quarta-feira, agosto 03, 2011

Porque eu não gosto de Ayn Rand - 1





(...)
Ella quería un Estado pequeño, eficaz y transparente, que ayude a la fisiología social. Pero condenaba a los extremistas libertarios: son “hippies de derecha”, decía. El Estado, reducido a límites legales, racionales y beneficiosos de verdad, es positivo. Pero el Estado omnipresente es fascismo. La proclama fascista fue categórica e inolvidable: “Todo dentro del Estado, nada fuera del Estado”.
(...)
Las obras de Rand fueron denostadas al principio, como ya señalé. Molestaba su audacia. Sonaban como demoledoras de tradiciones y culturas. Pero quien no compartió esa opinión fue el público, que las convirtió en duraderos best sellers de numerosos países. Los expertos en literatura inglesa pretendieron ignorarla durante décadas. Igual sucedió con economistas, sociólogos y políticos. Fue calificada de egoísta e insensible. Pero el gran crítico literario Harold Bloom encontró a su obra lo suficientemente significativa para incluirla en su respetada antologíaAmerican W omen Fiction Writers.
Ayn Rand fue valiente y franca, original y seductora. No tuvo razón en todo y es probable que haya resbalado en varios puntos. Pero su mérito es indiscutible: dijo lo que muchos no se atrevían a manifestar y nunca dejó que la mareasen los elogios. “Un seguidor a ciegas es precisamente lo que mi filosofía condena y yo rechazo”, afirmó.


Não nego a franqueza de Ayn Rand, minha questão com a romancista, definitivamente, não é esta. Aliás, concordo que para países latino-americanos, não só a Argentina, mas o Brasil também, nos quais o discurso do público como tendo uma superioridade moral sobre o privado merecem doses cavalares de sua literatura. Porém, assim como o remédio de Welfare State é um veneno tão amargo capaz de matar o paciente que padecia da enfermidade da Depressão do anos 30, o mesmo se refere a sua filosofia. Ela deforma o espírito, limita a própria individualidade que julga defender sobre todas as coisas ao reduzi-la a um de seus aspectos, o egoísmo.
Vejamos, ela acusava os libertários de “hippies de direita” ao não perceberem a funcionalidade e eficácia de um estado enxuto, o que concordo integralmente. Nisto faço coro com Rand, libertários são ingênuos e só aceitam partir de um ponto de vista utópico sem reconhecer os ganhos de reformas graduais que podem conduzir a uma melhoria social com aproveitamento da estrutura estatal reformada. Fundamentalmente endossam um discurso do “tudo ou nada”, “agora ou nunca” que, sinceramente, é para adolescentes e nada constrói. Agora, o problema não está aí... Se Ayn Rand não enxerga um estado ampliado como solução, no que está coberta de razão, sua visão do indivíduo é de uma espécie inteira com comportamentos padronizados, como fica expresso no conceito que defende, o do egoísmo racional – como se o egoísmo por si só já não portasse sua racionalidade. Ela refuta um estado hegemônico na organização social, mas sua visão de indivíduo é a de um robô que parece ter saído de uma grande firma estatal com caracteres e ações padrões. Ela rejeita a possibilidade de que nem todos queiram ser seus super-homens econômicos racionais.
Certa feita vi um excelente filme Salada Russa em Paris, no qual um grupo de amigos consegue ser transportado de São Petersburgo diretamente para Paris a partir de uma passagem secreta e mágica. Posso estar errando em detalhes, já que puxo de memória, mas trata de uma excelente paródia sobre a ruptura com o socialismo e a total assunção sem ponderação de qualquer espécie dos cânones capitalistas em voga. Os russos se deslumbram com a possibilidade de consumo e de rapina, mesmo que para isso as crianças tenham que se prostituir. O protagonista, professor de música fecha o filme com um discurso simples e verdadeiro sobre a ética que não pode ser perdida.
Aqui está meu ponto, a “ética perdida” não é a ética socialista, de modo algum, mas algo que suplanta os sistemas socioeconômicos, pois está na base de uma cultura que se forma e sustenta tendo referências morais. Sem isto, mesmo a transição para um sistema inegavelmente superior em termos tecnológicos e de socialização e circulação das riquezas como é o capitalismo pode ser mal sucedida. E é precisamente isto que critico em Ayn Rand: indivíduos não agem bem só quando são egoístas. Na esfera da produção, a competição entre produtores, distribuidores e consumidores traz ganhos óbvios através da melhoria qualitativa e quantitativa, mas a vida não se resume à produção. Afirmar isto significa endossar um marxismo às avessas, um economicismo tosco que não compreende a sociedade como muito mais que um grande chão de fábrica ao lado de um shopping center.
Rand louva o egoísmo, mas esquece que indivíduos podem fazer muito em prol da sociedade sendo solidários não porque foram obrigados por algum estado, mas simplesmente porque lançaram mão de seu livre-arbítrio. E a liberdade de decidir o que se quer fazer é maior do que a liberdade competir ou de não competir, porque permite a mudança de tática, de postura, de ação conforme uma decisão individual e não a de um espírito de horda.
No filme supracitado há uma cena que não mais me esqueço, a de uma professora de administração que antes da ruptura soviética com o socialismo ensinava os cânones da mística marxista e, tempos depois, na mesma escola do músico após instaurada a Perestroika, discursava em prol do livre-mercado, da competição e do... Egoísmo. Na real, o objeto de seu discurso mudou, mas o modo de argüir, o método de apresentar a questão, o estilo, estética de apresentação etc., praticamente tudo ficara igual. Então a questão que proponho é a seguinte: o que mudou? Ou sendo mais específico o que impede que indivíduos possam ser competitivos em certos momentos para serem solidários filantropos em outros? Em essência, o que muda entre o egoísmo racional randiano e o coletivismo forçado dos socialistas, uma vez que ambos não admitem a variabilidade, flexibilidade e composição híbrida das ações individuais?

...

Nenhum comentário:

Postar um comentário