sexta-feira, abril 12, 2019

Putas, Palhaços e Hipócritas


O saudoso Janer Cristaldo, o melhor cronista que conheci, escreveu um texto sobre o “tutear” na Suécia. A substituição do tratamento formal por apenas o “tu” para todo e qualquer vivente. Vocês podem conferi-lo aqui: http://cristaldo.blogspot.com/2014/04/sobre-tutear-nos-dias-em-que-vivi-em.html
Lembrei-me dele exatamente por um comentário do radialista “Fifito” no programa Morning Show da Jovem Pan, no qual ele critica Danilo Gentili por tapar as letras “D” e “E” de “deputada” quando mostrou a intimação que recebeu por ofendê-la. Ou seja, aproveitou a deixa para ofendê-la novamente. Eu não gosto desse tipo de humor, mas a verdade é que a deputada Maria do Rosário é uma hipócrita, como eu e muitos outros já escreveram e a sentença pesada de seis meses de cadeia se refere mais ao fato dele ter picotado a ordem judicial e esfregá-la no saco. Informaram-me que isto consta, inclusive, na sentença, provavelmente não com estes termos pouco singelos.
Mas, qual forma de tratamento é adequada a uma “puta”. Goste ou não goste delas, tenha ou não usado seus serviços, o que fazem não me diz respeito, da mesma forma que quem mantém sua fé bizarra em alguma espécie de “criador”. Sim, eu estou equiparando e se não gostou pode parar de ler porque vai piorar…
Exceto se a atividade de profissional do sexo me importunar, como quando fazem ponto em frente a casa dos outros, o que elas praticam não me incomoda. Da mesma forma se um palhaço faz palhaçadas sem graça, exceto se for comigo, no que já retribui com cara de vômito em seus olhos. Mas nunca, seja por isto ou aquilo, eu desejei que fossem encarcerados por meio ano de suas vidas. Sabemos que a pena vai ser convertida em outra forma, mas o recado de poder do Judiciário que se viu ofendido pela ordem judicial desprezada foi dado. E o “ninguém está acima da lei” serve como mantra seletivo, já que aqueles que acusam o Presidente de “fascista” não serve.
Presidente com “P” maiúsculo, sim, mas não por admiração e sim por formalidade já que se trata de uma instituição. Já quando vier escrito “presidente Jair Bolsonaro” ou “presidente Temer” ou “presidente Lula” deve vir com minúscula para desassociar o cargo da pessoa. O nome pessoal vem com maiúscula, já o cargo nesse caso, apenas passageiro não é uma instituição, apenas uma função. Esta é a forma republicana de se redigir, nem sempre seguida a risca, como quando nos referimos à títulos nobiliárquicos: o Papa Bento XVI ou o Papa Francisco são igualmente “Papa”, pois aí a figura não é de um cidadão com direitos políticos que foi eleito para tal, mas alguém que detém o cargo por uma tradição que corresponde ao estado. Vejam que eu me traio, pois acabei de escrever “estado” com “e” minúsculo mesmo, pois não o concebo acima de “sociedade”, ambos com iniciais minúsculas. A mesma regra vale para reis, como Rei tal e tal etc.
Se formos rigorosos neste quesito não devemos chamar o ditador, de facto, Nicolás Maduro de “ditador”, mas de “presidente”, como “presidente Nicolás Maduro” ou, simplesmente, “Presidente”. Deu nojo? Sim, para mim também, mas se formos ser formais, esta é a regra, a função de presidência não está dissociada do estado de direito ou Estado de Direito no qual a instituição foi forjada e goste ou não goste, as regras correspondem às da Venezuela e não ao meu senso próprio de justiça universal. Como nem sempre ando de terno em casa, na verdade ando mais de cueca mesmo, eu escrevo “ditador feladaputa” para Maduro, diferente de quando escrevo em algum periódico que exige um mínimo de formalidade institucional. Ensino meus filhos a falar corretamente e dizer palavrão só comigo (não com a mãe, que já me olha torto).
Então, como dizia, a deputada aí teria mais ou menos valor do que uma puta? Formalmente, o mesmo valor, pessoalmente vai do gosto de cada um. Eu já a chamaria apenas de “deputada”, pois sei como tratar com putas, mas não com quem usa seu posto de poder para vinganças pessoais.
Não parei ainda. Se vale para Chico, também vale para Francisco…
Por isso mesmo, quando um presidente ou o nosso Presidente usar uma conta pessoal em rede social para atacar ou se defender de alguém de forma informal, ele está abdicando dos procedimentos protocolares sem perder sua imunidade como político. É como eu entrar em uma boate e pedir para se afastarem porque quero dançar sem esbarrar em ninguém. Eu estou deslocado e desloco quem quer que seja porque tenho maior poder. E isto não é uma formalidade, mas um fato.
E a desigualdade de poder em termos institucionais pode até ser legal, mas em se tratando de liberdade de expressão, ela não é justa.
É injusta porque permite que um parlamentar se exceda chamando outro (ou a nós) de “fascista” que é algo bem pior do que “puta”.
E os palhaços ou humoristas ou bobos da corte? O pior que pode lhes acontecer… O que é? É ignorá-los e boicotá-los, como aconteceu com Rafinha Bastos quando fez uma piada escrota, absolutamente sem graça sobre estuprar uma mulher e, se não me engano, sua filha[https://inter-ceptor.blogspot.com/2011/07/toda-mulher-que-eu-vejo-na-rua.html]. Nada melhor do que uma multa para tocar essa gente onde eles têm sentimentos: no bolso. Mas ao proibir a venda de seu DVD, o MP fez um favor ao humoristas com publicidade gratuita. As pessoas simplesmente detestam quem lhes diga o que devem ou não ler ou assistir.
As putas, por sua vez só querem teu dinheiro e são honestas, exceto quando mentem dizendo “eu te amo” para cobrar mais caro. Daí, além de putas são hipócritas. Maria do Rosário pode ficar tranquila, pois não serve para humorista (não tem graça nenhuma), nem puta stricto sensu, pois com sua duplicidade ética, como quando defende Zé de Abreu ao cuspir em uma mulher que o criticara no restaurante e bradar contra o “machismo” ou como quando defendeu Lula de chamar as lésbicas de “mulher de grelo duro” e se dizer “feminista”, a torna só uma Hipócrita.
Daí sim, com “H” maiúsculo, pois sua condição não parece temporária.
Anselmo Heidrich
11 abr. 19
______________________________________________________________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário