terça-feira, outubro 15, 2013

Tolerância ∞ e entropia social

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João e Paulo (por @diegoquinteiro) http://diegoquinteiro.com/joao-e-paulo/

O conto acima de Diego Quinteiro pressupõe uma explicação/teoria que parece lógica, mas não é, pois deixa detalhes importantes de fora. Se a causa da criminalidade fosse assim, fruto da desigualdade social os principais criminosos, os que dirigem máfias organizadas viriam das classes mais baixas, assim como teríamos muito mais criminosos do que temos porque ainda há uma imensa população que pode ser considerada pobre. O fenômeno da Classe C, uma classe média ascendente é muito novo e se a desigualdade fosse causa principal do crime teríamos a maioria dos pobres trilhando este caminho. Note que atribuir, a priori, a criminalidade ao pobre é, antes de tudo, preconceituoso, pois se esquece de ver que a maioria é constituída por trabalhadores que ralam para manter sua economia doméstica em dia. Para quem assiste canais de documentários como o ID – Investigação Discovery – sabe que há psicopatias que induzem ao crime. E boa parte dos crimes violentos é causada por doentes mentais, o que não quer dizer que não mereçam penalidades, só que estas incluem tratamento. Na maioria dos casos, pelo que sei, não há cura para isto, mas tratamento constante que implica em manter o interno recluso, apartado da sociedade ou com liberdade condicional porque ele oferece risco. Por outro lado, ao nos referirmos aos crimes sobre o patrimônio, furto etc., esses têm mais a ver com educação. Só que esta é muito mal entendida hoje em dia... Por educação me refiro ao condicionamento social mesmo. Veja que nós estudamos e trabalhamos porque (a) gostamos, (b) pode nos trazer benefícios, inclusive financeiros, (c) aumenta nossa auto-estima etc., ou seja, há uma série de incentivos pelos quais batalhamos diariamente. Estes seriam fatores preventivos que evitariam que o indivíduo fosse atraído para o mundo do crime. São importantes e com o lixo de educação pública (e também particular) que grassa no Brasil de hoje é verdade que não temos sido eficazes nesta parte da equação. Mas, mesmo que funcionasse bem ou, ao menos, melhor do que o caos instaurado hoje em dia, mesmo assim, não bastaria. Veja bem, eu não disse que “não serviria para nada”, mas que NÃO BASTARIA. Qual a diferença? Que a outra parte da equação, desde tempos imemoriais é que é necessário PUNIR, como estratégia de dissuasão para aqueles que a educação/condicionamento social não basta. E te pergunto, qual a força disto quando se sabe que até atingir a maioridade penal, alguém não será punido com encarceramento como qualquer outro assassino ou ainda terá sua punição (medida socioeducativa) sensivelmente abrandada? Além da impunidade que existe neste caso, o assassino jovem tem aí um forte incentivo ao crime, sobretudo ao assassinato porque ganha status perante colegas de quadrilha e gangue.
Quanto ao consumismo ser fator de desigualdade e crime é um equívoco. Isto é coisa de socialista redistributivo, para ser redundante, pois socialistas gostam de fazer caridade com o dinheiro alheio mesmo... Em primeiro lugar, o consumo sustenta e pode ampliar o comércio gerando empregos, isto é, diminuindo a pobreza. Ainda reduz o preço dos produtos devido a maior escala da produção permitindo o acesso aos produtos outrora restritos a uma minoria. Então é o contrário, exatamente o contrário do que diz o cérebro esquerdista. Agora, se a ostentação do consumo for causa de inveja, se há gente boçal que não sabe comprar e consumir sem se exibir, este é um problema de cultura que, definitivamente, não é o caso da maioria. Basta perceber ao teu redor, teus vizinhos e amigos, a maioria não age assim. Quando um garoto paga sua academia para praticar boxing, está consumindo e investindo na saúde, segurança, bem estar e condicionamento físico. A rigor, não está se exibindo, mas seguramente deve haver muito pitboy em academias que faz para ameaçar e se exibir. É justo pegar o exemplo negativo para condenar todos os outros? Claro que não. Agora, no dia das crianças dei brinquedos baratos para meu filho, porque são muito legais, carrinhos hot wheels para eu brincar junto com ele (custam menos de 5 reais!) e que na minha época eram muito mais caros. Ainda são importados, mas estão cada vez mais acessíveis. Também comprei giz de cera e papel porque ele adora desenhar etc. Estes brinquedos não são para ostentar, mas para brincar, aproximar pai e filho, aprender com o aspecto lúdico etc. 
Um economista antigo chamado Frédéric Bastiat disse certa vez que “se os produtos não atravessarem a fronteira, o soldado o fará”. O que ele dizia é que se não houver comércio entre as nações há guerra, invasão, possessão. Analogamente, para evitar que haja uma guerra social, como a que assistimos no Brasil, o comércio (consumo) tem que ser incentivado e, nosso governo deveria começar reduzindo impostos sobre o comércio e atividade produtiva, bem como desburocratizando estas atividades. 

Negar esta liberdade é que é incentivar o crime.

2 comentários:

  1. Anônimo10:46 PM

    Seu blog é muito bom. Oferece uma opinião diferente, com reflexões que é difícil encontrar em outros lugares.

    Quando você não escrever mais por aqui, não apague seus textos. Se for possível, salve-os e disponibilize-os para download.

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    1. Obrigado pelo elogio. Escreva sempre que quiser. E, normalmente, não apago os posts não... Quanto aos downloads sinta-se a vontade para fazê-los desde que, é claro, citando fonte e autoria quando publicá-los.

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