sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Tomatadas: Aziz Ab'Saber defende ideia medieval

“Aprender a contestar os idiotas”

Assim terminou a entrevista do Professor Aziz Ab’saber sobre a tragédia em São Luiz do Paraitinga. Sábio conselho! [http://acaoecosocialista.wordpress.com/2010/01/11/aprender-a-contestar-os-idiotas/]
(...) Engraçado, ele parece supor que, se a Vale continuasse estatal, nosso minério teria sido exportado a preços bem mais altos e o governo teria recursos para fazer a tal ponte. Por que isso não aconteceu durante as décadas em que a Vale foi estatal mesmo? E ele fala como se o preço internacional do minério de ferro fosse definido pela empresa exportadora a seu bel prazer, e não pela relação entre oferta e demanda, como qualquer outra commodity. Ora, se fosse assim, seria uma grande burrice uma empresa privada como a Vale vender a preços aviltantes o que podia ter vendido por muito mais.
Mas o pior mesmo é constatar que, à semelhança de Eduardo Galeano e de todos os nacional-populistas da América Latina, Ab'Saber pensa o comércio internacional com base numa doutrina defendida pela igreja durante a idade média, a saber, a teoria do preço justo (*). Trata-se da ideia, moralista e bastante simples, de que os preços dos produtos não devem ser estabelecidos por livre negociação no mercado, mas sim de acordo com a "justiça". (...)
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Não sei se o que queria Ab'Saber era que a Vale cobrasse mais pelo minério. Acho que ele supunha que se não fosse privatizada, o minério seria utilizado no território nacional. Como se já não o fosse...
Sabe, quando leio essa gente me dá a nítida impressão de que são crianças, pois os argumentos são similares. "Há sem-teto? Façamos casas para eles." Simples! Tudo muito simples. É como se não houvesse orçamento, como se não houvesse custos, como se não houvesse demandas diferenciadas, cadeias produtivas que as "malditas empresas" que eles tanto criticam, mantém para geração de milhares de empregos etc. etc. Óbvio que eu não sou favorável a alteração indiscriminada da paisagem natural, mas é por demais ingênuo, para não dizer tolo mesmo, que se queira desenvolvimento e geração de empregos, mesmo os ambientalmente sustentáveis, sem o mínimo de trabalho e alteração do quadro natural. Tenho várias críticas ao marxismo, mas este pessoal que bebe sem saber da fonte marxista precisa, urgentemente, lê-lo. Eles ficariam muito surpresos ao ver que o velho não tinha pudor algum em colocar seu antropocentrismo no norte de seu pensamento. Imaginemos a seguinte embromação retórica humanística: "superadas as contradições entre 1ª e 2ª naturezas, não haverá mais destruição ambiental". Quem não vê que esta sentença é vaga e abrange qualquer coisa, assim como inventa que na natureza existem 'contradições', enquanto que na verdade, nós temos ora associações, competições etc. Então, o que fazem muitos "cientistas sociais" é se esmerar na arte da metáfora.
Mas, certamente alguém aqui já viu proeminentes físicos, biólogos, médicos se definindo como 'marxistas', pois Popper explica isto muito bem em A Miséria do Historicismo, o marxismo passa uma falsa impressão de cientificidade e como estes cientistas são das ciências naturais e/ou exatas, eles procuram algo similar nas humanas que, diga-se de passagem, não existe da mesma forma, com o mesmo grau de exatidão. Portanto, acabam encontrando é um corpo teórico que, aceitadas suas premissas, porta uma lógica. Mas, não passa de embromação marxiana. Por outro lado, gente inteligente nas ciências humanas é raro e, raramente é de esquerda.

Um comentário:

  1. Acabei de ler a entrevista. Que trio, hein? Um geógrafo físico que vive a malhar o capitalismo sem ter conhecimento de causa, um melancia e um representante dessas entidades estudantis aparelhadas por partidos de esquerda. E o Ab'Saber conclui que é preciso saber contestar os idiotas... Como se ele mesmo não divulgasse ideias de idiotas latino-americanos quando fala de economia. Marx era mesmo um autor que via a natureza de forma antropocêntrica e deixava bem claro que a humanização do homem passava necessariamente pelo desenvolvimento das forças produtivas! Ele não concordaria com Ab'Saber e as organizações "verdes" que este inspira.

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