fila. Hoje não se faz mais isto, mas se quiserem fazer, o que farão com quem não obedecer? Nada, porque não podem fazer nada. Este é o ponto.
Não sei se vocês viram isto?
Se os ‘animais’ que fizeram isto forem convocados para cantar o hino, como tu acha que reagirão?
Este é ponto. Não há o que fazer?
Tem sim e já está em operação no Mato Grosso do Sul. Chama-se Lei Harfouche, que é um lei que obriga os pais a assinarem um termo de responsabilidade pela conduta do filho durante o ano letivo. No primeiro erro, uma advertência; no segundo, uma compensação que vai de um pedido de desculpas até uma atividade social. Já é um condicionamento que desloca parte da responsabilidade para quem DEVE estar em primeiro lugar na educação: a FAMÍLIA.
Minha bronca com essa história do hino é o retoque estético da coisa como dar uma rebocada na parede para esconder a rachadura enquanto que a base do edifício está erodindo. Por isso defendo as escolas militares, porque é um conjunto que tem que funcionar e não uma parte para figurar em posts que o governo vai se aproveitar. E iria, né? Só a proposta de repetir o slogan do governo já demonstrava isto.
Agora pergunte qual é o problema da educação para um esquerdista e veja se ele não te diz “investimento” (leia-se, salário) e pergunte a um direitista e veja se ele não te diz “doutrinação”. A imensa maioria não lembra do maior problema: DISCIPLINA.
Anselmo Heidrich
28 fev. 2019
sexta-feira, novembro 23, 2018
Ricardo Vélez Rodriguez e a Educação
Ricardo Vélez Rodriguez é um religioso (nunca li nada dele, exceto comentários por terceiros, jornalistas) que diz que “Darwin é mais um” tirando com isso a relevância dele. BEM, MINHA OPINIÃO é a seguinte, pior do que está não fica. SE (EU disse SE) ELE IMPLEMENTAR UM BOM PLANO DE ALFABETIZAÇÃO, tradicional, antigo, do nosso tempo JÁ VALEU. Ele não é louco de tirar a Teoria da Evolução do currículo. Se o fizer também, será inócuo … Agora, eu preferiria alguém mais “técnico’, mas como eu sempre digo é impossível ser NEUTRO, mas poderíamos ser mais OBJETIVOS.
Na área dele, ele tem um currículo acadêmico invejável, de filosofia à teologia passando pela politicologia. Professor da UFJF, colombiano naturalizado brasileiro e com assento em vários institutos. Ou seja, não é um bosta de um Haddad, ou um Mercadante, gente que não sabe nada do assunto e já virou ministro da educação.
Não me arrependo de ter votado 17, até agora, no meu ponto de vista, o único GRANDE ERRO foi o ministro das relações exteriores, um cara chamado Ernesto Araújo adepto de uma visão de mundo conspiracionista. Troque o vilão do “imperialismo” da Esquerda pelo vilão do “globalismo” da Direita e tu vai entender o cara. Ao invés de culpar Trump (quem ele admira) substitua por George Soros, um mega-investidor bilionário que apoia grupos de esquerda ao redor do mundo.
Daí eu te pergunto, os problemas do Brasil tem a ver com esses dois, Trump ou Soros ou nós mesmos?
Anselmo Heidrich
23 nov. 18
Leandro Narloch acerta sobre o Escola Sem Partido
Leandro Narloch acerta sobre o Escola Sem Partido. E a Esquerda tem tudo para ajudar o projeto a emplacar… COMO?! Sim, exatamente! Pois ao negar que o problema existe — o viés gritante e casos de assédio moral com base em discursos e posturas político-partidárias em sala de aula -, os grupos de Esquerda e professores irão ajudar a fomentar os argumentos da Direita que quer sua aplicação. Agora, é uma tolice não ver os limites do projeto que não conseguirá desenvolver programas que contemplem a diversidade de pensamento porque o mesmo se limita a uma “agenda negativa”, isto é, na condenação do que discorda e não apresenta propostas de como isto deveria ser, concretamente. E para aqueles pais e cidadãos indignados com a doutrinação pergunto antes se:
1. Você sabe o que é “doutrinação”?
2. Você tem noção de que o próprio ensino da Teoria da Evolução, por exemplo, dentro desta perspectiva já pode ser considerado como “doutrinação” por quem discorda dela?
