quinta-feira, janeiro 10, 2013

Weber coletivista?

FRIDAY, DECEMBER 11, 2009

Weber coletivista?


É certo que um individualismo metodológico não significa um individualismo ético. Como alemão, Weber dificilmente aceitaria o segundo, mas sua posição política, ou melhor, sua ‘metodologia’ política está mais para a liderança, força, domínio de um Nietzsche que um democrata estaria para a sociedade ou um socialista para o partido. Equipar Weber aos coletivistas é sofisma ou desconhecimento. Absurdo. 
Absurdo análogo é argumentar que o ‘coletivismo’ de Weber estaria em seu trabalho de idéias sobre estratificação social que foram previamente desenvolvidas por Marx. Admitamos que sim, que Weber teria se baseado em Marx... O que não foi o caso, ao menos para mim. Seu método é totalmente distinto, de forma que trabalhar um mesmo objeto não significa nada. Seria o mesmo que dizer que alguém está “se baseando” em outro por estudar o mesmo assunto ou caso. 

Comecemos pela filosofia da história contida em Marx, que é teleológica e não há nada semelhante em Weber, exceto por resquícios de um “eterno retorno” nietzscheano. 

Enquanto que Marx disse que “a história da humanidade é a história...”, bem, vocês sabem, Nietzsche disse “quanto ousa, quanto suporta um espírito” e Weber, por sua vez, baseado neste (e não naquele) disse “faço ciência para saber quanto posso suportar”. Claro está que para o primeiro existe um caminho (previamente traçado) e para os outros dois, nada disto.

Se alguém acredita em Weber defensor da neutralidade axiológica leia A Ação Social do sociólogo, onde discute metodologia científica. Ele desdenha desta discussão e propõe outra, a objetividade científica (no que antecedeu a Popper).

E quanto a acusação de sua predileção por um líder carismático. Ele faz uma defesa do grande líder em uma sociedade sim, mas uma sociedade burocrática. Isto porque para quem entendeu seu tipo ideal que não tem a ver com “ter um ideal” no sentido de projeto, utopia, mas sim uso de um modelo puro que nunca se manifesta assim na realidade, sendo casos extremos com o intuito de comparação para entender o que normalmente ocorre, a saber, formas mistas. Decorre disto que é possível para Weber adotar um pragmatismo enquanto que não vê “pureza” ou “ideal concretizado” em nenhum modelo. Neste sentido é fundamental a leitura do (pequeno grande) livro Ciência e Política: duas vocações.

As opções e posições são posteriores. Este, aliás, é o princípio de tudo que nos ensinou Weber, o maior pensador do século XIX e XX.

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