domingo, julho 03, 2011

Uma carta surreal


         Nesta matéria, a Carta Capital faz o mais do mesmo, confunde tudo para eleger um culpado único. Da aprovação do novo Código Florestal brasileiro a ação da FAO e seu comprometimento de acabar com a fome na África, até a crítica aos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), tudo parece ser um conjunto de conseqüências que deriva da falta de vontade política.


Editor chefe da Carta Capital, 
Mino Carta não faz o verdadeiro jornalismo, 
apenas manifestos ideológicos.
         Se há alguma coisa nas ciências sociais que já é mais do que consenso é a ausência de causas que monopolizem fenômenos complexos. Atribuir interesses de grandes grupos às pressões pela mudança no Código Florestal, por exemplo, é muito simplista. Para começo de conversa, um “grande grupo” em termos agropecuários não sofre tanto com os 30 metros de área preservada nas margens de cada curso d’água quanto um pequeno proprietário. Proporcionalmente falando, isto é um estorvo para os pequenos, não para os grandes proprietários e empreendedores que, em suas terras, os 30 metros de cada lado se tornam uma pequena franja territorial.
         Quanto à África é o mesmo clichê de sempre, a falta de vontade dos políticos. Políticos são reflexos de sua sociedade e, no caso africano, o tribalismo ainda tem que ser levado em conta para explicá-la em muitos casos. Os grandes senhores da guerra podem comprar armas traficadas a partir de países ricos, mas esta disponibilidade também existe para outros continentes. Por que então é mais forte no caso africano? No continente africano, o exército é a instituição mais forte que a democracia ou o próprio estado. Daí querer achar que sementes disponíveis vão mudar todo esse quadro é ingênuo.
         Falando em sementes, uma coisa que não entendo é como podem acreditar que se aplaca a fome de centenas de milhões de pessoas com baixa produtividade? E não há hoje como atingir esta meta sem considerar os OGMs na equação.
         A Carta Capital parece ter perdido alguns padrinhos políticos, mas não cresceu desde então. Continua com a mesma chorumela inquisitória ao grande capital e ao desenvolvimento dos países ricos. Isto não é jornalismo, apenas manifesto ideológico datado.
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