Quem acha que isto é procurar pelo em ovo tenho a dizer duas coisas, para começo de conversa…
1. Escolas com mantenedores religiosos rejeitam a Teoria da Evolução (eu mesmo já fui preterido em uma por causa do capítulo Eras Geológicas que queriam que fosse encaixado em apenas 3.000 anos);
2. Qualquer pensamento político adverso à própria Esquerda será alvo da claque de Esquerda que poderá denunciar o professor por “doutrinação” também.
Apoiadores do Escola Sem Partido tem que estudar os conteúdos antes de darem pitaco no que ignoram. Opinem, critiquem, sugiram, mas ANTES estudem.
E mesmo que o projeto fosse bem sucedido naqueles casos de propaganda e ataque explícitos como temos visto em vídeos (para isso já tem lei), a doutrinação fina, não perceptível a primeira vista, sutil continuará campeando porque:
1. Falta diversidade e liberdade curricular;
2. Falta diversidade na formação do professor que teríamos com liberdade na formação de cursos superiores.
A chave, meus amigos está em mais liberdade e não na mera restrição ou censura.
Por isso, muito melhor do que um #EscolaSemPartido é a #EscolaSemEstado.
Anselmo Heidrich
22 nov. 18
22 nov. 18
domingo, novembro 18, 2018
Veja o que diz Viviane Senna
“Sim, eu já tinha dito que o grande desafio era a educação básica e a aprendizagem. Apresentamos um estudo para mostrar os principais desafios de aprendizagem e as alavancas críticas para poder destravar esse cenário. A questão que eu quis ressaltar foi a da alfabetização. O Brasil não resolveu isso em 500 anos de história, estamos no século 21 e metade das crianças brasileiras são analfabetas. É inaceitável. Minha proposta é que a principal bandeira desse governo seja a alfabetização, não a reforma previdenciária ou trabalhista. E alfabetizar todas as crianças brasileiras nos próximos quatro anos. Todos os países do mundo começaram por aí. A segunda coisa é a figura do professor. O que a evidência mostra é que 70% da aprendizagem do aluno está ligada ao professor”[1].
Ela sabe que “crise na educação” é “crise na qualidade do professor”. Se o cara não motiva, não ensina. Só tem um pedaço faltando nesta pizza…
Agora veja o que ela diz mais adiante:
“Mas qual a sua opinião sobre o projeto Escola sem Partido, defendido por Bolsonaro?
“Precisamos de uma agenda que vai resolver o problema do País. Existem dispositivos legais para quando há partidarização, devem ser trabalhados com a lei que já existe. É desnecessário isso, criar mais uma lei. A minha proposta é que se substituísse essa pauta, que não impacta a aprendizagem, para uma pauta que impacta.”
Espertíssima! Ela não descarta a punição para quem faz apologia político-partidária em sala de aula, mas ao contrário de querer criar mais uma lei que gera oposição, ela sutilmente diz que isto já está em vigor.
Quanto ao “pedaço da pizza que falta” te digo o seguinte, eu já trabalhei com ensino fundamental (6º ano, antiga 5ª série), séries (ou anos) subsequentes (7º, 8º, 9º) e, especialmente, ensino médio, ensino superior em escolas públicas e particulares e, de todos os lugares, o melhor modelo, o que melhor ensina, o que cobra (e muito) do desempenho do professor, eu não falei:
O ensino pré-vestibular.
Por que ele é tão bom e funciona bem?
1 — Paga melhor e,
2 — Mais importante, atrai os melhores profissionais,
3 — É competitivo,
4 — O professor não está numa redoma, é criticado, cobrado, mas também elogiado quando merece,
E algo pouco notado:
5 — Não tem a maléfica influência do MEC.
Se estes princípios, com pequenas adaptações de conteúdo e método forem adotadas, o ensino melhora. MAS SÓ ESPERO QUE NÃO ENTENDAM ERRADO!
E por “entender errado” é cair na bobagem de dizer que tem que aumentar o salário de todos os professores… NÃO, NÃO E NÃO!
Por uma simples razão:
O AUMENTO DEVE ESTAR CONDICIONADO AO DESEMPENHO
Só assim, a Educação irá melhorar.
Anselmo Heidrich
17 nov. 18
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[1] ‘Não podemos voltar atrás na base curricular’, diz Viviane Senna https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/nao-podemos-voltar-atras-na-base-curricular-diz-viviane- sexta-feira, novembro 09, 2018
Big Brother ou INEP?
A próxima questão da prova de inglês do Enem é, realmente boa. Ela usa o famoso 1984 de George Orwell, romance distópico que mostra uma sociedade dominada por um sistema totalitário, sem rosto e sem nome pessoal, o “Big Brother” que observa e vigia a todos causando sensação de insegurança e desconfiança permanentes, o que suprime a liberdade a começar pela liberdade de expressão. Mas como as pessoas têm necessidade de comunicação, o que, inclusive, as torna pessoas ao desenvolver sua inteligência através do idioma, o “Grande Irmão” controla esta sociedade com uma nova língua, a “novilíngua”, que re-significa as antigas palavras alterando seu conceito, normalmente flexibilizando-os até o ponto de deturpar o significa original.
Isto é mais atual do que nunca, basta pensarmos como o que ocorreu com os termos “democracia”, “feminismo”, “igualdade”, “meio ambiente”, “sustentabilidade” só para citarmos alguns. Quando pensamos que falamos de democracia representativa, o que é uma redundância porque só existe esta, nossos opositores vêm com uma tal de “democracia popular”, cuja opinião da maioria, apenas um grupo seleto de militantes profissionais conhece porque se diz representá-la e eles estão em todas as manifestações, já que não trabalham na maioria dos casos. Seja a deturpação do feminismo que deixou de ser uma luta pela liberdade da mulher em competir com o homem de igual para igual para obrigar os homens a se igualarem abrindo mão de sua produtividade e rentabilidade; seja a igualdade que era realmente isonômica, com leis iguais para todos para termos leis específicas que criem iguais condições para os diferentes, o que acaba por gerar privilégios a raças, religiões e sexos. Seja através de tributação extorsiva ou impedimentos legais ou obstáculos burocráticos para que empresas sejam extorquidas e tenham que se submeter aos desmandos de governos e funcionários corruptos em nome da “preservação do meio ambiente” ou de uma “sustentabilidade”, enquanto que sabemos que é através do mercado e do desenvolvimento tecnológico que a poluição reduz. E por aí vai….
Quando mudamos o significado, mudamos a sensibilidade, quando esta é alterada, nosso inconsciente também guarda informações e comandos que não foram discutidos ou sequer analisados. Quem induz a isto domina e controla quem os absorve.
A questão do Enem é boa neste sentido, MAS… Se observarmos o contexto da prova no qual ela se insere, de crítica às fake news e informações distribuídas pelas mídias livres e redes sociais, quem, IMPLICITAMENTE, a questão e a prova do Enem acusa? 3, 2, 1… Sim, juntando os cacos dessas questões todas, os propagadores de notícias falsas, re-significações e parcialidades são as pessoas, indivíduos, a sociedade civil, MAS E ONDE DIABOS FICA A IMPRENSA AÍ? Eh eh, não fica, né? Ela sai ilesa. É como se as notícias falsas tivessem nascido ontem, no contexto pré-eleitoral americano que levou Trump à vitória e de Bolsonaro no Brasil. JÁ QUANDO O NAZISMO TINHA SEU MINISTÉRIO DA INFORMAÇÃO REGIDO POR GOEBBELS OU ADULTERAÇÃO HISTÓRICA TOTAL E O ATAQUE À TRADIÇÃO QUE LEVOU À REVOLUÇÃO CULTURA DE MAO NA CHINA, todas elas com milhões e milhões de mortos são o que, afinal de contas? “Mas, ufa! Estamos longe disto, isto é passado” diriam os tranquilos e apaziguadores mestres da academia. Será?!
