sábado, março 12, 2011

Pinball político


Vejam mais este comentário sobre “educação”:

O fato é que qualquer um que passe o fim de semana assistindo à Globo vai aprender mais sobre o mundo do que 99 por cento dos seres humanos que já viveram neste lindo planetinha. Enquanto isso, sociólogos e pedagogas garantem sua graninha com projetos paternalistas e esse punhetol de “resgatar a cidadania”.
Li metade da Pedagogia do Oprimido aos 18 anos, não entendi um quarto, mas gostei. Aprendi que a educação tem de ser feita em cima da vida, dos interesses, sonhos e necessidades de cada um; que ninguém ensina nada, a gente é que aprende ou não; e que educação é uma ferramenta para você descobrir qual seu lugar no mundo, descobrir quem está te fodendo e reagir.
Ouvi falar que tem uma ONG usando o método do Paulo Freire para ensinar informática para favelados, com dinheiro de multinacionais da pesada. Parece ótimo, divertido e vai acabar dando uma boa briga. Vou descobrir mais ― se por acaso encontrar uma escola que presta para alguma coisa, aviso.


Há alguma razão na acusação da miopia ao "resgate da cidadania" de muitos projetos, mas afirmar que a Globo e seus programas contêm muita instrução soa como se um assíduo leitor do "Planeta Bizarro" do G1 esteja em vias de se tornar um antropólogo. Esta escrita punk do Forastieri tem o intuito de chocar, mas como iconoclasta não passa de mais um kitsch. Se ele é tão contra a hipocrisia do "resgate da cidadania" como pode ter gostado de Paulo Freire? O uso disto por "multinacionais da pesada" é tão sério quanto um Rage Against The Machine "protestar contra o sistema" enquanto que a subsidiária da Sony, a Epic Records que edita seus álbuns lucrar com ações na Bolsa. A "boa briga" que vai surgir vai dar em nada, talvez apenas formar produtores de eventos de arte de rua contra a 'opressão'. Talvez ainda um evento de pichação travestido de arte contra a propriedade para depois gastarem com financiamento de lofts em que farão festinhas privés regadas a narcóticos contra a "caretice da família e dos bons costumes".
Mas, se ele achar uma "boa escola" é bom que avise, pois saberei onde os alunos não deverão estudar. O problema não está na escola, que não passa de reflexo, mas antes dela... A busca pela reestruturação familiar é o único caminho. O problema é que não se alcança isto via política pública. Tem que partir da própria sociedade via geração espontânea. Acho que o Brasil de 10 anos a frente será um país melhor não só pela economia que se desenvolve, mas fundamentalmente pela demografia, cujos jovens tenderão a diminuir proporcionalmente (e com eles os índices de violência que carregam dos 15 aos 25 anos). Mas, as instituições que regulam nossas vidas não surgirão por decreto. O que vejo hoje na internet é um fenômeno similar ao que foi a esquerda nos anos 70 durante a ditadura, um movimento de "conscientização", só que essa "consciência" ruma para uma direita anti-estatista. Até aí tudo bem, o estado brasileiro precisa de um check up geral mesmo, Aqui, um exemplo de como isso já atinge o mainstream midiático. E o legal é que não se confunde aos olavismos conspiratórios. O risco, no entanto, é de enxergar causas únicas dos problemas - o estado, p.ex. - e, com isso, propor soluções simplistas, i.e., populistas. E assim, de um extremo ao outro vamos batendo nas paredes da realidade.

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