segunda-feira, março 28, 2011

Desejo e magia




Como já devem saber Hereafter (2010) de Clint Eastwood trata da vida após a morte, mas sendo um filme de Clint não fica só nisto. Como Luiz Felipe Pondé já tratou, o filme trata da oposição entre a covardia e a coragem. Fui vê-lo esperando exatamente isto, mas não foi bem o que encontrei. Se pudermos encontrar o elemento coragem no filme se trata de encontrar meios para suportar a dor de perder alguém, mas não é tão simples assim... Quem o encontra, seu ente perdido através de uma “comunicação”, conexão mediúnica, acaba, em muitos casos, ficando pior do que antes. O final da história é, até certo ponto, açucarada e previsível, mas funciona como um pequeno e suave alento em função do verdadeiro tijolaço que é o filme. Duas das histórias compreendidas são petardos em nossa sensibilidade.



O garotinho que perdeu o irmão esperando-o voltar da farmácia onde foi comprar remédios de desintoxicação para a mãe viciada e, a garota em busca de alguém no curso de culinária (que perdera o noivo, a mãe e o pai, um provável assediador) sai do apartamento do vidente completamente desestruturada e se desmancha nas escadas. Até então, ambos os casos tinham vidas amortecidas e bem estar como uma espécie de inércia. Um bom filme, pesado, em que pese seu final levinho. É como comer um carneiro com pouco tempero, gosto forte, mas com um molho que suaviza o final da degustação.


Já, O Labirinto do Fauno (2006) de Guillermo del Toro, que assisti só ontem, é semelhante ao tratar de uma realidade dura da Guerra Civil Espanhola para uma fuga em um mundo mágico que, assim como a resistência espanhola é um modo de resistência às asperezas da vida cotidiana sob forte esquema repressivo. Buscamos acreditar em algo além da vida, um conto de fadas, ou qualquer coisa que alivie nossa solidão e saudade para podermos manter a vida atual com a esperança de uma vida ideal. Nada de novo nisso, mas me incomoda saber que eu também preciso disso... Daí, minha rejeição a qualquer resposta para o que não sabemos, para qualquer muleta que não podemos ver nem tocar. Isto, não significa uma descrença apriorística como um materialista vulgar faria, mas apenas uma ignorância sobre o que eu não sei que existe, além de meu desejo.
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