O que significaram então a manipulação de dados estatísticos do IBGE no governo do PT, inclusive com exoneração de funcionários e do INDEC na Argentina kirchnerista??? Pode se tratar de grau muito menor, mas aponta na mesmíssima direção do princípio que rege qualquer sistema totalitário: a morte da Verdade. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira — INEP, quem produz o Exame Nacional do Ensino Médio — ENEM — é que tem tomado o papel de “grande irmão” na confecção de provas cada vez mais manipuladoras de um senso comum.
Use a prova deles, professor, use-a. Mas aponte outras interpretações, mostre como o veneno que destilam pode ser usado contra eles mesmos. Estamos em plena GUERRA CULTURAL. Use suas armas, com a leitura e a escrita.
Abraço,
Anselmo Heidrich
9 nov. 18
segunda-feira, outubro 15, 2018
Por que a Educação da Estônia Funciona?
DIVULGAÇÃO/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DA ESTÔNIA — Estônia é o país da Europa com melhor desempenho no Pisa
É tanta coisa boa que fica até difícil comentar, maior investimento por aluno, apreço a leitura, pacto nacional por isso, aumento salarial, valorização de métodos tradicionais, com inovações quando necessário, interdisciplinaridade, esportes e artes no contra-turno etc. Mas o que mais me chamou atenção foi isso:
As diretrizes do ensino estão no currículo nacional. Mas como aplicá-las fica, em grande parte, a critério de cada escola. Isso significa que as metodologias e até mesmo os ambientes de sala de aula podem ser definidos de acordo com o plano dos professores. “O currículo determina os resultados gerais. A maneira de alcançá-los é escolhida pelos professores”, diz a ministra. O currículo é constantemente atualizado.“Na Estônia, as escolas e os professores desfrutam de um elevado grau de autonomia na tomada de decisões em todos os aspectos da aprendizagem e do ensino”, completa.Essa descentralização se tornou regra após a dissolução da União Soviética. Foi quando o governo decidiu dar liberdade às escolas, exigindo delas, por outro lado, a responsabilidade quanto às diretrizes.Cf. BBC As lições da Estônia, país que revolucionou escola pública e virou líder europeu em ranking de Educação — https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45605368?ocid=wsportuguese.chat-apps.in-app-msg.whatsapp.trial.link1_.auin
Anselmo Heidrich
15–10–2018
quinta-feira, outubro 04, 2018
Militares e Skatistas
Já faz um tempo vi uns garotos com uniforme da escola da polícia militar aqui de Florianópolis saindo de seu turno e rumando em direção ao ponto de ônibus. Nada me chamaria atenção, não fosse o fato de que um deles estava segurando um skate. Quando vi aquilo, algo arranhou no meu cérebro, como uma agulha no disco sujo. Parecia não combinar… Mas, ÊI! Que idiota! E por que não?! Isso, por quê? Por que diabos um garoto que estuda em uma das melhores escolas de Florianópolis não pode, em seu tempo livre, andar de skate? E cá entre nós, qual corôa não tem inveja de poder fazer aqueles malabarismos? Eu, pelo menos, tenho.
Daí me vi em um preconceito idiota, do qual muitos de nós nutre em relação aos chamados “lugares da sociedade”. E não é a toa que muitas vezes nos damos mal, justamente, por causa disto… “Ele parecia tão honesto, bem vestido(sic), não pensei que fosse assaltar” ou pior, “ele me tratou tão bem no início, achei que seríamos um casal feliz até que um dia me bateu e depois quando não quis transar com ele, me estuprou”. Quem já não ouviu uma história similar, talvez com menor grau de violência e agressividade, mas de alguém que se enganou porque se baseou numa imagem preconcebida, o que chamamos de estereótipo? E creiam-me, isto é o que mais tem. Lembro-me quando tinha cabelo comprido e barba e as catracas “eletrônicas” misteriosamente travavam para mim, mas depois com o cabelo curto e barba feita, até ganhava alguns olhares simpáticos. O que verdade seja dita, não me tornava menos rabugento.
