sexta-feira, maio 01, 2020

Atacar a OMS é desvio de foco

Uma atitude sintomática é a fuga da responsabilidade/causalidade da crise gerada pelo CoVid-19 em vários países pelas suas autoridades diretas. Isto fica claro quando se atribui à Organização Mundial da Saúde (OMS) em vários comentários colhidos em redes sociais:
Aos poucos a OMS vai assumindo a palhaçada que fez ao forçar os países a pararem. Não impediu o espalhamento do vírus, vide Brasil, EUA, Itália, Espanha, UK, França (a doença seguiu seu curso natural)… e, de brinde, ainda quebrou a economia do mundo.
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“A Suécia se recusou, no período entre março e abril, a implementar leis específicas para quarentena e isolamento social. Ao invés da regulamentação pesada de outros países da Escandinávia (região do norte europeu que agrupa Dinamarca, Noruega e Suécia), o governo sueco propôs uma política pública baseada em compreensão, cuidado e segurança com o próximo – uma forma de isolamento social baseado em cidadania, não em multas ou regulamentações severas.”
Em primeiro lugar, os países mais duramente afetados foram os que demoraram para aceitar o fato de que existia uma pandemia capaz de sobrecarregar seus sistemas de saúde levando a uma maior mortalidade;
Em segundo, a OMS não força nada, muito menos obriga. Notem que o uso do verbo “forçar”, aqui no caso é um subterfúgio para não comprometer o argumento em torno de uma prova (o que não existe). Uma vez que não há legislação mundial, nem força mundial, capaz de forçar países que são super-potências, como Estados Unidos, China ou Rússia a acatarem suas determinações, nem mesmo pelas potências médias (Reino Unido, Alemanha, França, Japão etc.) se torna algo vago e apenas sugerido que uma agência da ONU, dilapidada por falta de recursos, além de ser reflexo das decisões tomadas por mais de 180 membros na sua Assembleia Geral, tenha algum poder efetivo;
Em terceiro, se a Suécia não adotou o lockdown e paga um preço por isso, é contrassensual dizer que a OMS trabalhou para forçar a economia mundial a parar quando o exemplo dado é de quem não seguiu isso e pagou um preço maior em mortes, que afetarão sua economia. Parece que o autor do post não leu e se leu, estava tão imbuído de dizer o que já pensava que não atentou para o fato de que a informação não corrobora sua conclusão;
Em quarto, que mereceria um comentário mais longo, se afirma que as quarentenas de nada adiantaram, pois a doença seguiu seu “curso natural”, ignorando, por conveniência, que onde seus resultados foram piores, para não dizer trágicos, foi justamente, como dito mais acima, onde se negou o crescimento exponencial das infecções e seu contágio.
Anselmo Heidrich
2 mai 2020

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