domingo, setembro 04, 2016

A velha equação educação/desigualdade/crime está gasta


Um velho amigo, social democrata me argumentou que o problema do crime é a falta de investimento em educação e a desigualdade social. Minha resposta segue abaixo:


Discordo, se há criminosos em classes baixas, provavelmente, sua participação é irrelevante, assim como em outras classes. Aliás, essa retórica de "desigualdade social como fomentadora do crime" também não me convence. Em primeiro lugar, porque não vejo o Brasil como um país profundamente desigual e sim, bastante igualitário. Explico-me, a questão é semântica e este jogo foi também engolido pelos liberais, na medida em que se toma o hiato entre os extremos como prova de desigualdade. Ora, se temos uma imensa maioria numa determinada faixa de renda não temos uma grande desigualdade, mas sim uma grande porção demográfica em uma faixa de renda, isto é, uma homogeneidade de renda, o que também poderíamos chamar de igualdade. Desigualdade para mim, ao contrário, é bom, pois significa faixas diversas de rendimentos, o que não necessariamente inclui a pobreza. E, enquanto a desigualdade é um conceito relativo, a pobreza é um conceito muito mais objetivo, uma vez definido seus critérios. Há quem pense exatamente o contrário, por isso o primeiro passo é definir, rigorosamente, os conceitos em uma discussão e este é meu ponto de divergência: se assume como fato, definições dadas por professores que vem de geração em geração e ninguém para, para se perguntar o porque, sua origem e como funciona. Isso nos remete àquela velha discussão em nosso grupo no tópico sobre áreas preservadas: há 25 anos que leio e ouço dizer que resta apenas 7% da área de Mata Atlântica no país, enquanto que as mesmas ONGs que se alardeiam isto (SOS Mata Atlântica, por exemplo), se gabam de suas ações estarem contribuindo para a redução do desmatamento e reposição do bioma!!!! Ué?! Então não seriam mais meros 7%. E leio isto há 25 anos!!!! Algo me cheira muito mal nesta história toda, aliás, fede. E eis que agora, por causa desta polêmica da doutrinação nas escolas, eu retomo minhas leituras de livros indicados pelo MEC e me deparo com um dado de que a Mata Atlântica tem apenas 27% de sua área original. Esses 20% vieram de onde? Alguém replantou ou alguém está ignorando que propagou uma falsidade? Durante décadas. “Livro didático” dirão alguns... Sim, assim como os dados mais pessimistas foram divulgados por eles, com dados fornecidos pelo MMA e, antes, por órgãos ambientais como o IBAMA.
Qual o paralelo entre os dois problemas? Nossos órgãos públicos não têm feito pesquisas ou se pautado em pesquisas cientificamente. Eles agem e divulgam ideologicamente. Tudo bem, quem quer mentir, quem minta, mas o problema é por serem órgãos públicos, eles tem divulgado essas informações com meu dinheiro, com nosso dinheiro. Então, minha proposta é a extinção do MEC ou sua redução drástica para tratamento objetivo de áreas mínimas e essenciais, como português e matemática. Ah! E sobre esta teoria de que o crime advém da falta de educação, isto é relativo, pois o setor educacional reflete o que a sociedade já é. Para mudá-lo, o que desejo, o apoio a leis e procedimentos de leis já existentes, mais restritivos e punitivos tem que ser endossado. Não adianta ficar dizendo que a educação tem que ser isso e aquilo, quando a própria letra da lei é ignorada por quem mais deveria preservá-la. Insisto, onde estão os educadores do país para defender este instrumento jurídico essencial que ora se discute no país?
Lei Harfouche

Se nem quem mais deveria se interessar pelo assunto está informado sobre ela, o que posso esperar do setor? Os meus colegas professores estão preocupadíssimos em discutir como ensinar sexualidade a um aluno (assunto de foro íntimo, para mim), enquanto que isto sequer é observado:
Brasil, no topo do ranking de violência escolar
BBC Brasil - Pesquisa põe Brasil em topo de ranking de violência contra professores

Minha contestação a tua visão é simples, eu não espero nada de promissor ou revolucionário vindo da escola brasileira. Não com este tipo de professor que predomina, que não está nem aí para os problemas reais do país, a começar pelo seu ambiente de trabalho e, além do mais, ainda incentiva alunos a irem para o campo de batalha destruir o trabalho e propriedade alheia. E eu os conheço.

Bom domingo,
Anselmo Heidrich

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