Agora me lembrei de quando dava aula em um cursinho na cidade de Lorena, SP, no chamado Vale do Paraíba, cidade no caminho do Rio de Janeiro ao longo da Rodovia Presidente Dutra. Eu chegava na cidade domingo a noite para começar no dia seguinte, pela manhã e os proprietários do curso construíram um “puxadinho” ao lado da secretaria onde enfiaram uns beliches professores-itinerantes como eu dormirmos. Como o vigia trabalhava em mais de um emprego combinamos com ele de pularmos muro, não precisando mais acordá-lo. Eu fazia isto há meses até que um dia, um professor novo de matemática, cujo apelido era “Grego” porque gostava da matéria desde criança fez o mesmo só que daí, a polícia veio. Detalhe, ele era negro e devia ter seus 1,90m. Não tenho como provar, mas tá na cara que o critério utilizado por quem o viu pular e acionou a polícia foi algo que me eximia de culpa previamente tendo feito a mesma coisa que era pular o muro. Essas relações ainda são marcadas no Brasil por imagens que as pessoas têm de raça, religião, sexo etc. e reconhecer isto não me torna um “esquerdista”, assim como desdenhar disto não me torna um “direitista”, apenas um ignorante.
Quando conversamos sobre o que as pessoas esperam das outras, a melhor e mais óbvia forma é conhecer o trabalho delas, isto é, não por suas palavras, afinal, como diz o Dr. House “todo mundo mente”, consciente ou inconscientemente. Observar o trabalho dos outros é analisar como agem e isto para mim já diz muito sobre como deveríamos ver o trabalho das escolas militares, não pelo que imaginamos de seu ensino, mas pelos seus resultados. Resultados estes não só nas notas ou aprovações de seus alunos em cursos superiores, mas a própria conduta desses jovens, muitos dos quais não seguirão carreiras militares, mas se tornam já durante seus períodos de estudo, cidadãos melhores.
O mais importante nisto tudo é ter opções e para as periferias urbanas coalhadas de agentes da violência, este tipo de escola lhes oferece algo escasso, o senso de disciplina e responsabilidade. Se o sujeito não se adaptar, achar “opressivo” ou algo do gênero é simples: basta sair e escolher outro tipo de escola. Mas o que não se pode é eliminar a chance de oferecer isto a quem mais precisa, simplesmente porque se nutre um preconceito tolo.
Mas nosso país está pleno de gente ignorante em cargos-chave. Não sei se o Brasil é mais prejudicado pelos bandidos ou pelos burros. Só para ilustrar o que digo, eu vi a Marina dizer que quer criar uma bolsa, para aqueles estudantes beneficiários do Bolsa-Família, ou seja, que já são beneficiados por uma bolsa para NÃO ABANDONAREM A ESCOLA! Ela está partindo da premissa que o sujeito abandona para ir trabalhar! Nada mais falso! Abandona de vagabundo mesmo, pelo fato de ganhar tudo sem fazer nenhum esforço! A escola pública já é, por si só uma bolsa de estudos, será que não se tocou?! Essa mulher, que ainda bem despenca nas pesquisas é o tipo de político sem pés na realidade que inventa moda e acaba por incentivar a perda moral.
Já li muitas das propostas dos presidenciáveis para a Educação e, sinceramente, não é com ensino integral, sala de informática, métodos inovadores, crédito para educação (que só beneficiam poucos que já cumpriram o ensino básico) ou outra coisa que irão revolucionar a educação brasileira, mas sim com português e matemática e DISCIPLINA para conseguir passar aqueles conteúdos básicos, básicos, básicos. Depois disto é que virão outras medidas, aliás, bem vindas. Enquanto políticos de carreira prometem algo que erra o alvo do PRINCIPAL PROBLEMA, um procurador de Mato Grosso do Sul criou uma das leis mais realistas do país, a chamada Lei Harfouche que penaliza delinquentes com medidas alternativas, mas que não os deixa sob o manto hipócrita da impunidade. E lamento muito seu desconhecimento até mesmo por aliados, cujo fogo deveria ser lançado contra aqueles que atentam contra os contratos sociais como pela necessidade de respeito em sala de aula. Mesmo economistas liberais, famosos, professores do Insper, coisa e tal que se metem a falar de educação ignoram, SOLENEMENTE, este aspecto. Eu sei, com conhecimento de causa porque já os indaguei sobre isto e tudo que vi foi descaso, desdém e ignorância sem vontade de conhecer, tipo “como eu não sei nada sobre isso prefiro ignorar”. Então, meu caro, vá, vá com deus para o teu inferno.
