sexta-feira, março 29, 2019

Olavo de Carvalho sendo debatido: Morning Show - 18 mar. 19

Tem que assistir para entender o que segue abaixo:
Gostei da visão do Denis Russo Burgierman, quanto ao Flávio Morgenstern que acha que não existe isso de “livre pensador” depende… Ele vê como impossível porque quando alguém se diz assim, ele próprio já está vinculado a uma linha de pensamento. Estranho porque, na verdade, mesmo quando alguém está em uma linha de pensamento ou adota pedaços de um conjunto estruturado como se estivesse em uma floresta tentando se erguer agarrado a cipós.
Mais estranho ainda quando gente assim defende projetos como o #EscolaSemPartido que se vincula a escolas, mas o que contradiz completamente sua premissa de neutralidade. E se conversarmos com sua militância, o mito de neutralidade persiste. E não estou aqui advogando isso, mas justamente porque este tipo de partidário ou “intelectual de partido” ignora solenemente o conceito de “objetividade cientíica”.
Gente como Flávio, que acha que o #ForoDeS.Paulo é algo efetivo ignora os meandros da política. Se esta organização não tem mais o poder que tem, isso se deve à oposição intelectual de um microcosmo da vida em sociedade que são os novos direitistas ou pelas contingências mais propriamente econômicas que levaram à derrocada desses regimes, tais como Kirchner, Dilma etc.?
Quanto à educação é fácil colocar gente melhor do que já existia, simplesmente porque o que existia era de uma incompetência só, mas o fato de Vélez ser um intelectual com préstimo na educação não o torna, necessariamente, um ministro eficaz. Agora, verdade seja dita, os militares fazem bem em boicotar gente que fala muito, mas não tem noção nenhuma de como aplicar absolutamente nada. Imagine deixar o Enem nas mãos de criacionistas que se opõem à marxistas? Trocar o marxismo pelo criacionismo é a mesma coisa que 6 por meia dúzia.
Olavo é um solipsista megalomaníaco que não revê suas posições e quando posto contra a parede, não faz mais do que criar “remendos teóricos” que é a mesma coisa que sempre fez o marxismo, ao contrário de adotar a premissa popperiana de que quando inútil uma teoria, ela tem que ser jogada fora ou, ao menos, seu “núcleo duro”.
Quanto à rejeição de europeus às políticas imigratórias, ok, neste ponto eu concordo com Flávio, mas não dá para generalizar isto tudo sob o rótulo fácil de “anti-Globalismo”, mesmo porque esta premissa, o “Globalismo” é um espantalho metodológico similar ao que Esquerda sempre utilizou ao se referir aos “manipuladores do mundo”, os “imperialistas”. É o mesmo cacoete e não me causa espanto que um ignóbil como Olavo de Carvalho lance mão desse recurso, uma vez que seus anos de adepto marxista (ele mesmo já disse ter tido aproximação com o PCB) fez com que ele se desvinculasse dos objetivos, da utopia, do agir, da praxis, MAS NÃO da metodologia que ainda permanece como esteio de suas péssimas análises políticas.
Seria bom um retorno à História para ver que organizações muito mais poderosas como a criação do Bloco dos Não Alinhados pela Conferência de Bandung em 1955, na Indonésia não resultaram em nada efetivo, quanto mais um bando de incompetentes (ainda bem!) nesta bobagem chamada de Foro de S. Paulo. Analogamente, a Ucrânia hoje (domingo haverá eleição presidencial) luta contra a influência russa (que financia, inclusive, uma guerra no leste e já anexou a Crimeia) por alguns motivos, como participar da União Europeia, uma das organizações “globalistas” no linguajar desses teóricos sem base empírica. O que gente como o Flávio precisa entender é que não é porque há linhas e políticas danosas para as sociedades ocidentais que outros benefícios de se vincular a tais organizações não tenham que ser levados em consideração. Achar que os governos nacionais se tornarão meros títeres de um polvo com tentáculos em tais organismos, pois é esta a imagem que subjaz nesta análise política miserável que os heredeiros de Olavo, “pensadores não livres” se aprisionam confortavelmente.
