sexta-feira, maio 03, 2019

Para quem quer a guerra com a Venezuela


Você apóia uma intervenção militar na Venezuela para depor Nicolás Maduro?
Em primeiro lugar, não tenho nenhum apreço por este sujeito e sim, asco. Mas não é disto que se trata…
Para apoiar uma intervenção, a primeira pergunta que se põe é:
1ª) Qual o grau de apoio INTERNO à grupos ou exércitos estrangeiros?
Parece óbvio que sim, mas a pergunta não foi respondida: eu quero saber o percentual de apoio ou uma mera estimativa. Porque, meu amigo, se não for significativo, por melhor que sejam tuas intenções, tu serás visto como um INVASOR.
Seguem outras questões derivadas:
2ª) “Matar o elefante é fácil, difícil é remover o cadáver”, já dizia Mikhail Gorbachov… Como vc pensa em administrar o país após invadi-lo e matar milhares (supondo que sejam poucos a matar)? Ou vc pensou que não haveria resistência?
Uma maneira mais branda de fazê-lo é obter apoio INTERNO, mas isto significa negociar com as mesmas forças (militares, sobretudo) que apóiam Maduro, para que elas o abandonem, que é o que Juan Guaidó tentou, sem sucesso fazer.
3ª) Qual o montante de recursos que se pretende dispender nesta empreitada? Sim, tudo custa, tudo tem custo e a ocupação pós-ataque é cara. Talvez seja bem melhor investir numa infraestrutura de defesa fronteiriça e para receber os refugiados de uma guerra civil que se avizinha.
4ª) Quanto ao custo comece pensando também na tecnologia militar. Embora o Brasil tenha um maior exército (até onde sei), a Venezuela conta com um aparato, principalmente aeronáutico melhor que adquiriu da Rússia, o que será essencial numa região desprovida de estradas. Como pensamos em invadir? Por terra que não será o caso. Quem pode fazer melhor, a partir do Caribe são os EUA. O que o país de Donald Trump tenciona fazer ou vamos entrar de cabeça nessa sem sentar a mesa no Pentágono? Por acaso alguém aqui joga xadrez? Quem quer ser o peão? Então, sem uma estratégia conjunta, como um plano de empresa, detalhado ponto por ponto é tolice entrar nessa.
5ª) Quer mesmo retirar Maduro do poder? Contratem assassinos e ponto. Mas lembre-se que só isto não basta, pois retirar Maduro não é retirar o chavismo, que permance vivo e forte matando e destruindo pessoas e a economia. Então, paralelamente aos planos de depor Maduro, as negociações com os militares, inclusive de anistiar assassinos que vinha fazendo Guaidó – o autodeclarado presidente interino da Venezuela – têm de continuar.
A situação do país não é confortável, nem para a oposição de Juán Guaidó, nem para Nicolás Maduro que se viu enfraquecido na útlima manifestação na semana passada. Inclusive, a repressão, em que pesem as cenas brutais de blindados esmagando pessoas, foi mais branda que em anos anteriores.
A Venezuela continuará sendo apoiada por lixos humanos como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias do PT, assim como idiotas úteis que admiram um cínico como Mujica, ex-presidente do Uruguai quem disse que não deveriam ficar na frente dos tanques para não serem atropelados por eles, algo como “se não quer se estuprada não use roupas sexy…” Mas eu não importo com a opinião de babacas, eu me importo com a opinião de gente íntegra, mas mal informada: o que você pensa sobre isso? Lembre-se quantos anos os EUA ficaram no Iraque após atacar as tropas de Saddam Hussein em 2003? SETE ANOS. Agora se pergunte sobre o custo e imagine o que teríamos que gastar.
E uma última consideração:
Se tudo der certo, Maduro é deposto, os militares, pelo menos a maioria se convence de que têm de mudar de lado, a economia começa aos poucos a reagir, o que vc acha que pensarão os venezuelanos, milhares que tiveram parentes mortos por brasileiros? Os EUA estão longe dali, Maduro provavelmente estará morto, mas a fronteira será permanente e o contato conosco idem. Vc acha que isso não trará consequências?
Por fim, não sou um pacifista nato. Acredito que se desejo a paz, devo me preparar para a guerra, mas assim como nas relações pessoais, a violência deve ser o último recurso. E nem todas as fichas foram esgotadas nesse jogo macabro.
Ainda outra coisa: se a guerra é desejável, te aliste. Vá no lugar do teu e do meu filho. Isto é o mais honesto que se pode fazer.
Anselmo Heidrich
3 mai. 19

Imagem: Reunião Bilateral Brasil-Venezuela, 11 set. 2018
Fonte: https://www.flickr.com/photos/ministreiodadefesa/43923265824/

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