(...) o autor reclama que esses intelectuais que pensam o nosso tempo estão ficando cada vez mais excluídos dos debates e que têm menor influência em seus respectivos campos disciplinares do que seria de imaginar à luz da projeção que encontram na imprensa. Para o momento, porém, quero destacar apenas que, como se vê na passagem citada, embora os intelectuais de esquerda tenham considerável projeção pública, a despolitização da academia se relaciona à “impotência geral” desses autores para elaborar propostas de ação ou mesmo de reflexão.
Ora, essa é exatamente uma das ideais que tenho defendido neste blog! Mas há uma diferença abissal entre Caillé e eu. Ele constata a impotência propositiva dos intelectuais que desejam mudar o mundo e lamenta que inúmeros estudiosos da sociedade tenham decidido investir em pesquisas mais pontuais e privilegiar métodos empíricos e quantitativos aplicados à modelagem matemática (daí ele falar em despolitização). Eu, porém, vejo nisso um processo absolutamente normal e bem-vindo em qualquer ciência, que é a substituição de métodos e teorias que se mostraram ineficazes por outros métodos e teorias de maior eficiência explicativa. E, se os pesquisadores mais jovens utilizam tais métodos para serem fiéis ao compromisso com a neutralidade política, tanto melhor! A dissolução das fronteiras entre método científico e retórica política está na base do fracasso dos intelectuais que Caillé admira.(...)
Tomatadas: Nossos intelectuais não pedem demissão!: Fui à biblioteca pegar um livro de epistemologia e acabei descobrindo um outro sobre o mesmo assunto cujo título me chamou atenção. Trata-s...
Também é fácil para este grupo de intelectuais engajados se apoiar nisto, na ação em detrimento do entendimento porque mascara a falta ou dificuldade de desenvolverem pesquisas sérias sobre qualquer coisa.
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