Denis matou a charada, de que a mídia era chamada “de direita” e que hoje, a Direita também faz o mesmo chamando-a “de esquerda” e, em seguida, Flávio pergunta se ele “acabou de confirmar a tese?” Ora, isto não é argumentar, mas usar de um artifício para por em dúvida seu interlocutor dizendo que ele está dizendo o que NÃO está dizendo. Agora, francamente, a unificação do discurso, da narrativa não torna o mainstream midiático, uma organização centralizada. Quanto à defesa de “teses globalistas” ou melhor, do “progressismo” (termo melhor) é sim fato, basta ler e ver o que concluem. No entanto, isto faz parte de um movimento que, como tal, é anárquico tendo sido construído ao longo dos anos, décadas mais propriamente.
Agora cansa ouvir rótulos como “globalismo” e “progressismo” como se fosse uma auto-explicação.
Denis volta a acertar ao falar do “capitalismo de compadrio”, conceito que diz mais do que falar em socialismo para entender nossa realidade. É uma grande diferença ouvir um analista com os pés no chão, que sabe ler dados do que alguém que tenta encaixar dados que busca seletivamente numa caixinha com moldes diferentes a guisa de teoria.
E sejamos honestos, eu entendi a equiparação entre PSOL e NOVO feita pelo Denis, os dois têm estatutos que coíbem (não sei até que ponto…) a cooptação política. O que, diga-se de passagem e que FIQUE CLARO, não me obriga a concordar com os projetos do PSOL, partido, teses, políticos que abomino pelo que acreditam e propõem.
Mais uma coisa que cansa, Flávio perguntar “quem é de direita?” Ao Denis responder “Leandro Narloch”, Flávio fala que ele “é liberal, não de direita”. Ou seja, ele presume que haja uma definição clara do que seja “de direita”, termo que junto com “esquerda” são totalmente relativos. Totalmente.
Também não conheço Slavoj Zizek para opinar sobre o que ele, realmente, disse, mas minha impressão é que o Flávio segmentou suas falas para ridiculariza-lo DA MESMA FORMA que acusou de fazer os detratores de Olavo.
Quase no fim, enquanto o Denis contextualiza as afirmações do ignóbil Olavo sobre a Terra Plana, o Evolução, Einstein etc., Flávio interrompendo-o, deselegantemente, diz que o filósofo só contesta se o que Darwin diz foi mesmo assim… Ora, para quem tem o mínimo de leitura sobre o assunto sabe que Darwin está longe de ser a última palavra sobre a Evolução (até porque foi uma das primeiras) e que várias contribuições aconteceram após seu trabalho, fundamental, diga-se de passagem.
Não sei quantos pontos Denis já ganhou nesta discussão, perdi as contas, mas perto de acabar, assevera: “ele (Olavo) tem o respeito de quem está alinhado ideologicamente com ele”. Preciso, não preciso complementar, mas lá vem Flávio, se confundindo todo “vou provar que você está errado, eu não concordava com o cara, fui lá e vi ‘é, ele ‘ta certo’ “. Ora, isto não é o oposto do que disse o Denis, aliás, se em um segundo momento, Flávio concorda com o sujeito e daí passa a admirá-lo SÓ COMPROVA o que Denis disse. Realmente, olavismo faz mal ao entendimento. Parece um fungo no cérebro…
Ah! Quase ia me esquecendo, no primeiro vídeo, Flávio comentou que o Brasil “é um país afastado de tudo, da Europa” etc., ou seja, dos grandes acontecimentos políticos querendo com isso mostrar como não estaríamos “por dentro dos acontecimentos mundiais” suponho eu. Bem, caro Flávio, coitados dos australianos então…
Sabe, narrativas de Direita simplistas não são a solução contra outras narrativas simplistas, de Esquerda. E claro, não poderia deixar de finalizar com…
#OLAVONÃOTEMRAZÃO
Anselmo Heidrich
29 mar. 19

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