EM NOTA DIVULGADA em março de 2014,
a Agência para Refugiados da ONU (ACNUR) informou que os conflitos armados,
notadamente na Síria e no Iraque, bem como outras violações de Direitos Humanos
elevaram o número de pedidos de asilo para seu maior número em 22 anos.
O número de pedidos de asilos
aumentou 45% de 2013 para 2014 (866.000) não superando (ainda) a marca de 1992,
por conta da Guerra da Bósnia. Os primeiros colocados em números de pedidos
foram os sírios seguidos pelos iraquianos e, em terceiro, os afegãos seguidos
por sérvios, kosovares e eritreus. São dezenas de milhares de pedidos.
O aumento do número de pedidos de asilo
não se distribui uniformemente entre os países com políticas favoráveis ao
acolhimento, a maioria dos refugiados, 60% escolhe cinco países: Alemanha, EUA,
Turquia, Suécia e Itália.
Se fizermos uma avaliação
proporcional, alguns países recebem muito mais do que os outros. Por exemplo,
entre 2010 e 2014, a Suécia recebeu quase 25 pedidos de asilo por 1.000
habitantes, seguida por Malta, Luxemburgo, Suíça e Montenegro. Com exceção do
primeiro, os outros são pequenos e microestados.
Entre os países desenvolvidos, a
Austrália, país que não sabe o que é uma recessão há mais de 25 anos teve uma
queda de 24% no número de requerentes de asilo de 2013 para 2014.
Há mais de dezenas de milhões de
pessoas que por violência de estado ou grupos civis é obrigada a se deslocar.
Enquanto que falamos de pedidos de asilo a um seleto grupo de países, não
estamos comentando aqueles que se deslocam internamente
nos próprios territórios nacionais, mais de 33 milhões neste grupo contra cerca
de 16 milhões do primeiro, segundo números de 2013.
Consideremos os seguintes pontos:
• A
maioria desses refugiados não vai em busca de melhores oportunidades de
trabalho em um primeiro momento, mas foge de guerras;
• Com
exceção dos próprios países e governos de origem, os maiores fomentadores
desses conflitos em escala global são países do Oriente Médio, Estados Unidos
da América e Federação Russa;
• EUA
e Rússia estão entre os destinos dos requerentes a asilo político. Mas, eles
não recebem a maioria dos envolvidos nas guerras do Oriente Médio ou África e
sim, mexicanos e centro-americanos para os EUA e ucranianos para a Rússia.
Agora preste atenção: se houvesse
algum critério de justiça nesta história toda, os principais destinos de
asilados, refugiados, imigrantes tinham que estar relacionados a quem fomenta
os conflitos que deslocam estas pessoas, independentemente
de quem quer que tenha razão, sejam eles americanos, russos ou outros.
Portanto, se outros países que não
se incluem neste rol de relações, como a Suécia, p.ex., participa disto só pode
ser por uma das três alternativas abaixo:
(a) Tem
uma enorme sensibilidade com o sofrimento alheio e espírito de solidariedade
para com o próximo;
(b) Precisa
urgentemente de mão de obra barata sem grandes requisitos de qualificação;
(c) Alguém
dentro daquele país está ganhando muito dinheiro com o repasse de recursos aos
refugiados, pois atividades desta espécie apresentam muitos intermediários.
Se for a ‘A’, sinto muito, caro
sueco, não dá para ajudar o mundo sem forçar quem também deve fazê-lo.
No caso de ‘B’, isto é a receita
certa para se criar uma sociedade pautada na desigualdade e presença de
“oligarquias”, como temos no Brasil;
Se for ‘C’, vocês estão fazendo o
papel de perfeitos... Bem, vocês sabem o que quero dizer e isto não é tão
improvável quanto se pensa.
***
Uma pequena nota... Querer ajudar o
próximo é uma atitude correta, mas ela tem, necessariamente, de vir acompanhada
de algumas condições: ajude o próximo a trabalhar e não conceda ajuda de custo
por tempo indeterminado (assim você estará estragando o próximo); qualquer
mistura cultural é como genética, bem vinda, desde que uma cultura estranha não
tenha as características de uma célula cancerígena colocando todo o sistema em
risco; mesmo quando uma mudança de rumos ocorre, seja no nosso cotidiano ou em
grandes processos políticos, ele tem que ser gradual e adotado em doses
homeopáticas, para que o organismo não sofra com a mudança e os novos elementos
possam se adaptar ao padrão cultural da maioria, não pondo em risco a sociedade
que lhes acolheu. É impossível amar alguém de modo eficaz sem ter amor próprio.
Pense... Como vai se ajudar quem desmaiou no caso de despressurização em um voo
se você não colocar a máscara de ar primeiro? Quer desmaiar junto e morrer
“igualitariamente”?
O contrário disto não é amor e sim
estupidez.
Anselmo Heidrich
[*]
Texto adaptado de Asylum applications in
industrialized world soar to almost 900,000 in 2014. http://www.unhcr.org/5512c51e9.html,
em 05 julho de 17. E aqui anexos do relatório: Report e Annexes [Excel
tables -zip file].
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