quinta-feira, dezembro 13, 2018

Coletes Amarelos e suas Máscaras


Imagem: https://frenchly.us/could-the-us-have-gilets-jaunes/
O que vocês leram e ouviram sobre a revolta dos “coletes amarelos” na França? Eu li um amontoado de asneiras, de todas as estirpes políticas. O texto abaixo, com uma série de exigências (ou “demandas”) do movimento só prova o que eu já havia intuído lá atrás, de que a revolta e caos generalizado no país não tinha nada a ver com “indignação contra a social-democracia”, como alguns tontos liberais divulgaram em suas redes sociais e canais de YouTube (especialmente estes com dezenas de milhares de seguidores afoitos por interpretações que corroboram seus preconceitos). Logo vi que toda aquela destruição não era por nenhum imposto ecológico, basta uma leitura rápida para entender que estatização de empresas e oposição à Otan não tem absolutamente nada a ver com o custo do combustível. Isso, nada mais foi do que o aproveitamento de uma situação para inflamar o país com os eternos descontentes e vândalos profissionais. Lixos, escória, sem deixar de mencionar os burros brasileiros da Nova Direita que repetem bovinamente um argumento anti-establishment tão fora da realidade quanto o discurso revolucionário ultrapassado da velha Esquerda. Dois grupos estúpidos que se merecem.
De um lado, a carcomida Esquerda falando em “Nova Revolução Francesa”, de outro, a alucinada Direita que deve se basear em alucinógenos de primeira falando que “os globalistas”, “George Soros” é que estão por trás e, não esqueçamos deles, os limitados liberais que só enxergam tudo pelo viés econômico de questões que são mais complexas dizendo que é “o desgaste da social-democracia”. Lembram-se da “Primavera Árabe” em 2010? Dependendo do “solo” onde foi lançada a semente da insurreição, o resultado pode ter sido totalmente diferente: na Tunísia, com a derrubada de um ditador e restabelecimento da democracia, no Egito, idem, mas que levou um grupo fundamentalista ao poder, a Irmandade Muçulmana, para depois também ser derrubada, na Líbia e na Síria, guerras civis. Ou seja, não há fórmula para o sucesso e o que se entende por “sucesso” depende dos atores em questão. Aqui no Brasil, como sabemos, o processo ainda está em curso e a integração entre movimentos sociais e processos institucionais, como a Lava-Jato ainda renderão frutos, promissores espero. Mas, o que dizer da França? Tal e qual ocorreu em 2013, com as manifestações contra o aumento das passagens do ônibus em 20 centavos, elas capitalizaram vários outros grupos com ideários distintos (pena de morte, intervenção militar etc.) e que fugiram completamente ao script original de seus formuladores. Se me entenderam, as manifestações na França não foram contra imposto ecológico, ao menos não em sua expressão final e calamitosa.
Caros liberais, onde eu espero que venha um mínimo de sanidade nisto tudo, que há de racional em protestar contra um aumento de imposto quebrando e vandalizando patrimônio público e privado? Não sejam tolos. Isto é fomentado por partidários da Direita de Marie Le Pen e os clássicos sabotadores da Esquerda que temem o governo reformista de Macron, que sim, tem sido correto na medida do possível e pretendia tirar privilégios da casta sindical, mas que infelizmente já parece ter capitulado.
Anselmo Heidrich
13 dez. 18
Agora, fiquem com o lixo, cuja autoria eu desconheço:
Atenção Sr. Presidente eleito. Estas são as solicitações dos “Coletes Amarelos” na França. Acho bom examiná-las com muito carinho e atenção.
A segunda revolução francesa começou e está se espalhando por toda a Europa. Nenhuma notícia sua não está nos mostrando isso, pois eles não querem que o povo americano tenha idéias sobre se levantar contra a elite. Você acha que é apenas sobre um imposto sobre o gás? Não, essas pessoas estão decididas a recuperar o país do 1% que controla tudo. Acho que vou fazer torradas para comemorar esta manhã. Talvez algumas batatas fritas francesas também. E meu café sai de uma editora francesa. Amo os franceses!
A seguinte lista de demandas tem circulado entre os usuários de mídia social francesa nos últimos dias. Nós não sabemos suas origens exatas ou autor (es), mas parece que apareceu pela primeira vez aqui em 5 de dezembro. Você terá que clicar na imagem para ampliá-la se quiser lê-la em francês. Nós traduzimos para o inglês (em resumo, não palavra por palavra) abaixo …
Lista de demandas dos Coletes Amarelos.
1. Economia / Trabalho.
Um teto constitucional sobre impostos — 25%.
Aumento de 40% na pensão básica e bem-estar social.
Aumentar a contratação no setor público para restabelecer os serviços públicos.
Grandes projetos de construção para abrigar 5 milhões de desabrigados e penalidades severas para prefeitos / prefeituras que deixam as pessoas nas ruas.
Dividir os bancos “grandes demais para falir”, separe novamente os serviços bancários regulares dos bancos de investimentos.
Cancele as dívidas acumuladas por meio de juros usurários.
2. Política.
Emendas constitucionais para proteger os interesses do povo, incluindo referendos vinculativos;
O impedimento de grupos de pressão e interesses da tomada de decisão política.
Frexit: Deixar a UE recuperar nossa soberania econômica, monetária e política (Em outras palavras, respeitar o resultado do referendo de 2005, quando a França votou contra o Tratado Constitucional da UE, que passou a se chamar Tratado de Lisboa, e o povo francês ignorou).
Repressão à evasão fiscal pelos ultra-ricos.
A cessação imediata da privatização e a renacionalização de bens públicos como autoestradas, aeroportos , ferroviário, etc…
Remoção de toda a ideologia do ministério da educação, acabando com todas as técnicas de educação destrutiva.
Quadruplicar o orçamento para a lei e a ordem e coloque prazos para os procedimentos judiciais. Faça o acesso ao sistema de justiça disponível para todos.
Acabar com os monopólios da mídia e com sua interferência na política. Tornar a mídia acessível aos cidadãos e garantir uma pluralidade de opiniões. Acabar com a propaganda editorial
Garantir a liberdade dos cidadãos através da inclusão na constituição de uma proibição total da interferência do Estado nas suas decisões em matéria de educação, saúde e família.
3. Saúde / Meio Ambiente.
Não mais ‘obsolescência planejada’ — Garantia obrigatória dos produtores de que seus produtos durarão 10 anos e que as peças de reposição estarão disponíveis durante esse período.
Proibir a influência das grandes farmacêuticas na saúde em geral e Hospitais em particular
Proibição de plantações de OGM, pesticidas carcinogênicos, desreguladores endócrinos e monoculturas
Reindustrializar a França (reduzindo assim as importações e, portanto, a poluição)
4. Relações Exteriores.
Acabar com a participação da França em guerras de agressão no exterior e sair da OTAN
Cessar a pilhagem e interferir — política e militarmente — em Francafrique, que mantém a África pobre. Imediatamente repatriar todos os soldados franceses. Estabelecer relações com os estados africanos numa base de igual para igual
Evitar os fluxos migratórios que não podem ser acomodados ou integrados, dada a profunda crise civilizacional que estamos experimentando
Respeitar escrupulosamente o direito internacional e os tratados que assinamos.

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