Videversus: Professor preso por vender drogas a alunos em São PauloE aqui algo que já escrevi a respeito:
MONDAY, NOVEMBER 22, 2010
A importância da universidade na formação da mão de obra
Ou “a vida imita a arte”, escolham o título... Walter White (Bryan Cranston) é um ex-pesquisador em química que se torna professor no ensino médio e se vê acometido por um câncer terminal no pulmão. Atormentado por não conseguir deixar recursos para sua mulher e filho, portador de uma deficiência, entra para o crime produzindo anfetaminas de alta qualidade com um sócio, seu pior aluno, um marginal desajustado, mas com alguma réstia moral. A série Breaking Bad é muito boa, vale à pena assistir e se embrenhar no limbo que encobre a nítida separação entre o certo e o errado.Distrito Federal, dia 20 de novembro, o professor de química da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis e doutorando na Universidade de Brasília (UnB), Fernando Honorado do Nascimento foi preso sob acusação de tráfico de drogas. Apesar de não vendê-las diretamente, foi acusado de desviar matéria prima para fabricação em associação com dono de farmácia de manipulação. Vendo por este lado, sem conhecer seus problemas pessoais, todo traficante passa a ser encarado como o que é, um criminoso. Já, a liberação das drogas que parece eliminar este dilema, entre o caráter pessoal do sujeito praticante do crime e sua atividade confunde quando não se mantém o foco nas conseqüências da atividade. Sem legislação apropriada sobre as vítimas de traficantes e usuários, a cisão entre liberar ou proibição não tem solução lógica sobre o que é o melhor. Eu não partilho da visão por demais simplista de que a simples legalização do comércio de drogas pela simples adaptação dos traficantes e produtores a uma situação regular acabaria eliminando a violência causada pelas quadrilhas do tráfico. Os efeitos de uma sociedade acometida por um crescente número de viciados não pararão por aí.
Distrito Federal, dia 20 de novembro, o professor de química da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis e doutorando na Universidade de Brasília (UnB), Fernando Honorado do Nascimento foi preso sob acusação de tráfico de drogas. Apesar de não vendê-las diretamente, foi acusado de desviar matéria prima para fabricação em associação com dono de farmácia de manipulação. Vendo por este lado, sem conhecer seus problemas pessoais, todo traficante passa a ser encarado como o que é, um criminoso. Já, a liberação das drogas que parece eliminar este dilema, entre o caráter pessoal do sujeito praticante do crime e sua atividade confunde quando não se mantém o foco nas conseqüências da atividade. Sem legislação apropriada sobre as vítimas de traficantes e usuários, a cisão entre liberar ou proibição não tem solução lógica sobre o que é o melhor. Eu não partilho da visão por demais simplista de que a simples legalização do comércio de drogas pela simples adaptação dos traficantes e produtores a uma situação regular acabaria eliminando a violência causada pelas quadrilhas do tráfico. Os efeitos de uma sociedade acometida por um crescente número de viciados não pararão por aí.
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Um comentário final para justificar o título deste post: canso de ver as pessoas falando em “educação” ao se referirem ao ensino, inclusive ao superior. Ora, ensino é algo técnico (ou ao menos deveria ser). É possível com ensino de alta qualidade formarmos criminosos melhores também. Para que se orientem bons profissionais em uma perspectiva moral correta, valores ensinados no passado é que são necessários, algo como Educação Moral e Cívica ensinada na época da ditadura. Isto é que é paradoxal... Como que um regime tido como tão errado, torturador etc. pôde fazer mais pelos nossos jovens que todo contexto atual de liberdade de consciência?
Anselmo: pra ser bem sincero, eu tenho sérias dúvidas quanto a capacidade do Estado de ensinar educação moral e cívica para crianças. Assim fosse, os militares e policiais militares, que são "formados" nesta doutrina, seriam exemplos de moralidade e civismo, o que não é, absolutamente, verdade. As boas maneiras e as más práticas estão igualmente difundidas em todos os segmentos da sociedade. Sinceramente, acho que a única instituição capaz de educar as famílias, para que estas eduquem as crianças, é a Igreja, ou melhor, as igrejas. Contudo, mesmo nestas instituições há uma forte decadência moral, cívica e ética, como é possível ver pelos noticiários. Isto é, no fundo, não há cura para falta de escrúpulos de nossa sociedade. PS: você viu que o "homem" que há alguns dias dizia ser um exemplo para o Brasil, o novo Ayrton Senna, está protegendo o filho mimado matador de ciclistas?
ResponderExcluirFernando, a escola é um espaço de socialização, mais do que ensino de conhecimentos específicos. Se ela não cumpre este papel e uma igreja sim, então que se imite as igrejas. Vou abusar de um argumento fraco, mas como sou bem mais velho que tu(!) peguei sim uma época em que se ficava horrorizado pelo comportamento afrontador de alunos, por parte dos próprios alunos e não só professores ou freiras (que nos visitavam, ocasionalmente). Havia injustiças? Por certo que sim. Não há perfeição, mas é na média que temos que focar ou nada é feito.
ExcluirQuanto ao Eike Batista, nunca o vi como exemplo, mas apenas um empreendedor bem sucedido, como todos os méritos e deméritos que esta situação pode acarretar no Brasil. E já desconfiei do sujeito quando li relatos sobre o filho e declarações do próprio. Nem precisou atropelar ninguém para eu antipatizar.
Por estas e outras que não acredito no libertarianismo ou egoísmo racional randiano, uma sociedade não pode ser mero resultado de um Homo oeconomicus rationalis. Weber, em seu tipo-ideal lança uma luz sobre isto, as ações são orientadas com fins, que podem ser racionais, substantivos (guiadas por valores) etc., mas não são tomadas por "agentes puros", i.e., são pessoas que agem ora segundo uma orientação, ora por outra e, não raro, pelas duas. Aliás, psicopatas é que são 'puros' não tendo remorso, sem conhecer nenhuma 'luz moral'.
"podem ser racionais OU substantivAs..."
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