É isso meus caros, então a escola militar hoje em dia, nada mais é do que aquela velha escola pública que eu, décadas atrás tive, com um mínimo de regras observadas que permitia a execução da aula pelo professor. E o jeito que é hoje em dia, que tipo de professor sobrevive e se dá bem? O VAGABUNDO, aquele adorado no início e detestado depois porque permite tudo e não ensina NADA. É contra isso que me insurjo, essa auto-enganação que vivemos no país, de que tudo se dá um jeitinho e as reformas simples e necessárias, cujas medidas não são difíceis de entender, são adiadas.
Em algum ponto da história, nós civis perdemos o rumo. Precisamos reaprender como se faz e nada melhor do que ter humildade e perguntar COMO para quem sabe fazer.
Anselmo Heidrich
04–10–2018
quinta-feira, agosto 30, 2018
Onde e Porque a Educação dá certo
Não faz muito tempo inscrevi meu filho em aulas de Taekwondo e estou prestes a inscrever minha filha também.[1] Ao final de cada aula há uma orientação, que não é específica para a arte marcial, mas para a vida. Os mestres têm insistido no conceito de gratidão, o que significa e o que produz em relação a nós e como quem recebe nossa gratidão se sente, o bem que isso faz, porque é importante etc. Sinceramente, isto é educação e não me lembro de ter visto isto nos últimos em nenhuma escola que participei como um programa ou sequer princípio da instituição. Exceto é claro pelas ações isoladas de um ou outro professor e, raros casos, de um diretor, pois de coordenadores e supervisores pedagógicos, simplesmente não vejo mesmo.
Por que isso se dá? Podemos aventar várias respostas, como em cursos pagos, como as aulas que mencionei, se valoriza mais, porque não se é obrigado a ir, se “vai porque quer” etc., mas a princípio, um curso de arte marcial não tem isso como chamariz, mas é exatamente o que conecta pais, alunos e professores. E, honestamente, a falta disto levado a sério afasta os mesmos pais, alunos e professores nas escolas normais, sejam públicas ou privadas. E, consequentemente, o ensino de matérias clássicas como Português, Matemática, História, Ciências e Geografia vai pelo ralo, pois a postura que serve de base para o aprendizado é ignorada.
Como em muitos de meus artigos, esse é mais um que valorizo a importância do conteúdo moral para o aprendizado. Mas não é só isso, há duas razões básicas pelas quais nos orientamos na vida, a utilitária e a moral, ou a estratégica e a substantiva, que quer dizer basicamente a mesma coisa. Mas desde que se popularizou o adjetivo ‘moralista’ como algo essencialmente ruim, desatualizado e até preconceituoso, sinto que passamos a perder algo no meio de nossas histórias de vida.
Hoje mesmo tive um papo com outro professor vindo lá de Pelotas, RS e residente em Florianópolis, SC e que para não ficar sem nenhuma ocupação quando aqui chegou, tratou imediatamente de fazer um concurso. Não demorou alguns meses, ele, como educador físico já se bandeou para as academias orientando clientes, não aguentou e com razão. Os alunos não aceitam(sic) e essa é a palavra, não aceitam e não fazem atividades físicas na aula destinada a isso, entre outras razões “porque não querem ficar suados”. Como se uma boa aula de Educação Física não tivesse esse pré-requisito. Bizarro… A autoridade do professor, que se sustenta em uma base moral é lixo para essa gente e grande parte dos pais apoia essa postura. A direção e secretarias de ensino, por sua vez, não querem se indispor e fica tudo por isso mesmo.
Mas é comum vermos políticos, sobretudo em ano eleitoral com soluções mágicas para a Educação. Um deles mesmo acha que “chutando Paulo Freire e acabando com a Ideologia de Gênero” bastaria para pôr o Brasil nos eixos do ensino de qualidade. Claro que Paulo Freire era o “Senhor Embusteiro”, que só conseguiu sua projeção plagiando e deturpando um educador americano bem sucedido nas Filipinas e outros países asiáticos, Frank Charles Laubach (1884–1970). E a Ideologia de Gênero, como sabemos é um projeto político doutrinário que ignora solenemente a questão biológica, já tendo chegado à condição de pré-requisito para se cursar o Ensino Superior no Brasil, quando cobrada em uma questão do Enem sobre o “nascer mulher”. Lembram:

Claro que é uma questão sobre o pensamento de Simone de Beauvoir, uma conhecida feminista dos anos 60, namorada… ÔPS! “Companheira” de Jean-Paul Sartre, um filósofo existencialista com muita influência marxista. Mas insistir nestas questões deixando outras, tradicionais de lado denota uma clara tentativa de doutrinação e cristalização de uma visão. Agora, enquanto as discussões sobre a Educação se resumirem neste pequeno universo, outras gerais e estruturais não são sequer cogitadas. Isto serve como cortina de fumaça para o que é mais importante não seja enfrentado.
O problema é que quem mais entende do assunto, que está na linha de frente deste campo de batalha tem opinião adversa ao que precisa ser feito: os professores. Eles são contra reformas profundas, como diferenciar salários por desempenho, como é em qualquer empresa. Suas lutas sindicais são por isonomia, sempre e daí requerem aumento salarial sem sua contrapartida na produtividade escolar. E nem querem discutir o conceito de produtividade alegando que isto é “ideológico”. Logo, nesse tiroteio entre fanáticos burocratas que não conhecem a lida em sala de aula e quem conhece, mas não enxerga o caminho para uma mudança real, quem perde é o aluno que realmente não aprende com um processo educacional falido e estagnado.
Uma das leis mais importantes já aprovadas no país em relação à Educação (não, não é o Escola Sem Partido, mesmo porque esta não tem unanimidade) é a chamada Lei Harfouche, lei que obriga pais e responsáveis a assinar um termo de compromisso por seu filho na escola. Na primeira contravenção, o aluno recebe uma notificação, na segunda, ele é obrigado a compensar seu delito com algum “trabalho social”, pintar o muro, se pichou, contribuir com cestas básicas se ofendeu professor e coisas do tipo. Cara… Nada mais moralizador e educativo que isso. Claro que toda corja que vive da vitimização como justificativa sofística para educação não poderia aceitar. Aí se inclui psicólogos, assistentes sociais, militantes de esquerda em geral e, claro, políticos petistas. Toda a trupe que não deseja a responsabilização, pois esta nunca pode ser do indivíduo e sim de uma geleia chamada “social”. Alguém precisa informar a estes animais que o que é social é, antes de tudo formado por indivíduos.
Quanto ao objetivo da educação formar um bom trabalhador, um bom funcionário etc., de acordo. Mas comecemos então por ver como funcionam os Institutos Federais (IFs), como funcionavam e como funcionam. O que eram antes da Era Lula e depois da Era Lula para ver o que ocorreu e já vos adianto, piorou e muito. O critério de seleção que já levava bons alunos (de diferentes classes sociais) para eles caiu, sim o atual detento em Curitiba achou que não precisava restringir a entrada de alunos ruins nos institutos. Isso é bizarro! Um conhecido meu, que saiu do RS e foi para MG trabalhar em um desses institutos me relatou que o nível caiu muito e que agora tem gente entrando apenas pela melhor estrutura, mas nada de se responsabilizar pelo estudo se esforçando para acompanhar as matérias. Isso tem que acabar e se um presidente não toca nessas questões enfrentando a deterioração social causada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que relativiza a culpa e responsabilidade, nada de fato irá mudar.
Nós precisamos de uma mudança geral neste sentido, aquela medida de Trump nos EUA de que para cada nova regulamentação adotada na economia, outras duas tinham que cair, aqui teria que ser copiada, ao menos, com para cada direito adquirido, um dever constituído tinha que ser claramente estabelecido.
Sem esforço não há vitória que valha a pena.
Anselmo Heidrich
30–08–2018
[1]Ela acabou optando por dança, sua maior paixão, mas ainda vou insistir como complemento. Mulheres têm que saber se defender no mundo de hoje.
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